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PROJETO INTEGRADOR ADM. DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS E DE SERVIÇOS

Por:   •  8/3/2018  •  4.710 Palavras (19 Páginas)  •  328 Visualizações

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3.1 A SURDEZ

“A questão já não é como se livrar dos estranhos e do diferente, de uma vez por todas, ou declarar a diversidade humana uma inconveniência momentânea, mas como viver com a alteridade, diária e permanentemente” (Bauman, 1998, p. 44).

O sujeito se constitui no interior da história e está conectado a ela, conforme afirma Veiga-Neto (apud COSTA, 2002), “não apenas o sujeito enraíza-se na história, mas o próprio conceito de sujeito é uma invenção historicamente determinada. Assim, a forma como a sociedade classifica os deficientes, incluindo as pessoas surdas mudas, as levam para um grupo excluído da sociedade, pois, ainda que aceitas, são tratadas com certas limitações tornando-as pessoas estigmatizadas perante a sociedade como um todo.

“De acordo com o artigo 3 do decreto nº 914 de 20 de dezembro de 1999:

“Considera-se pessoa portadora de deficiência aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano” (BRASIL, 1999)

Com os surdos não é diferente, seriam considerados deficientes físicos baseando-se em que estas pessoas possuem ouvido “defeituoso”, colocando-os como pessoas que precisam de “cura”, para assim serem considerados “normais” perante a sociedade.

Os ouvintes acabam classificando os surdos como seres inferiores, tornando correto somente o que os mesmos fazem, mas na realidade as pessoas surdas possuem uma cultura própria e organizada acerca de suas necessidades, por isso, estas pessoas não se consideram deficientes, preferindo serem chamados de surdos.

Desta maneira, o conceito de surdez adotado neste trabalho é o conceito que entende o surdo como sujeito de uma cultura e usuário de uma língua gestual visual (SKLIAR, 2004), e não como um deficiente que necessita de cura.

Carlos Skliar (1995) explica que o surdo é um ser sociolinguístico diferente, pertencente a uma comunidade linguística minoritária, caracterizada por compartilhar o uso de uma Língua de Sinais e de valores culturais, hábitos e modos de socialização, desta forma, o poema “Lamento Oculto de um Surdo” escrito pela autora surda Vilhalva (2004) resumiria o que foi dito e, além disso, expressa o sentimento de uma pessoa surda:

Quantas vezes eu pedi uma escola de surdos e você achou melhor uma escola ouvinte.

Várias vezes eu sinalizei as minhas necessidades e você as ignorou, colocando as suas ideias no lugar.

Quantas vezes eu levantei a mão para expor minhas ideias e você não viu.

Só prevaleceram os seus objetivos ou você tentava me influenciar com a história de que a Lei agora é essa.

E que a Escola de surdo não pode existir por estar no momento da 'inclusão'.

Eu fiquei esperando mais uma vez...

Em meu pensamento...

Ser Surdo de Direito é ser 'ouvido'...

é quando levanto a minha mão e você me permite mostrar o melhor caminho dentro de minhas necessidades.

Se você ouvinte me representa, leve os meus ensejos e as minhas solicitações como eu almejo e não que você pensa como deve ser.

No meu direito de escolha, pulsa dentro de mim:

VIDA, LÍNGUA, EDUCAÇÃO, CULTURA E UM DIREITO DE SER SURDO.

Entenda somente isso!!!!

3.2 A COMUNICAÇÃO DOS SURDOS

Segundo Damázio (2007, p.19) a Comunicação Total considera as características da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim de aumentar as interações sociais, considerando as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas das pessoas e é através desse conceito que nasce à abordagem educacional por meio do Bilinguismo.

Para Damázio (2007, p. 20) o Bilinguismo visa capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social: a Língua de Sinais (que no Brasil é a LIBRAS), e a língua da comunidade ouvinte (Português).

A Língua de Sinais são sistemas de sinais independentes das línguas faladas, onde não existe uma língua de sinais utilizada e compreendida universalmente, por exemplo: no Brasil temos a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais); nos EUA utiliza-se a ASL (American SingLanguage); e na França a LSF (Langue de SignesFrançais), sendo a língua de sinais uma língua de dimensão espacial e corporal.

As propostas educacionais do Bilinguismo começam a se estruturar a partir do Decreto 5.626/05 que regulamentou a lei de Libras. O Decreto prevê a organização de turmas bilíngues, constituídas por alunos surdos e ouvintes onde as duas línguas, Libras e Língua Portuguesa são utilizadas no mesmo espaço educacional, definindo também que para os alunos surdos a primeira língua é a Libras e a segunda é a Língua Portuguesa na modalidade escrita, orienta ainda para a formação inicial e continuada de professores e formação de intérpretes para a tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa (DAMÁZIO 2007, p.20).

3.3 A PERCEPÇÃO DO SOM PELOS SURDOS

“Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um modo geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações”. (CHIARELLI; BARRETO, 2005)

Por ter a audição comprometida, a sociedade pressupôs que o surdo nunca poderia entender, fazer e, quanto mais, “ouvir” música, e deixou de proporcionar a estes indivíduos grandes possibilidades de se expressar, explorar e descobrir o mundo, através dos sons e da música (HAGUIARA-CERVELLINI, 2003) e, pensando musicalmente, precisariam aprender e conseguir ouvir para poder desfrutar dela. A partir disso que se levanta a seguinte questão: como pode o surdo ouvir música?

Haguiara-Cervellini (2003) afirma que são dois os meios básicos através dos quais o surdo pode ter acesso à música: através

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