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Modelo de Teste: A Resistência à Liberdade

Por:   •  30/4/2018  •  1.576 Palavras (7 Páginas)  •  344 Visualizações

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voto, colocando-se assim

de maneira acintosa em franca oposição aos interesses daquele público.

Assim, a “direita” (um rótulo criado a partir de um acidente geográfico:

os porta-vozes da Velha Ordem sentavam-se à direita na sala em que se

reunia a Assembleia Nacional durante a Revolução Francesa) decidiram

mudar o tom de seu discurso e atualizar seu credo estatista abrindo mão

da oposição total ao industrialismo e ao sufrágio democrático. Os novos

conservadores substituíram o desprezo e o ódio aberto pelas massas

populares pela duplicidade e pela demagogia; cortejaram as massas com

a seguinte frase: “Nós, também, somos a favor do industrialismo e de um

padrão de vida mais alto. Mas, para conseguir estas metas, precisamos

regulamentar a indústria para o bem público; precisamos implementar

uma cooperação organizada no lugar do vale-tudo do mercado livre e

competitivo; e, acima de tudo, precisamos trocar os princípios liberais da

paz e do livre comércio destruidores de nações por medidas que tragam

glória à nação, como a guerra, o protecionismo, o império e as proezas

militares.” Para todas essas mudanças, é claro, era necessário um Grande

Governo, no lugar de um governo mínimo.

E assim, no fim do século XIX, o estatismo e o Grande Governo voltaram,

porém desta vez mostrando uma face pró-industrial e pró-bem-estar geral.

A Velha Ordem retornou, mas, desta vez, aqueles que dela se beneficiavam

haviam sido levemente alterados; não eram mais a nobreza, os senhores de

terra feudais, o exército, a burocracia e os comerciantes privilegiados, mas sim

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o exército, a burocracia e os senhores feudais enfraquecidos, e, especialmente,

os industriais privilegiados. Liderados por Bismarck, na Prússia, a Nova

Direita forjou um coletivismo de direita baseado na guerra, no militarismo,

no protecionismo, e na cartelização compulsória dos negócios e da indústria

— uma rede gigantesca de controles, regulamentações, subsídios e privilégios

que forjou uma grande parceria entre o Grande Governo com alguns

elementos privilegiados dos grandes empresários e da indústria.

Algo tinha de ser feito, também, a respeito do novo fenômeno que

era o número colossal de trabalhadores assalariados industriais — o

“proletariado”. Durante os séculos XVIII e XIX, e até o fim do século XIX, a

massa de trabalhadores apoiava o laissez-faire e o mercado livre competitivo,

por julgá-lo melhor para seus salários e suas condições de trabalho, como

trabalhadores, e por oferecer uma gama mais ampla e barata de bens de

consumo, como consumidores. Até mesmo os primeiros sindicados, como

por exemplo na Grã-Bretanha, eram defensores ferrenhos do laissez-faire.

Os novos conservadores, liderados por Bismarck na Alemanha e Disraeli

na Grã-Bretanha, enfraqueceram a disposição libertária dos trabalhadores

derramando lágrimas de crocodilo sobre as condições da força de trabalho

industrial, e cartelizando e regulamentando a indústria, impedindo assim,

de maneira não-acidental, uma competição eficiente. Finalmente, no

início do século XX, o novo “estado corporativo” conservador — desde

então o sistema político dominante no mundo ocidental — incorporou

sindicatos “responsáveis” e corporativistas como seus parceiros juniores

no Grande Governo, e favorecendo as grandes empresas no novo sistema

estatista e corporativista de tomada de decisões.

Para estabelecer este sistema novo, para criar uma Nova Ordem que

fosse uma versão modernizada e maquiada do ancien régime anterior às

revoluções Americana e Francesa, as novas elites dominantes tiveram

que executar uma gigantesca trapaça que persiste até os dias de hoje.

Enquanto a existência de todos os governos, da monarquia absolutista até a

ditadura militar, se apoia sobre o consentimento da maioria da população,

um governo democrático deve construir esse consentimento numa base

mais imediata, diária. E, para fazê-lo, estas novas elites governantes

conservadoras tiveram de enganar o público de muitas maneiras cruciais

e fundamentais. Pois as massas agora teriam que ser convencidas de que

a tirania era melhor que a liberdade, de que um feudalismo industrial

exclusivo e cartelizado era melhor para os consumidores que um mercado

livremente competitivo, de que um monopólio cartelizado deveria ser

imposto em nome do antimonopólio, e de que a guerra e o engrandecimento

militar que beneficiassem as elites dominantes realmente estavam

no interesse das massas que eram recrutadas, taxadas e, muitas vezes,

sacrificadas.

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