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Inteligência Artificial

Por:   •  8/11/2018  •  2.436 Palavras (10 Páginas)  •  240 Visualizações

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Em Miami, Luis Salazar, sócio de um escritório com cinco advogados, começou a usar o software da startup Ross Intelligence em novembro do ano de 2016. Com ele, Salazar consegue pesquisar processos semelhantes ao que tem em mãos, além de rever casos e oferecer uma lista das ações mais relevantes. Tudo isso por meio da inteligência artificial baseada no software Watson, da IBM.

De início um pouco cético, Salazar testou o programa e se impressionou: ele precisou apenas digitar um assunto qualquer na máquina, gastando apenas alguns parágrafos de texto e minutos de seu tempo. No dia seguinte, logo de manhã, a máquina da startup Ross devolveu um memorando completo de duas páginas, bem embasado e com linguagem jurídica afinada com os melhores memorando de seu escritório. “O sistema de memorando da inteligência artificial me deixou totalmente impressionado”, disse Salazar, logo após testar o serviço. “É assustador para mim. Se o programa ficar ainda melhor, acho que muita gente pode perder o seu emprego em breve

O ritmo de avanço da tecnologia é imprevisível. Há anos economistas especializados na área afirmam que o trabalho rotineiro, como o de uma fábrica, pode ser reduzido a um conjunto de regras possíveis de serem computadorizadas. Eles acreditam que profissões como a advocacia está mais segura, porque o trabalho do advogado tem como estofo a linguagem.

Mas avanços no campo da inteligência artificial já derrubaram essa ideia. Afinal, a tecnologia já permite a realização de tarefas rotineiras, como um exame cuidadoso de documentos à procura de passagens importantes. Assim, os grandes escritórios de advocacia, sentindo o risco há longo prazo, estão adotando iniciativas para compreender a tecnologia emergente, adaptá-la e utilizá-la.

No mês passado, por exemplo, o escritório Baker McKenzie criou um comitê de inovação para monitorar a tecnologia emergente. A inteligência artificial tem despertado um grande interesse, mas os escritórios hoje estão usando-a principalmente em tarefas como busca eletrônica e revisão de contratos. Temos como exemplo o escritório Dentons, que criou uma plataforma de inovação, a Nextlaw Labs, em 2015. Além de monitorar a tecnologia mais recente, essa unidade investiu em sete startups de tecnologia jurídica. Para John Fernandez, diretor de inovação do escritório, este é o meio de não se perder em meio a tecnologia. “Nosso setor está sendo afetado e temos de fazer alguma coisa por nossa conta e não sermos apenas vítimas da situação”, disse.

Esta inteligência artificial não é algo recente, vem sendo estudado há muito tempo. No ano de 2014, o banco Bradesco fechou um acordo com a IBM para ser o primeiro usuário no Brasil do Watson. Watson é um sistema de inteligência artificial, e ficou famoso no ano de 2011 ao vencer humanos no programa de perguntas e repostas Jeopardy, que é exibido pela CBS Television Distribuition. O Watson fala e entende o que as pessoas falam, mesmo sem estar conectado à internet.

“Estamos começando agora”, disse Marcelo Ribeiro Câmara, gerente do Departamento de Pesquisa e Inovação Tecnológica do Bradesco. “O Watson ainda nem fala português.” Desenvolvido em inglês, o Watson está aprendendo a língua portuguesa. O Bradesco vê potencial, a princípio, em aplicar o Watson a três áreas: atendimento a clientes, treinamento de funcionários e gestão de fortunas. Nos dois primeiros casos, a principal vantagem seria o entendimento da linguagem natural. No terceiro, a capacidade de o computador analisar um volume muito grande de dados não estruturados, como relatórios e notícias financeiras.

O Watson pode ser usado também para dar assistência ao médico, já que é capaz de analisar milhares de publicações médicas antes de sugerir um diagnóstico. “Imagine que a especialidade é oncologia: o sistema tem acesso a um volume maior de informações do que o melhor profissional da área consegue ter”, explicou Fábio Scopeta, líder do Centro de Competência Watson para IBM América Latina.

Depois de aprender o idioma português, o Watson precisa ser treinado na área de conhecimento em que vai atuar. “Uma vez que esteja treinado, ele vai aprender de forma infinita”, disse. O Watson é um exemplo do que vem sendo chamado de aprendizado de máquina, em que um sistema aprende com a própria experiência.

Já existem também, robôs industriais que não precisam ser programados, como o Baxter, da Rethink Robotics. Ele tem dois braços mecânicos e um monitor onde seria o rosto. No lugar de programá-lo, alguém movimenta seus braços uma primeira vez para ensiná-lo como trabalhar. Ao contrário da maioria dos robôs industriais, o Baxter consegue trabalhar lado a lado de humanos, pois possui sensores para evitar que ele machuque alguém.

Segundo o estudo da BCC Research, o mercado de máquinas inteligentes ainda é dominado por sistemas especialistas, que responderam por 57% das vendas em 2013. Em 2014, no entanto, a expectativa era de que fossem ultrapassados por robôs autônomos, com US$ 13,9 bilhões em vendas mundiais, comparados a US$ 12,4 bilhões dos sistemas especialistas. Os carros que não precisam de motorista, como o carro da Waymo, da Empresa Alphabet, que está sendo desenvolvido pelo Google, são considerados robôs autônomos.

Atualmente, muitos dos chamados sistemas especialistas são aplicações de outras tendências quentes do setor de tecnologia, como análise de dados, big data e internet das coisas.

Algumas operadoras de telecomunicações, por exemplo, já têm sistemas de análise de infra-estrutura que permitem prever falhas e melhorar o trabalho das equipes de campo. Bancos de investimento usam algoritmos para negociar papéis financeiros em alta velocidade, tirando vantagem de diferenças de cotações em milésimos de segundo. De acordo com reportagem da revista Wired, a Hyundai Motors conseguiu reduzir o tempo de produção de seus carros em 20%, ao adotar sistemas de inteligência artificial. Uma área importante mapeada no estudo da BCC Research é a dos assistentes pessoais digitais, como a Siri, da Apple; o Google Now; e a Cortana, da Microsoft. Há uma década pareceriam coisa de ficção científica, mas foram incorporados naturalmente à vida de milhões de pessoas.

No Brasil, empresas estão investindo na área de Inteligência Artificial, é o que diz Felipe Matos, sócio fundador da Startup Farm, empresa que trabalha com o desenvolvimento de startups no Brasil: “Não se trata de algo importante apenas para elas. Trata-se de se manter competitivo em um mercado que em breve terá aplicações mais inteligentes presentes de forma generalizada”.

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