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Descolonização Francesa no Continente Africano e o Caso Argelino

Por:   •  18/10/2018  •  4.545 Palavras (19 Páginas)  •  307 Visualizações

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Antes mesmo do processo de colonização a África já detinha uma vasta quantidade de etnias e povos com diferentes culturas, tal sistema que foi quebrado pelos europeus com a partilha da África onde determinaram onde seriam suas colônias, unindo povos de diferentes raças desencadeando uma serie de conflitos e o surgimento de novas etnias. Devido à falta de mulheres brancas no local os colonizadores passaram a se deitar com as mulheres negras, dava-se inicio a uma nova etnia no continente (ABDALLAH, NISHIO, GONÇALVES, 2017).

A França detinha um grande poder de posses no ocidente e no centro do continente africano, os cidadãos franceses que se dispuseram a ir morar nas colônias apropriaram-se das melhores regiões, retiraram muitos nativos do local e passaram a dirigir as áreas comerciais e econômicas, fascinados pelas riquezas naturais presentes nos locais impuseram o trabalho escravo na região. Era de extrema importância para a França manter as províncias elitizadas, implantando nesse sistema sociocultural o francês e a religião. Na construção do Império Colonial Francês, a França utilizou da política de assimilação, na qual consistia no ensino da língua e cultura francesa aos autóctones[2]. Tal feitio gerou um grande descontentamento dos colonizados, em 1881 foi criado o Código Indigenato, tal tratado foi instituído nas colônias em 1884 gerando um sistema desigual político e social e que impedia a liberdade política e civil, como por exemplo, o direito de trabalho. No início do século XX as áreas que hoje representam Benin, Mali, Senegal, Costa do Marfim, Burquina Faso, Níger e Guiné já estavam sob o domínio francês, e com a vitória sobre a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, Camarões e Togo, que antes pertenciam à Alemanha, se tornaram possessões francesas (SENA, 2012).

A França também estendeu suas colônias ao sul do continente africano pelo Oceano Índico, tomando posse da Ilha de Madagascar que se apresenta como quarta maior ilha do planeta e mais extensa da África, a colonização da ilha se deu em forma de conflito, mas as forças residentes sucumbiram ao poder francês em 1885. Tais colônias francesas se mostravam importantes para a metrópole para a construção de um Império Frances que era visualizado como fonte de grande poder no sistema internacional, além de ser uma grande fonte de recursos naturais fundamentais para a sua confirmação como grande potência (SENA, 2012). O foco da França era obter vantagens econômicas com as colônias sem com que precisasse gastar com as mesmas. Deste modo foram criadas formas com que as colônias se autofinanciassem, um exemplo foi o sistema tributário. Por conta disso os investimentos realizados nas federações eram inteiramente ligados aos lucros podendo realizar atividades econômicas. Houve um vasto investimento econômico na infraestrutura da África ocidental francesa para que pudesse facilitar as exportações e o comercio de matérias primas, gerando uma grande barganha para o desenvolvimento da região. Diferentemente da África Equatorial Francesa onde esse tipo de investimento foi negado até o final da segunda guerra mundial, sendo realizados grandes esforços para a possível modernização do setor agrícola e a busca de novos recursos naturais, como o petróleo (COWAN, 1973 apud RUSSO, SCHÜTZ 2016).

Segundo Ferro “de 1913 a 1929 o Império foi o primeiro parceiro comercial e o primeiro ativo financeiro da França. Custava ao Estado, mas dava lucro no setor privado”. Melhor dizendo,

No período que segue a crise de 29, o comercio com as colônias tomam um papel ainda mais importante: Enquanto as exportações francesas destinadas a seus outros parceiros teve queda de 65,8% entre 1927 e 1936, as exportações destinadas ao Império colonial diminuíram 1,7%. Nos anos 1930 o mercado colonial absorvia cerca de 25% das exportações francesa e entre quinze e vinte anos mais tarde essa soma chegou a 50%tendo queda a partir de 1950 atingindo o percentual de 35% (SENA, 2012, p. 20).

Toda essa exploração levou a uma grande descontentação dos colonizados, fazendo com que reivindicassem seus direitos e solicitassem um sistema mais igualitário e exigiam o fim do Império Frances no local.

Figura 1: A África de 1911

[pic 1]

Fonte: 1 OLIVER & FAGE, 1962. Disponível em:

- Descolonização francesa no continente africano

O movimento de descolonização do continente africano teve inicio em 1944, antes mesmo de a guerra terminar, a metrópole já havia percebido o descontentamento das colônias e decidiu se reunir com os administradores coloniais para planejar algumas reformas, que fazia parte da necessidade da França (VISENTINI, 2007).

No período que se seguiu à Segunda Guerra, ocorreu uma série de reivindicações pela independência nas colônias, sendo elas em forma de manifestações e até mesmo conflitos. Em 1945 com o fim da Segunda Guerra Mundial a França e as de mais potências europeias assinam a Carta da Organização das Nações Unidas (Sigla: ONU), na qual houve uma grande pressão para haver proclamação de independência dos povos, com o intuito de conciliar uma maior autonomia sem que essa escapasse do controle francês.

A legitimidade colonial também foi abalada com a criação da ONU, quando as potências recém-independentes, à exemplo da Índia, ingressavam na organização e endossavam os protestos pela descolonização que emanavam das regiões ainda sob controle colonial. Nesse contexto, temos conferência de Bandung em 1955 como um claro exemplo da mobilização dos países então chamados de terceiro-mundo, ao passo que, na própria França, são criados sindicatos e partidos políticos pressionando a França a devolver a autonomia a suas colônias (SENA 2012, apud BIYIDI, 2006, p.22).

Enquanto ocorria a guerra se mostravam presentes grupos empresariais instalados na África os quais reivindicavam a independência das colônias, pois já mostravam uma grande autonomia no local podendo atuar nas colônias sem com que houve a intervenção direta da metrópole dando mais força para o movimento de descolonização.

Grande parte dos países europeus reconheceram a independência das suas colônias que por sua vez se tornaram países independentes, exceto o Império Francês o qual mostrou grande resistência. Em 1944 ocorre a Conferência de Bazzfile, onde foi prometido as colônias mais autonomia tendo como objetivo acalmar os sentimentos revolucionários e achar uma solução para que o poder não fugisse do controle francês. É nesse contexto entre 1946 a

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