Moeda - Lanzana
Por: Sara • 25/11/2017 • 3.000 Palavras (12 Páginas) • 484 Visualizações
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Vários indicadores monetários são utilizados para acompanhar as mudanças contínuas que ocorreram na economia brasileira, além do conceito tradicional de meios de pagamento. Quando em períodos de inflação elevada, a sociedade tende a reduzir a demanda por moeda manual e escritural, substituindo-as por ativos que rendem juros ou mesmo por moeda estrangeira. Assim, neste quadro, fica difícil efetuar uma avaliação mais precisa sobre a real situação monetária do país, o que acaba conduzindo à utilização de outros indicadores, sendo estes:
- Base monetária - refere-se à emissão primária de moeda. É mais abrangente que a moeda manual utilizada no conceito de meios de pagamento, uma vez que inclui, além da moeda em poder do público, as reservas dos bancos comerciais.
- Meios de pagamento (M1) – é o conceito de meios de pagamento definido anteriormente, incluindo, portanto, o papel-moeda em poder do público e os depósitos a vista nos bancos comerciais, então, M1 = Papel-moeda em poder do público + Depósitos a vista.
- Meios de pagamento (M2) - é um conceito mais amplo de meios de pagamento já que incluem além do M1 os fundos do mercado monetário (fundos de renda fixa, fundos DI etc.) mais os títulos do governo em poder do público, então, M2 = M1 + Fundos do mercado monetário + títulos públicos.
- Meios de pagamento (M3) - agrega ao M2 os depósitos em caderneta de poupança. Vale lembrar que os depósitos em caderneta de poupança, embora possam ser sacados a qualquer momento, para gerar rentabilidade, precisam ficar inalterados durante 30 dias, o que dá uma característica, em termos de liquidez, diferente dos fundos do mercado monetário e dos títulos públicos, então, M3 = M2 + Depósitos de poupança.
- Meios de pagamento (M4) - incorpora os títulos privados, que incluem certificados de depósito bancário (CBDs), outros depósitos a prazo e letras de câmbio, então, M4 = M3 + Títulos privados.
No subtítulo Instrumentos de política monetária (pg. 42 à 46), o autor nos apresenta três os instrumentos clássicos de política monetária:
- Controle da base monetária: O Banco Central controla o volume de moeda manual da economia. Sendo que é necessário verificar quais os fatores que, tradicionalmente, levam a uma expansão ou contração de base monetária, para que possamos entender como o governo controla a base monetária. São três fatores que podem levar a oscilações na base monetária:
- O resultado das contas públicas. Se o governo registrar déficit em suas contas, uma das formas de "bancar" esse déficit é a emissão de moeda, ampliando a base monetária. Na hipótese de superávit público, ocorre o contrário, o governo retira mais dinheiro da sociedade (por meio de tributos) do que injeta (por meio dos gastos), gerando redução da base.
- O resultado líquido das operações do setor externo. Sempre que ocorre entrada de dólares no Brasil, há pressão para a emissão de moeda, para fazer a conversão dos dólares que entraram para reais. Quando os dólares saem ocorre o contrário. Para facilitar o entendimento desse processo, basta imaginar que o Banco Central fosse como uma caixa única. Quando uma empresa exportadora recebe dólares, tais dólares serão trocados no Banco Central do Brasil por reais, obrigando-o a emitir reais. Por outro lado, quando uma empresa precisa importar, necessita comprar dólares e retira reais de circulação (pagando ao Banco Central).
- Operações de crédito do setor público. Quando o saldo de tais operações é positivo há uma pressão para encolher a base, o inverso ocorrendo na hipótese deficitária.
- Depósito compulsório: Além dos recursos necessários para fazer frente às parcelas dos depósitos a vista que são sacados, os bancos comerciais são obrigados a depositar uma porcentagem dos depósitos no Banco Central. Esse percentual, que é fixado pelo Banco Central, refere-se ao depósito compulsório e permite atuar sobre a capacidade de criação de moeda escritural por parte dos bancos. Sempre que o Banco Central aumenta o compulsório, as taxas de juros tendem a subir, porque a oferta de empréstimos se reduz, o inverso ocorrendo (juros caem) quando o governo reduz o compulsório. O depósito compulsório foi muito utilizado durante o Plano Real.
- Taxa de redesconto: As taxas de redesconto são as taxas cobradas pelo Banco Central para emprestar recursos aos bancos em caso de emergência. No caso de o banco acusar débito na compensação de cheques, ele pode recorrer ao Banco Central, por meio do chamado redesconto de liquidez. Quando o Banco Central deseja que os bancos façam menos empréstimos, eleva a taxa de redesconto, tentando evitar assim que os bancos corram o risco de ficar descobertos.
Segundo o autor em “Uma discussão sobre taxa de juros” (pg. 46 à 56), sempre que o governo reduz (aumenta) os meios de pagamento, há uma tendência de elevação (redução) das taxas de juros, porque a oferta de empréstimos se contrai (se expande). Na realidade, a taxa de juros tem um papel fundamental nas decisões dos agentes econômicos. As taxas de juros também têm papel importante para as contas externas. Quando o país está necessitando de dólares, as taxas internas de juros podem ser elevadas para atrair recursos do exterior, que vêm em busca de rendimentos mais altos.
- Taxas nominais e taxas reais de juros - a taxa nominal de juros refere-se à taxa de juros que é cobrada (ou paga) independentemente da taxa de inflação. Já a taxa real é a taxa após "descontada" a inflação. Assim, se a taxa nominal de juros é de 20, e a inflação também é de 20, a taxa real de juros é 0. A taxa real de juros pode, inclusive, ser negativa, se a taxa nominal de juros for inferior à taxa de inflação
- Juros e ativos financeiros - os ativos financeiros correspondem ao conjunto de alternativas que a sociedade dispõe para aplicar seus recursos. Sendo eles, ativos monetários: que não rendem juros como o papel-moeda e os depósitos a vista, e ativos não monetários: que rendem juros, como os títulos
públicos, as cadernetas de poupança e refere-se aos títulos de renda prefixada (em que o rendimento é definido no momento da operação) e pós-fixada.
Importante salientar que à medida que a inflação se acelera, há
uma tendência de aumentar a participação dos ativos não monetários em detrimento dos monetários.
Ainda segundo Lanzana, embora fale-se genericamente em taxas de juros, existe na realidade uma série de taxas de juros que convivem simultaneamente. Entre
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