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23 COISAS QUE NÃO NOS CONTARAM SOBRE O CAPITALISMO DE HA-JOON CHAN

Por:   •  17/11/2018  •  2.529 Palavras (11 Páginas)  •  458 Visualizações

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Existem diversas restrições com relação ao que pode ser negociado, não se tratando apenas das proibições evidentes como drogas narcóticas e órgãos humanos. Embora no passado na maioria dos países estivessem à venda os votos eleitorais, os empregos do governo e as decisões judiciais não estão à venda, pelo menos abertamente. As vagas nas universidades não podem ser vendidas, embora que em alguns países o dinheiro possa comprá-las, seja ilegalmente na seleção, ou legalmente por meio de doações em dinheiro a instituição. A proibição do comércio de armas de fogo e de bebidas alcoólicas em muitos países. A licença do governo com relação aos medicamentos, antes da sua comercialização. Todas essas regulamentações são discursão, como era a proibição do tráfico de escravos, há um século e meio, no qual a restrição com tarifas elevadas do século XIX sobre o livre comércio imposta pelo governo federal dos Estados Unidos enfureceu os senhores de escravos, os quais não viam nada de errado em negociar pessoas no livre mercado. Para aqueles que acreditavam que as pessoas podem ser propriedades de outras, proibir o tráfico de escravos era tão censurável quanto restringir o comércio de produtos manufaturados.

As pessoas precisam de uma licença para exercer as profissões que causam um impacto significativo na vida humana, como a medicina e a advocacia. Muitos países só permitem que empresas com um capital acima de um determinado valor fundem um banco. Até mesmo a bolsa de valores, cuja fraca regulamentação foi uma das causas da recessão global de 2008, tem regras a respeito de quem pode negociar. As empresas precisam cumprir uma lista de exigências e satisfazer rígidos padrões de auditoria ao longo de um determinado número de anos para que as suas ações possam ser negociadas.

Na Grã-Bretanha em meados da década de 1980 as pessoas podiam exigir um reembolso total de um produto do qual não gostassem, mesmo que ele não estivesse com defeito. Já na Coreia era impossível fazer isso, a não ser nas lojas de departamento de alto nível. Na Grã-Bretanha, o direito do consumidor de mudar de ideia era considerado mais importante do que o direito do vendedor de evitar o custo envolvido em devolver ao fabricante os produtos indesejados. Em muitos países, também são necessárias permissões para a localização dos pontos de venda, havendo restrições com relação às vendas na rua ou leis de zoneamento que proíbem atividades comerciais em áreas residenciais.

Há também a regulamentação dos preços, não se referindo apenas aos fenômenos altamente visíveis como o controle dos aluguéis ou do salário mínimo. Depois da crise financeira de 2008, o preço dos empréstimos ficou muito mais baixo em um grande número de países graças à contínua redução das taxas de juros, isso resultou de decisões políticas. Mesmo em épocas normais, na maioria dos países, as taxas de juros são determinadas pelo banco central, o que significa que considerações políticas se insinuam no processo.

A discursão sobre o livre comércio versus o comércio justo, como no caso da China, que muitos americanos consideram um comércio internacional que pode ser livre, mas não é justo. Por pagar salários baixos aos trabalhadores e obrigarem a trabalharem em condições desumanas, e os chineses pode replicar levando em consideração que é inaceitável que os países ricos, que defendem o livre mercado, tentem impedir as importações de produtos fabricados em péssimas condições de trabalho. Os americanos consideram injusta essa exploração de mão de obra barata por consideram um recurso que se tem em grande abundância. Mas com a cultura existente em cada país no nível de desenvolvimento econômico e dos padrões de vida, é natural que um salário de fome nos Estados Unidos seja um salário magnífico na China. Sendo assim uma discursão sobre valores morais e decisões políticas, embora uma questão econômica, mas não se trata de economia no sentido habitual.

Embora a China não possa proporcionar salários americanos ou condições de trabalho suecas, ela poderia melhorar, já que muitos chineses não aceitam as condições de trabalho vigentes e exigem regulamentações mais duras. E a teoria economia, pelo menos a economia de livre mercado, não pode nos dizer quais deveriam ser os salários e as condições de trabalho “corretos” na China. O Presidente Bush expôs a frágil base sobre a qual se ergue o mito do livre mercado, que era simplesmente uma continuação do sistema americano do livre empreendimento, no qual repousa na convicção de que o governo federal deve interferir no mercado somente quando necessário.

Contudo não existe um limite comprovado cientificamente para o livre mercado, sendo uma intervenção estatal necessária compatível com o capitalismo de livre mercado se tratando na realidade de uma questão de opinião. O capitalismo vem constantemente lutando a respeito dos limites do mercado. Algumas decisões das restrições de negociação, citadas anteriormente, que atualmente foram removidas não pelo processo do mercado em si, mas devido a decisões políticas. Porém no caso de produtos que ainda são negociados, mais regulamentações foram introduzidas ao longo do tempo, se comparar a décadas anteriores, existe hoje regulamentações mais rígidas a quem pode produzir o que, e como devem ser fabricados e como podem ser vendidos.

Esse processo de modificação de limites do mercado foi marcado de certo modo por violentos confrontos. É necessário reconhecer os limites do mercado por serem ambíguos e que não podem ser determinados de uma maneira objetiva que nos permite entender que a economia é um exercício político. Ir contra uma nova regulamentação por mais injusto que possa ser do ponto de vista de algumas pessoas, ela não pode ser modificada, pois dizer que uma regulamentação existente deveria ser revogada é o mesmo que dizer que o domínio do mercado deveria ser expandido.

Deste modo, quando os economistas defendem o livre mercado considerando que certa regulamentação não deve ser introduzida porque restringiria a liberdade de um certo mercado, estão meramente expressando a opinião política de que rejeitam os direitos que serão defendidos pela lei proposta. Constituindo um disfarce ideológico de fingir que a política não é realmente política, mas sim uma verdade econômica objetiva, enquanto a política das outras pessoas é política. Sendo assim, são tão politicamente motivados quanto os seus adversários. Libertando da ilusão da objetividade do mercado, para então entender o capitalismo.

b. Pontos principais do texto:

Economia

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