PUBLICIDADE E DESEJO: UM APELO AO INCONSCIENTE

...

Dessa forma a publicidade estimula as percepções para que determinado produto ou objeto seja associado à memória.

Um bom exemplo seriam os anúncios publicitários de automóveis. Estes anúncios dificilmente são associados à função básica do carro que é levar as pessoas ao seu destino, ou a economia de combustível, ou ao preço do carro. Os anúncios publicitários apelam para imagens que evocam o prazer e despertam o desejo, eles mostram aquilo que o objeto pode trazer para quem o possui: mulheres, status, felicidade e liberdade. O carro passa a ser o objeto representativo do desejo, ou seja, ele representa tudo o que o individuo quer ser. Dessa forma, adquirir o carro é a satisfazer um desejo inconsciente (como, por exemplo, se sentir atraente, livre ou poderoso).

Freud (1927-31, p. 43) afirma que é o Princípio do Prazer que decide o propósito da vida e que este Princípio domina o aparelho psíquico desde o início da vida. Dessa forma, o ser humano se esquiva dos caminhos do desprazer e busca o caminho do prazer de forma que está busca não colida com os interesses da sociedade, daí a transferência da representação do desejo para objeto de consumo.

Sendo assim, a publicidade além de persuadir, precisa manter o sucesso do produto inquietando as fantasias e desejos do possível consumidor, ligando os desejos inconscientes destes às características da marca ou dos produtos a serem vendidos.

- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo foi possível fazer uma reflexão sobre como a publicidade influencia a mente humana, manipulando inconscientemente o indivíduo através dos seus desejos e da sua busca pelo prazer.

O tema em questão é muito amplo e envolve questões éticas, econômicas e também sociais, uma vez que a utilização dessa estratégia na publicidade pode levar o individuo ao consumo exacerbado ocasionando problemas em diversas áreas de sua vida. Portanto, a realização de outras pesquisas com ênfase nessa temática faz-se necessária, pois elas podem ajudar a identificar e compreender as consequências da exposição constante a publicidade.

- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos (I) (1900-01). in ESB, Obras Psicológicas Completas. Vol. IV Rio de Janeiro – Imago, 1996.

______, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos (II) (1900-01). in ESB, Obras

Psicológicas Completas. Vol. IV Rio de Janeiro – Imago, 1996.

GARCÍA-ROZA, L. A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

_____________, L.A. Introdução a Metapsicologia Freudiana Vol1: Sobre as Afasias(1891) O projeto de 1985. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. Trad. Ailton Bomfim Brandão. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MUNIZ, E. Publicidade e propaganda: origens histórias. Publicado no Caderno Universitário, Nº 148, Canoas, Ed. ULBRA, 2004.

PINHO, J. B. Propaganda institucional: usos e funções da propaganda em relações públicas. São Paulo: Simmus, 1990.

SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. São Paulo: Pioneira,1995.

SILVA, M.V. F. A. da. Influência da publicidade na relação de consumo. Aspectos jurídicos. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 261, 25 mar. 2004. Disponível em: . Acesso em: 8 dez. 2014.