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PARA A REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE

Por:   •  28/8/2018  •  3.827 Palavras (16 Páginas)  •  259 Visualizações

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Sua sentença não havia sido ajudada, claro, pelo fato de seu pai, Franz HessseI, ser um judeu-alemão, mesmo se convertido ao luteranismo. Tratava-se de um escritor e poeta capaz de traduzir Proust para o alemão. De fato, Franz e sua mulher francesa, Helene Grund, foram fontes de inspiração do romance Jules e Jim (1953), de Henri-Pierre Roché. François Truffaut fez o filme em 1962. Franz é o amante alemão Jules. Henri-Pierre é Jim, o amante francês. Catherine, casada com Jules, é Grund.

Encarnada por Jeanne Moreau, Catherine reencontra Jim em Paris, e logo depois do armistício Jules vai à capital francesa com os dois filhos. Forma-se então o triângulo amoroso anticonforrmista que marcaria os anos 1960.

Hessel formou-se em filosofia em Paris, e casou-se com Vitia Mirkine-Guetzévitch, jovem judia de origem russa. Em 1948, participou da elaboração da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Quando François Mitterrand se tornou presidente, em 1981, Hessel foi elevado ao posto de embaixador da França.

Antes disso, o diplomata Hessel havia servido em Saigon, Argel, Nova York e Genebra. Em junho do ano passado, após o ataque de Israel contra a flotilha de ajuda à Gaza, Hessel pediu boicote aos produtos israelenses. Em seguida, esteve com Ismael Haniyeh, líder do Hamas, legenda política armada que não reconhece o Estado de Israel.

Além de Indignez-vous!, Hessel escreveu Engagez-vous! (com Gilles Vanderpooten, Éditions de l'Aube, 2011, 112 págs., 7 euros) e Le Chemin de l'Ésperance (com Edgar Morin, Fayard, 2011, 64 págs., 6 euros). Um quarto livro, este uma nova biografia intitulada Tous Comptes Faits... ou Presque (Maren SeIl, 200 págs., 18 euros), acaba de ser publicado. "Eu já disse o que tinha de dizer", finaliza Hessel do alto dos seus 94 anos. Mas o militante político tem mais o que dizer abaixo:

CartaCapital: Consta que o senhor ficou surpreso com o sucesso de seus três recentes livros, e em particular com o primeiro, Indignai-vos!

Stéphane Hessel: Fiquei surpreso porque escrevi o livro pensando na França e nos seus problemas. E da noite para o dia havia mais de 35 traduções desse pequeno texto de 30 páginas. Movimentos de indignados vieram à tona em diversos países, alguns inspirados pelo meu livro, outros não. Mesmo assim, existe um elo comum entre os movimentos: uma crescente mobilização de cidadania em reação aos problemas de nossa sociedade internacional.

CC: Existe, portanto, diferenças entre os movimentos de indignados da Espanha, Grécia e Nova York...

SH: Enormes diferenças. Ao mesmo tempo, há algo em comum. Isso é interessante. As diferenças decorrem do fato de que em cada país a situação - e por tabela os obstáculos - são diferentes. No Brasil, por exemplo, reina uma bela democracia, o País teve um maravilhoso chefe de Estado na pessoa de Lula (escassos meses atrás, em discurso na universidade de Colúmbia, Nova York, Hessel sugeriu Lula como o novo chefe das Nações Unidas, como reportado no site desta revista). E agora o Brasil tem uma boa presidenta, Dilma Rousseff. Portanto, o caso do Brasil é diferente do da Espanha. Da mesma forma, a Grécia tem outros entraves que a Tunísia ou o Egito.

CC: De fato, o senhor leva em conta essas diferenças entre cada país em Indignaivos!. O senhor escreveu: "Encontre um motivo de indignação". No Brasil, fala-se muito em corrupção, fenômeno que ocorre, em diferentes níveis, em todos os países. Mas no Brasil existe um movimento estimulado por uma mídia conservadora que foca na corrupção do atual governo de esquerda - e essa mídia conservadora jamais alvejou a corrupção dos anteriores governos neoliberais. Além disso, no Brasil, há problemas sérios que são pifiamente abordados por essa mídia conservadora, como as desigualdades sociais, a reforma agrária...

SH: Há casos nos quais os cidadãos são desmobilizados, ou desencorajados. Esses cidadãos ignoram a situação na qual se encontram. Seria bom acordá-Ios. É importante dizer a eles: "Olhem à sua volta e vejam como há outras coisas inaceitáveis". Se funcionar, os cidadãos não têm apenas de se indignar, mas também de se engajar para que seus objetivos sejam alcançados.

CC: O senhor diz que é preciso mudar de sistema econômico. Qual seria o sistema ideal?

SH: Precisamos de menos oligarquias e de mais vantagens democráticas para cidadãos mundo afora. Vivemos num sistema internacional no qual uma pequena elite segura os cordões do saco de dinheiro. Essa elite decide o que é preciso fazer. Decide nosso futuro. Enquanto isso, o povo, que deve ser consultado, não tem direito a participar das decisões. Em alguns países, participa, mas muito pouco. Dito de outra forma, a participação do povo é insuficiente.

CC: O senhor é favorável à adesão da Palestina à ONU...

SH: Sim, mas sou favorável à adesão de todos os países, porque todos os povos têm direito a um Estado. E apoio com todas as minhas forças a adesão de todos os países à Organização das Nações Unidas. A ONU, na verdade, tem de acolher todas as nações democráticas.

CC: Como o senhor reage às críticas de Israel em decorrência de sua defesa à existência de um Estado Palestino?

SH: Creio que tenho maior consideração por Israel e pelo seu futuro do que aqueles a me criticar. Acho que o futuro de Israel será solidamente garantido somente se ao lado daquele Estado exista outro, da Palestina. O Estado Palestino terá de ser soberano e dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas. Somente assim poderá reinar a paz entre as duas nações.

CC: O fato de o senhor ter sido deportado para um campo de concentração lhe dá maior autoridade para criticar a política israelense?

SH: Não, não. Nada me confere autoridade maior ou menor que os outros para criticar a política israelense. Minha ligação e engajamento no Oriente Médio decorrem também do seguinte fato: estou contente com a existência do Estado de Israel porque vivenciei o trágico massacre dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Estou feliz pela existência do Estado de Israel. Israel comporta-se como Estado legitimo, e obedece as regras das Nações Unidas e do Conselho de Segurança. Portanto, sou amigo de Israel. Sou, isso sim, adversário do atual governo israelense, porque viola os direitos internacionais.

CC: Qual o futuro da Primavera Árabe?

SH: É

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