Agronegócio como Causa da Destruição da Biodiversidade na Floresta Amazônica Brasileira
Por: Carolina234 • 14/4/2018 • 1.805 Palavras (8 Páginas) • 398 Visualizações
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Resultados e Discussão
É evidente que todo esse crescimento desenfreado do desmatamento só é possível com todo um aparato político-midiático que drible e conforme nossa frágil legislação ambiental ao mesmo tempo que se invisibiliza as atrocidades e consequências do processo, escondendo da população a realidade por trás de todos aqueles números.
Prova disso foi a nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura (2015-2016), conhecida como “Miss Desmatamento” por ativistas, devido a seu extenso envolvimento político no fortalecimento do agronegócio em detrimento dos recursos naturais e populações indígenas.
Posteriormente foi nomeado o “rei da Soja” Blairo Maggi (2016-), o maior produtor de soja do mundo e, como governador do estado de Mato Grosso, contribuiu ativamente para o desmatamento de boa parte do Cerrado e o “desaparecimento” de dezenas de tribos indígenas nativas.
A política de favorecimento ao agronegócio tem sido particularmente perversa. Depois de ocupar boa parte do cerrado, a monocultura de soja hoje se expande para a Amazônia, ocupando o Norte do Mato Grosso e o eixo da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Essa ultima cidade abriga um enorme terminal portuário da Cargil para escoar a produção de soja do Centro-Oeste para a China. Isso significa que é questão de tempo até a soja começar a ser produzida na floresta amazônica.
Em 2012 a bancada ruralista da Câmara dos Deputados “flexibilizou” os dispositivos de proteção ambiental do Código Florestal cujo objetivo foi o favorecimento da expansão do agronegócio. A nova lei prevê inúmeros dispositivos de anistia e perdão de multas a desmatamentos realizados por fazendeiros.
O avanço do agronegócio também fez com que o Brasil se tornasse, em 2012, o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.[7] Por aqui é permitida qualquer tipo de agrotóxico, mesmo aqueles que foram banidos em outros países. E o resultado disso não se limita somente na contaminação dos alimentos por substâncias químicas perigosas, mas também do solo e das águas dos rios e lençóis freáticos.
É importante destacar que o território ocupado pela monocultura de soja e cana-de-açucar abriga as nascentes e bacias hidrográficas dos principais rios que abastecem os principais centros urbanos. Ou seja, todos estão sujeitos à contaminação, mesmo aqueles que nunca viram uma plantação de soja na vida.
Há toda um conceito neoliberal que diz tentar “salvar o planeta” por meio de estimular o “consumo consciente” de produtos com selos de certificação. Assim, responsabilizam o indivíduo e não o sistema capitalista pela destruição ambiental.
Outra forma de mercantilização da natureza se dá através de Créditos de Carbono, chamado de REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). Os créditos são negociados nas Bolsas de Valores e entre empresas que, por meio de sua compra, adquirem permissão para poluírem. Ou seja, no sistema capitalista a “sustentabilidade” tornou-se mais uma forma de especulação financeira. Este mercado já movimenta 300 bilhões de dólares, montante que pode chegar a 2 ou 3 trilhões na próxima década.
Paralelamente, a população nativa das áreas florestais são amplamente expulsas de suas terras, para a abertura de novos pastos e campos. Um exemplo é a expulsão de milhares de camponeses brasileiros, brasiguaios e paraguaios, que excluídos da terra e dos meios de produção migram para as periferias de cidades fronteiriças como Ciudad del Este, San Alberto e Hernandarias do lado paraguaio, e Foz do Iguaçu e outras menores do lado brasileiro.
Entretanto, os brasiguaios que ainda resistem em terras guaranis vivem sob constantes ameaças para venderem suas terras a grandes proprietários ou têm suas terras invadidas por movimentos sociais brasileiros e paraguaios.
Considerações Finais
Mostra-se claro que as decisões políticas e econômicas não têm como objetivo a defesa das nossas riquezas naturais ou do povo que habita nela. A busca incessante pelo lucro, mascarada por campanhas publicitárias alienatórias vêm destruindo grande parte de nossas terras e um número incontável de vidas.
É necessário excluir a lógica do mercado como norteador das políticas econômicas e ambientais do país, dando prioridade à manutenção da biodiversidade, à dignificação da vida das populações nativas e a preservação dos recursos hídricos.
Para tanto seria necessária a criação de um novo sistema de licenciamento ambiental, onde toda e qualquer obra que possa causar grandes alterações físicas químicas e/ou biológicas no meio ambiente, bem como afetar a vida e a cultura das comunidades, devam ser aprovadas pelas mesmas, após a análise técnica e científica do projeto. Atualmente a participação popular é meramente consultiva.
Apenas com o monopólio da União sobre os recursos naturais será possível impedir que as multinacionais e grandes latifundiários decidam o que fazer com as riquezas naturais. A contradição é tamanha que, enquanto estes grupos destroem nossa biodiversidade, os pequenos extratores, seringueiros e ribeirinhos são impedidos de exercerem seu sustento legalmente.
É necessário romper com o neoliberalismo e o predativismo econômico, tomar as rédeas do país, defender nossas riqueza, garantir o direito dos povos da floresta à terra, mudar gradativamente e aceleradamente nossa matriz energética, acabar com as compensações ambientais, defender a Amazônia dos avanços imperialistas, interromper a construção de hidrelétricas na Amazônia.
Referências
Estadão. Agronegócio ignora crise e bate recordes. 2016. http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,nova-noticia,1845680 . Acessado em 16/05/2016)
FEARNSIDE, Philip M. Desmatamento na Amazônia: dinâmica, impactos e controle. Acta Amazonica [online], 2006, vol. 36, p. 395-400. ISSN 1809-4392. http://dx.doi.org/10.1590/S0044-59672006000300018. Acessado em 16/05/2016.
FERRARI, Carlos Alberto. Dinâmica Territorial na (s) Fronteira (s): um estudo sobre a expansão do agronegócio e a exploração dos brasileiros no norte do Departamento de Alto Paraná – Paraguai. 2009. 107 f. Dissertação. Pós Graduação – Mestrado em Geografia. Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados, 2009.
Imazon. Boletim do Desmatamento da Amazônia
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