Resenha do livro - O Nordeste e a questão regional

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O autor critica a ideia do desenvolvimentismo aplicado no nordeste, citando que o avanço das relações capitalistas provoca transformações nas características da questão regional, mas, ao invés de eliminá-las, aprofunda-as. A preocupação única com o desenvolvimento econômico causou enormes problemas de ordem ambiental e social, e no primeiro, a ideia de crescimento para uma tentativa de superação do abismo econômico e lucro imediato não permitia que houvessem preocupações acerca de tal tema, pois poderia ter o processo atrapalhado. Assim, a agricultura não preocupou-se com o desgaste do solo, a irrigação para esta não se preocupou com a realidade hídrica e as indústrias não se preocuparam com a poluição dos corpos hídricos, acentuando ainda mais os problemas ambientais. O erro desenvolvimentista de não dar enfoque aos aspectos sociais acaba homogeneizando a cultura no país, pois o que é consumido nas partes desenvolvidas toma espaço das tradições regionais, e o acesso a isso é desigual, afinal, o abismo econômico entre tais partes não foi superado, portanto, os meios de comunicação vendem algo inacessível às camadas periféricas do país. O que se pode afirmar a partir da leitura do texto também, é que a visão dos nordestinos sobre a causa da pobreza na região também tem sobre si tais influências, e ao contrário do que se difunde nas regiões mais desenvolvidas, a pobreza nordestina tem origem na má distribuição de renda, na concentração fundiária e no sistema econômico que fez com que a região fosse utilizada para exploração de matéria-prima.

O Nordeste é uma região de povoamento antigo, com economia em estagnação e desde o século XVIII, fornece mão-de-obra ao Sudeste. Com tal premissa, fica visível que o Brasil é um país miscigenado étnica e culturalmente, portanto, não apresenta uma questão nacional, mas sim, regional, onde há desigualdade entre as diferentes regiões e que cada vez mais se acentuam com a expansão do modo capitalista de produção. As questões dos problemas do país devem ser tratadas de forma regionalizada, pois se tratam de diferentes causas e necessitam de diferentes soluções, mesmo que a expansão capitalista atinja a todo território. Formam também uma questão nacional a partir do momento em que se compreende que sem a correção de tais problemas, o país continuará num enorme abismo econômico frente às potências mundiais, e que sem um estado de bem-estar social pra população da região, será impossível aproveitar plenamente e conscientemente as riquezas para um desenvolvimento nacional.