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ALTHUS: ANÁLISE MICROECONÔMICA MARGINALISTA NA ECONOMIA CLÁSSICA

Por:   •  6/4/2018  •  5.248 Palavras (21 Páginas)  •  235 Visualizações

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A renda paga por qualquer pedaço de terra "é naturalmente a mais alta que o arrendatário é capaz de pagar". Assim, a renda "natural" - que é paga em um estado de equilíbrio competitivo de longo prazo - é "o resíduo que resta ao proprietário" após deduzir do produto bruto "o que é suficiente para manter o estoque a partir do qual [o agricultor arrendatário] fornece a semente, paga o trabalho, e compra e mantém os animais e outros instrumentos de lavoura, juntamente com os lucros ordinários do capital agrícola na região" (p. 160, 187).

Nesta descrição de renda, o capital empregado pelo agricultor inclui "a semente... os animais e outros instrumentos de lavoura", tanto quanto os salários do trabalho. Contudo, em sua análise da renda, Smith procede geralmente como se o capital ou despesas do agricultor consistissem apenas de salários adiantados; de modo que a reposição do capital aplicado é reduzida à reposição de "comida, roupa, alojamento e outros bens de primeira necessidade que foram consumidos" (p.185).

Estes "bens de primeira necessidade que foram consumidos" são por sua vez reduzidos a um estoque necessário de "trigo, a subsistência do trabalhador" - "ou o que quer que seja o alimento vegetal comum favorito do povo" (p.206-7), por exemplo, batata na Irlanda ou arroz na China.

No curso do argumento, o montante de lucros e renda da terra vem a ser considerado como sendo o excesso de produto sobre a manutenção necessária dos trabalhadores empregados - esta computada a uma dada taxa "natural" de salários em termos de alimento.

Smith supõe que a quantidade de produto por hectare seja uma magnitude dada. O cultivo requer uma quantidade fixa de trabalho por hectare e, portanto, por unidade de produto. Não há rendimentos decrescentes do tipo "intensivo".

O argumento é geralmente baseado na suposição de terras homogêneas, porém às vezes envolve diferentes qualidades de terra. Neste caso, Smith leva em conta a heterogeneidade da "mesma extensão de terreno" quanto a "fertilidade" e "situação", isto é, distância do mercado. A taxa de renda varia com ambas: "A renda da terra varia não apenas com sua fertilidade... mas também com sua situação... Terra na vizinhança de uma cidade dá uma renda maior que terra igualmente fértil numa parte distante do país. Embora possa custar o mesmo trabalho para se cultivar uma como a outra, deve sempre ser mais custoso trazer a mercado o produto da terra distante. Uma maior quantidade de trabalho, portanto, deve ser mantida a partir do produto, e o produto restante, do qual são retirados tanto o lucro do agricultor como a renda do proprietário, deve ser diminuido". (p. 163).

Este argumento pode ser imediatamente expresso na seguinte forma:

Sj = Aj - Njw(1+r) j=1,2,...,m (I)

ou Sj/Aj = 1 - njw(1+r)

onde o subscrito j denota uma de m qualidades diferentes de terra cultivada, sendo m a qualidade daquela que veio a ser chamada "terra marginal", isto é, a pior porção de terra cultivada, onde a produtividade do trabalho é menor; Sj é a renda em termos de trigo por hectare da terra j ; Aj é a quantidade de trigo produzida por hectare de terra j ao fim de um ciclo anual de cultivo; Nj é a quantidade (homens-ano) de trabalho requerida para cultivar e trazer a mercado o produto Aj ; nj é a quantidade de trabalho requerida por unidade de produto, isto é, o mesmo que Nj/Aj ; w é a taxa de salário (por homem-ano) em termos de trigo; e r é a taxa anual de lucro, isto é, a razão entre os lucros anuais e o capital empregado (adiantamento de salários).

Todos Aj e Nj são considerados como dados conhecidos, bem como w e r, e assim as m equações I podem determinar as taxas de renda Sj ( j=1,2,...,m ).

Supõe-se que a "posição" da "margem extensiva" do cultivo - ou melhor, a qualidade da terra marginal - e o produto total de trigo são determinados pelo montante de capital investido na agricultura. A demanda por tal produto é considerada garantida, porque, num certo sentido, a oferta de alimento "cria" sua própria procura:

"Uma vez que os homens, assim como todos outros animais, naturalmente se multiplicam em proporção aos meios de sua subsistência, o alimento é sempre demandado, em maior ou menor quantidade" (p.162)

Na sua análise da renda, Smith toma as taxas "naturais" de salário e lucro, w e r , como dadas, e supõe que elas são tais que, na produção de trigo, há sempre uma parte do produto bruto que excede a soma de salários e lucros. Com efeito, supõe que a "terra, em quase qualquer localização, produz uma quantidade de alimento maior do que é suficiente para manter todo o trabalho necessário para trazê-la ao mercado, da maneira mais liberal como o trabalho é em qualquer época mantido". Assim, na produção de alimento há um "excedente, do qual são retirados tanto o lucro do agricultor como a renda do proprietário", excedente este que "é sempre também mais do que suficiente para repor o capital que empregou aquele trabalho, juntamente com seus lucros. Algo, portanto, sempre resta como uma renda para o proprietário" (p.162-3).

Estas suposições podem ser expressas na forma seguinte:

1-njw > r(njw) > 0 j=1,2,...,m (II)

de modo que Sj > 0.

A suposição de rendimentos decrescentes "extensivos" pode ser expressa como:

n1 2 m

Em virtude das suposições II, segue-se imediatamente que:

1 - n1w > 1 - n2w > ... > 1- nmw (III)

o que significa que "o produto excedente, do qual são retirados tanto o lucro do agricultor como a renda do proprietário" deve ser menor (como uma fatia relativa do produto) nas terras menos férteis e/ou mais distantes. Desde que r > 0, segue-se de I e III que a renda também deve ser menor (como uma fatia relativa do produto) nas terras menos fértéis e/ou mais distantes.

A suposição II aplica-se a todas qualidades de terra, inclusive à terra marginal, ou seja, Sm > 0. Contudo, ao mesmo tempo, Smith pressupõe que há terra redundante que pode ser cultivada, se mais capital for investido na agricultura - exceto

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