LINGUA , PODER E ESCRITA

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É um verdadeiro acinte aos direitos humanos, por exemplo, o modo como a fala nordestina é retratada nas novelas de televisão, principalmente da Rede Globo. Todo personagem de origem nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rustico, atrasado, criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e do espectador. (BAGNO, Marcos 1997 p,44)

Por conseguinte, nota-se que a gramática escrita se diferencia da língua falada, uma vez que dificilmente escrevemos da mesma maneira que falamos, apontamos os ordenamentos jurídicos e o modo com que a escrita se associa a linguagem utilizada pela elite, isso nos leva a refletir sobre a monopolização do poder pelos governantes, a própria Constituição Federal de 1988, o maior livro de códigos que encontra-se no topo da hierarquia de leis a serem seguidas, nos traz uma linguagem normativa e culta, de difícil entendimentos pelas classes sociais baixas, como consequência as pessoas são privadas de seus direitos, não porque não tem acesso à eles, mas porque não sabem que esses lhe são garantidos, se entregarmos a CF à alguém que não tem a pratica de linguagem jurídica dificilmente essa pessoa terminará sua leitura com o mínimo de conhecimento necessário para cobrar o que tem direito.

Considerar a linguagem de quem detém o poder, como bela, correta, é algo que resiste ao próprio tempo, e é transmitido de geração para geração, isso faz com que os que se diferenciam desse modelo conveniente de se expressar sejam excluídos, como consequência cria-se uma padronização da língua que caracteriza quem está no comando, contribuindo para uma infinda luta de classes pois se a comunicação não liberta ela aprisiona. Fazendo uso das belas palavras de Paulo Freire, “o sonho do oprimido é ser opressor”.

Referências

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico que é, como se faz. Disponível em: . Acesso em: 23/05/2017 às 09:25.

BAUSSIER, Simone. Pequena História da Escrita. Disponível em: . Acesso em: 23/05/2017 às 08:10.