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Cidades Globais: Antagonismo ou Complementaridade?

Por:   •  29/10/2018  •  2.503 Palavras (11 Páginas)  •  249 Visualizações

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Segundo Harvey (2006), é necessário criar e inserir uma teoria espacial. Com base na tarefa atual que é elaborar uma teoria das relações espaciais e do desenvolvimento geográfico no capitalismo que permita explicar a evolução e as funções do Estado, do desenvolvimento geográfico desigual, das desigualdades inter-regionais, do imperialismo e a urbanização. Tal orientação procura verificar as interações entre espaço e tempo sem privilegiar um ou outro em sua dinâmica urbana expansionista.

Apesar da precocidade da transição urbana, as cidades brasileiras ainda enfrentam desafios sociais, econômicos e ambientais pesados. Essa mutação abrupta não se processou de forma harmoniosa, tendo sido particularmente difícil para os contingentes mais pobres que, apesar de representar a parcela majoritária do crescimento urbano e um motor essencial do desenvolvimento nacional, raramente tiveram seu lugar contemplado na expansão urbana. Esse descaso com as necessidades do maior grupo social está na raiz dos grandes problemas sociais e ambientais que afligem as cidades brasileiras no século XXI (SAQUET, 2006).

Segundo Léfèbvre, o “urbano é a simultaneidade, a reunião, é uma forma social que se afirma” (1986, p. 159), enquanto a cidade “é um objeto espacial que ocupa um lugar e uma situação” (1972, p. 65) ou “a projeção da sociedade sobre um local” (2001, p. 56). A urbanização é tida como um sinal da vitalidade econômica de uma região, no entanto, as cidades são raramente planejadas, o que provoca problemas de degradação ambiental e ecológica. Nesse contexto, destacam-se ainda as degradações ambientais oriundas do processo de crescimento urbano sem planejamento ou talvez sem a devida fiscalização pública, pois, segundo IBGE (2010), mais de 84% da população brasileira vive nas cidades.

A urbanização sem um devido planejamento tem como consequência vários problemas de ordem social. O inchaço das cidades, provocado pelo acúmulo de pessoas, e a falta de uma infraestrutura adequada gera transtornos para a população urbana. (SANTOS, 2006).

As grandes cidades brasileiras enfrentam diversos problemas, destacam-se as questões da moradia, desemprego, desigualdade social, saúde, educação, violência e exclusão social. Ambos decorrentes da falta de planejamento e de uma política de desenvolvimento regional eficiente, capaz de elevar os aspectos econômicos ao mesmo tempo que garanta uma melhor qualidade de vida para a população.

A educação de baixa qualidade gera vários transtornos, pois parte da população não consegue obter qualificação profissional exigida pelo mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Com isso, ocorre o aumento do desemprego e se intensificam atividades como as desenvolvidas por vendedores ambulantes, coletores de materiais recicláveis, flanelinhas, entre outras do mercado informal. (SAQUET, 2006).

Os serviços públicos de saúde, na sua maioria, apresentam problemas estruturais, com filas imensas e demoradas, ausência de aparelhos e medicamentos, pequeno número de funcionários.

Um dos problemas característicos dos países em desenvolvimento é a desigualdade social, no Brasil não é diferente. Isso ocorre entre as Regiões, Estados, Cidades e Bairros, refletindo em aspectos como a qualidade de vida, educação, segurança, entre outros. Uma pequena parcela da população brasileira é muito rica, enquanto a maioria é pobre; o que é um reflexo da grande desigualdade na distribuição de renda. (SAQUET, 2006).

A Região Metropolitana do Cariri – RM Cariri, criada pela Lei Complementar Estadual 78 de 2009, que compreende os municípios de Caririaçú, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri e são polarizados pela área conurbada dos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (ou simplesmente CRAJUBAR), não é uma exceção diante as transformações do espaço até aqui apresentadas. Por isso, questiona-se: como se deu esse crescimento do seu perímetro urbano? A melhor hipótese para essa pergunta é que o crescimento na urbanização se deu pelo aumento da atividade industrial na região. A criação da RMCariri propiciou um intenso crescimento na urbanização em virtude do aumento da atividade industrial na região, que por sua vez se ampliou devido a políticas governamentais de incentivos, como doações de terrenos, redução de impostos e incentivos fiscais, dinamizando o espaço econômico e urbano da região.

Esse processo de transformação do espaço, seja pelo movimento capitalista ou pela dinâmica estrutural do ambiente, é denominado pelo conjunto de políticas públicas que se direcionam em função de um motor globalizado formado pelo capital produzido, social e natural. Que juntos transformam o espaço em aspectos negativos ou positivos.

Segundo Harvey (2006) o conceito de espaço reúne o mental e o cultural, o social e o histórico. Reconstituindo um processo complexo: descoberta (de espaços novos, desconhecidos, continentes ou o cosmos) - produção (da organização espacial própria a cada sociedade) - criação (de obras: a paisagem, a cidade como a monumentalidade e o décor). Isso evolutivamente, geneticamente (com uma gênese), mas segundo uma lógica: a forma geral da simultaneidade; pois todo dispositivo espacial repousa sobre a justaposição na inteligência e na junção material de elementos dos quais se produz a simultaneidade.

Nesta perspectiva, a transformação do espaço afeta de forma direta a dimensão socioeconômica da região, considerando a longevidade, a educação e a renda da população.

Logo, esta pesquisa se propõe a investigar, as alterações nas condições socioeconômicas a partir do crescimento do perímetro urbano da RMC/CE. Dito de outro modo, a pergunta de partida é: quais as alterações nas condições socioeconômicas produzidas pelo crescimento da urbanização na RMC/CE desde a sua criação em 2009 ?

Assim, a escolha do tema apresentado se justifica em duas vertentes. A primeira, pelo próprio movimento de pesquisar, durante a graduação, na participação em grupos de estudos e bolsas de iniciação cientifica que abordam os conceitos da temática aqui proposta. E a segunda, pelo fato da RMCariri caracterizar-se como um aglomerado urbano regional, em um processo evolutivo, principalmente na última década, e a não existência de trabalhos prévios na região que garanta o conhecimento acerca das transformações ocasionadas pelo processo da expansão urbana

Além disso, deseja-se contribuir com o debate acerca das mudanças do cenário em estudo, de modo a fornecer informações e caminhos para um melhor desenvolvimento de

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