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Auto gestão

Por:   •  2/1/2018  •  2.538 Palavras (11 Páginas)  •  281 Visualizações

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O toyotismo ou pós-fordismo, como proposta de organização da produção e do trabalho romperia com a rigidez corporativa, individualizando mais o trabalhador, a partir da noção de participação, competitividade, metas a serem atingidas, levando a uma fragmentação crescente do coletivo de trabalhadores, individualizando o ambiente de trabalho. A diversificação de formas de contrato, a redução dos contratos por tempo determinado e a subcontratação, de forma tendencial, apontariam para uma retomada do indivíduo empreendedor como o homem do terceiro espírito do capitalismo.

Participacionismo, autocontrole e autogestão.

O debate sobre fordismo e toyotismo, marca a chamada crise da sociedade salarial, caracterizada pela regulamentação pelo Estado das relações capital-trabalho e a incorporação de direitos sociais vinculados ao contrato de trabalho formal.

As diferentes formas de inserção dos indivíduos na produção, sua formação e capacitação para enfrentar os desafios de um ambiente competitivo provocam grande desigualdade social e, por consequência o acirramento dos conflitos sociais. O capitalismo regulado teve, no período fordista, seu apogeu e passou a ser atacado com a crise de acumulação dos anos 70 e a reestruturação econômica que se seguiu.

A implementação de políticas de abertura econômica como solução para a retomada do crescimento, estabeleceu uma tendência ao enxugamento do papel do Estado no papel de preservar a ordem política e econômica, desregulamentando e privatizando as atividades sob seu controle e reduzindo os gastos sociais. A rigidez do modelo de produção fordista, substrato da regulamentação, foi substituída pela flexibilidade da produção, da organização e gestão do trabalho, tendo como referência o toyotismo e a revalorização do conhecimento do trabalhador, sua especialização, seu envolvimento e participação no processo de trabalho.

Com relação à utilização da força de trabalho, a flexibilização altera os termos contratuais, introduzindo novas formas de utilização do tempo, ou seja, tempo parcial, determinado por tarefas, por empreita, por projetos e formas correlatas, com remuneração progressivamente desvinculada de obrigações outras que não as do pagamento do trabalho realizado. Os trabalhadores do núcleo, por sua vez, deveriam ser organizados por equipes pluridisciplinares que teriam uma coordenação e não, uma chefia. Essas equipes seriam compostas também pelos fornecedores, clientes, consultores e especialistas externos que funcionariam, em espaços distintos.

Para os trabalhadores, essa “autogestão” significa o autocontrole que garante sua permanência na equipe. A interiorização da cultura empresarial pressupõe o envolvimento pessoal, motivação, o vestir a camisa, marcado pela participação. O trabalhador, empresário e patrão de si mesmo, torna-se responsável por sua reprodução social, pagando por sua conta, taxas e impostos para ter acesso a serviços sociais, sejam estatais, sejam privados.

Para sobreviver no mercado, depende ainda de formação e atualização contínua, adaptabilidade às novas tecnologias, capacidade de inovar e se mostrar atento às mudanças. O autodesenvolvimento e o auto-enriquecimento deságuam no discurso da empregabilidade, responsabilização do trabalhador por um lado, e desresponsabilização das empresas no desenvolvimento de seus recursos humanos, por outro.

Prevalece uma infinidade de formas organizacionais que incorporam parcialmente tendências e modas variadas funcionando mais no erro e acerto do que propriamente em inovações.

Empreendedorismo, informalidade e empregabilidade

Seu surgimento e utilização na década de 70 buscavam entender uma possível dualidade existente entre o formal e o informal em economias em processo de industrialização. O informal garantiria a reprodução ampliada do capital, mantendo um largo exército industrial de reserva que garantiria a permanência de baixos salários para a indústria e o setor moderno.

É desse período também, o crescimento da informalidade nos países centrais, interpretado como consequência da reestruturação econômica, produto da desindustrialização, da terceirização, do aumento do desemprego e crescimento da imigração. A informalidade foi incorporada ao trabalho não estandardizado, ilustrado pelas formas de contrato por tempo parcial, temporário, autônomo, em contraposição ao padrão do assalariamento regular, representado por contratos por tempo indeterminado, com direitos sociais acoplados.

O discurso do empreendedorismo acompanhou as reformas de Estado em países latino-americanos, com a privatização de empresas estatais, dos programas de demissão voluntária e dos programas de crédito para pequenos negócios. O “empreendedorismo por necessidade” envolve pessoas com negócios de baixo valor agregado e com menor possibilidade de sobrevivência.

O trabalhador do informal, mais que um excluído do mercado, seria então um empreendedor por necessidade. Depende de seus investimentos no negócio/atividade que desenvolve para sobreviver, de sua predisposição em inovar, trabalhar duro, como probabilidade de sucesso. As industrias foram descolocadas para países periféricos, outras regiões de um mesmo país, em diversas situações, mantêm a relação salarial, variando os custos em função.

Dado aos baixos investimentos, quando os incentivos são reduzidos, as empresas encaixotam suas máquinas e as transferem para outros espaços. Outro dado relevante é que a contratação de trabalhadores temporários pode ser formal ou informal, conforme o setor e o tamanho da empresa, como também a região em que esteja instalada.

Mais do que indicar uma tendência à informalização, a flexibilização aponta também para novas institucionalizações no mercado de trabalho: da pessoa jurídica, na qual o trabalhador individual é contratado como se fosse uma empresa. Constituem-se enquanto especialidades, ocupações ou mesmo profissões a partir das novas tecnologias, sendo flexíveis em sua origem. Como autônomos trabalham por projetos para uma empresa ou mais, podem trabalhar em casa ou estações de trabalho, uma vez que necessitam apenas estar ligados na internet.

Há, então, diversos tipos de empreendedores: autônomos, com distintos graus de formalidade, necessidade e precariedade. Desde o trabalhador sem qualificação alguma que vive de expedientes ou vendendo quinquilharias nas ruas, ao trabalhador vinculado às novas tecnologias informacionais.

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