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História do Pensamento Econômico I

Por:   •  18/6/2018  •  4.998 Palavras (20 Páginas)  •  372 Visualizações

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Toda a reprodução social passa a depender dos preços que cada bem, entre qual o trabalho e a terra, alcancem no mercado.

A constituição deste sistema econômico auto regulável envolve uma inversão completa, uma ruptura em relação às formas pretéritas. Ela não decorre de uma mera difusão espontânea dos mercados.

Em resumo, a reprodução material da sociedade depende de que tudo alcance um preço, ou seja, se comporte como uma mercadoria, inclusive a terra e o trabalho.

Texto 2- ARIDA, P. (2003[1983]). “A história do pensamento econômico como teoria e retórica”. In: A história do pensamento econômico como teoria e retórica.

Segundo Pérsio Arida, a história do pensamento Econômico afirma-se como história das ideias, estuda a ciência iluminando o passado pelo presente. Ela apresenta duas leituras distintas da HPE e da teoria econômica, sendo elas a Hard Science e a Soft Science.

O modelo hard Science, criado no século XX, ignora toda a história do pensamento, considerando assim teorias atuais. A fronteira do conhecimento estabelecida neste modelo, em que o horizonte de tempo varia de cinco a seis anos, sugere um ensino com manuais mais recentes, ou seja, a história não precisa ser revisitada, pois as contribuições de relevo já estão incorporadas ao estado atual da ciência. Está ideia é transmitida das ciências exatas, onde aprendendo o estágio atual da disciplina, este contribui efetivamente no seu conhecimento. A prática deste modelo tem como consequência tornar a HPE desnecessária, sendo dispensável na formação do economista.

Já o modelo Soft Science, desconhece a noção de fronteira do conhecimento, já que o passado importa, pois há controvérsias na teoria atua. O estudante deveria dominar os clássicos, usando como base para formular e interpretar por conta própria novas teorias. O caráter acumulativo do saber vale tanto para a história quanto para a teoria

Arida ainda faz uma crítica a estes dois modelos, onde o soft peca pelo excesso da ênfase, não precisa fazer uma leitura muito profunda para entender um processo, ou um modo de funcionamento, por exemplo,e o hard por falta “Fronteira do Conhecimento”, onde a crítica a este último mostra que não há divisão que permita separar o passado, ou seja, relegar a HPE. De acordo com ele, ambos levariam a ruptura entre teoria e história. À volta os clássicos do passado permitem recuperar, resgatar as verdades caso essas não tenham sido preservadas no estado atual da ciência.

O horizonte de tempo que separa a fronteira do conhecimento com a HPE leva o economista ao risco de decaimento intelectual, não adquirindo sabedoria, e sim memória de erros. No estudo da HPE, o conhecimento não se perde, e as ideias não são corroídas pelas transformações do horizonte de tempo.

Arida apresenta algumas regras da retórica, sendo elas, a simplicidade, que possibilita reduzir os fenômenos a seus aspectos essenciais, a crítica a essa prática é que a simplicidade é mais abstrata, se opondo a complexidade. A coerência, que é a união entre os fatos e ideias, sem recorrência a hipóteses. A abrangência, a generalidade, tratando o passado como um caso particular, falta de ênfase dos fatos. A redução de metáforas, que prejudica a investigação. A formalização, em que o uso de modelos matemáticos torna as ideias mais objetivas. Reinventar a tradição, retomar as teses do passado para refazê-las.

Texto 3 – POLANYI, Karl (2012).“O lugar das economias nas sociedades”. In: A subsistência do homem e ensaios correlatos.

Segundo Polanyi, a ideia de que o processo social é uma trama de relações entre o ser humano, como entidade biológica, e a estrutura singular de símbolos e técnicas que resulta na manutenção de sua existência, vem das descobertas de pensadores como Marx, Weber, Durkheim, Freud e outros. O cientista social ainda é estorvado por uma herança intelectual do homem como uma entidade com uma propensão inata para comerciar, permutar e trocar uma coisa por outra.

O racionalismo econômico de quem somos herdeiros postula um tipo de ação como economicamente único em sua espécie. A ação econômica é então vista como um modo de dispor do tempo e da energia um máximo de objetivos nessa relação homem-natureza. A economia torna-se o lócus dessa ação. Mas, Polanyi afirma que o núcleo essencial da racionalidade utilitária perdura como modelo da economia.

Essa visão de Polanyi, da economia como o lócus de unidades que distribuem, poupam, comercializam excedentes e formam preços nasceu do Ocidente do século XVIII. Toda economia humana, portanto, deveria ser encarada como um mecanismo potencial de oferta-procura-preço, e os processos reais, sejam quais forem, seriam explicáveis em termos dessa hipóstase.

Polanyi afirma que não há relação necessária entre o ato de economizar e a economia empírica. A estrutura institucional da economia não precisa compelir, como no sistema de mercado, a atos economizadores. As implicações dessa percepção, para todas as ciências sócias que tem de lidar com a economia, dificilmente, poderiam ter alcance maior.

A economia deveria englobar todas as esferas da satisfação das necessidades materiais humanas, as necessidades materiais do ser humano, de um lado, e os meios para satisfazer suas necessidades, quer sejam materiais ou não, de outro.

As buscas de uma economia naturalista foram sem sucesso, e a razão disso é simples, nenhum conceito meramente naturalista da economia pode competir, mesmo em termos aproximados, com a análise econômica ao explicar a mecanismo da sobrevivência num sistema de mercado.

O conceito substantivo da economia nas ciências sociais desconsiderou-se o fato de quea teoria econômica, ou análise econômica, ou simplesmente economia, é apenas umas das diversas disciplinas que abordam a subsistência do homem do ponto de vista material, isto é, do ponto de vista da economia. Na prática, ela não passa de um estudo de fenômenos de mercado; afora meras generalidades, sua importância para outros sistemas que não o de mercado, como as economias planejadas, é desprezível.

Em toda gama de disciplinas econômicas, o ponto de interesse comum é estabelecido pelo processo mediante o qual é proporcionada a satisfação das necessidades materiais. A localização desse processo e o exame de seu funcionamento só podem ser conseguidos quando deslocamos a ênfase de um tipo de ação racional para a configuração de movimentos de bens e pessoas, o que efetivamente compõe a economia.

Polanyi

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