O Planejamento Pessoal
Por: Hugo.bassi • 17/12/2018 • 6.945 Palavras (28 Páginas) • 322 Visualizações
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Partindo do pressuposto teórico da governança corporativa ‒ que tem na transparência um dos seus princípios de maior importância ‒, e da necessidade imposta pela Lei 13.155/2015, com o objetivo de compreender como os gestores do futebol brasileiro estão se organizando no processo de adoção ao Profut, este trabalho busca responder à seguinte questão: Qual o nível de transparência que pode ser atribuído aos sítios eletrônicos dos clubes brasileiros de futebol após a adesão ao Profut?
O objetivo geral consiste em investigar o nível de transparência nos sítios eletrônicos dos clubes de futebol participantes da série A do campeonato brasileiro de 2016 que aderiram ao Profut em 2015 e participam do MFM.
Como desdobramentos do objetivo principal, temos, de forma mais específica, os seguintes objetivos:
- Avaliar nos portais eletrônicos a publicidade das informações a partir da divulgação e da facilidade de acesso aos conteúdos;
- Avaliar nos portais eletrônicos a utilidade das informações divulgadas para tomada de decisões a partir da relevância e da confiabilidade;
- Avaliar nos portais eletrônicos a compreensibilidade das informações divulgadas a partir da linguagem e da apresentação dos relatórios disponibilizados.
Após apresentados os objetivos, cabe, neste momento, esclarecer aos leitores que não há interesse neste estudo em estabelecer um ranking de transparência. Este estudo limitar-se-á a investigar, sem generalizações, os principais aspectos de transparência aplicados aos conteúdos evidenciados exclusivamente nos sítios eletrônicos oficiais dos clubes.
O artigo está dividido em cinco seções, iniciando pela introdução. Em seguida, apresentam-se o referencial teórico e os procedimentos metodológicos utilizados. Os resultados da pesquisa empírica aparecem na quarta seção, e a última contempla as considerações finais do estudo.
- Referencial teórico
O futebol, além de ser um dos esportes mais difundidos e praticados no mundo, é também um dos principais produtos da “indústria do entretenimento”, passível de consideráveis parcelas de lucros, considerado como um negócio complexo e sustentado por questões financeiras. Sendo assim, a modernização e a adoção de boas práticas de governança nos clubes de futebol são de fundamental importância para a manutenção dessa posição (Figueiredo & Albino, 2011; Winfree & Rosentraub, 2012; Morrow & Howieson, 2014; Resende & Dalmácio, 2015).
2.1 Governança corporativa
Escândalos financeiros das últimas décadas em empresas de diversos países desenvolvidos, como os casos da Enron Corp, WorldCom Inc e Parmalat, contribuíram, de certa forma, para aumentar o interesse da comunidade acadêmica em estudar e compreender melhor o tema da governança corporativa (Correia & Amaral, 2012). No Brasil, o marco da adoção da governança corporativa se dá pela abertura do mercado brasileiro na década de 1990, com o aumento dos investimentos externos, privatizações, entre outros fatores (Leão, 2010).
A governança corporativa é a forma pela qual os financiadores asseguram-se do retorno de seu investimento, estabelecendo mecanismos de governança por meio de instituições econômicas e jurídicas sujeitas às alterações advindas do processo político (Shleifer & Vishny, 1997).
Sob um ponto de vista mais sistêmico, a governança é constituída pelo conjunto dos mecanismos do poder de controle, que existem para fazer com que uma organização cumpra sua missão e atinja os objetivos estipulados pelos seus acionistas e demais participantes relevantes (Drucker, 1995).
Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2015, p. 20) “governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
Muitas são as definições para o termo “governança corporativa”. Todavia, conforme Correia e Amaral (2012), os fundamentos teóricos que justificam o desenvolvimento dos mecanismos de governança e a sua utilidade estão amparados pelos pilares de uma das teorias mais utilizadas nessa área ‒ a teoria da agência. Segundo Jensen e Meckling (1976), essa teoria visa analisar os conflitos resultantes da separação entre a propriedade e o controle de capital, fato que ocasiona as assimetrias informacionais, os riscos e outros problemas entre o principal (proprietários) e o agente (gestores). A teoria da agência explica como as relações humanas, inevitavelmente, levam a conflitos de interesse.
A finalidade principal dos mecanismos de governança corporativa é resolver os conflitos de interesse entre os diversos agentes interessados na empresa, sobretudo os proprietários e os gestores, de modo a aumentar a eficiência da firma (Correia & Amaral, 2012).
Para estabelecer mecanismos necessários que reduzam os conflitos e alcancem os objetivos comuns, o IBGC estabeleceu quatro princípios básicos que permeiam, em maior ou menor grau, as boas práticas de governança corporativa: transparência (disclosure), equidade (fairness), prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa.
2.2 Transparência
Entre os valores das melhores práticas, a transparência é parte essencial da governança corporativa, pois permite evitar fraudes contábeis, práticas administrativas ocultas, decisões arbitrárias, abuso de poder e outras atitudes de risco e, por consequência, torna a empresa mais confiável e valorizada no mercado. É possível concluir que a transparência é a melhor formar da empresa se relacionar com os stakeholders (Assaf Neto, 2010).
Optou-se em conceituar transparência a partir do conceito da governança definido no Código das Melhores Práticas de Governanças Corporativa (IBGC, 2015, p. 20):
Transparência: - Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização.
Muito embora isso tenha importância,
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