A HUMANIZAÇÃO COMO DIMENSÃO PÚBLICA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE
Por: Jose.Nascimento • 4/3/2018 • 3.680 Palavras (15 Páginas) • 292 Visualizações
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Nesse diapasão, fundamenta-se um estudo que busca explorar uma gestão voltada para as pessoas, apresentada neste trabalho como Gestão Humanizada, suas implicações e possíveis contribuições para o ambiente organizacional do setor público de saúde.
Por conseguinte, o problema de nossa pesquisa é: de que maneira a gestão humanizada pode contribuir para um clima de satisfação dos funcionários no setor público de saúde, tal como, para melhoria das condições de tratamento dispensadas ao usuário?
Nesse espeque, justifica-se um estudo que busca investigar uma gestão voltada para as pessoas, apresentada no âmbito da gestão humanizada, suas implicações e possíveis contribuições para o ambiente organizacional do setor público de saúde.
Afora, somou-se a pesquisa de publicações inerentes ao assunto, de naturezas diversas, tais como artigos de jornais e revistas.
Por essa razão, trata-se de uma metodologia que objetivou demonstrar as teorias e os conceitos publicados em livros e obras congêneres, a partir dos quais foram levantados e discutidos conhecimentos disponíveis na área, identificando, analisando e avaliando sua contribuição para auxiliar e compreender o objeto de investigação: a humanização da gestão em saúde pública.
Esse trabalho se propõe, portanto, a contribuir com subsídios para a reflexão da atuação em gestão de saúde contemporânea sob a ótica da humanização em atenção à saúde a partir de revisão da literatura indexada e publicada no Brasil, além de publicações sobre o tema pelo Ministério da saúde e Revista de Saúde Pública; todos considerados essenciais para consubstanciar as discussões apresentadas.
À vista disso, a presente abordagem caracteriza-se por ser do tipo descritivo, propondo-se nele descrever as particularidades de um determinado fato, com seu foco no atual modelo gerencial hospitalar, podendo ou não estabelecer relações entre algumas situações de ocorrência.
Humanização: algumas considerações conceituais e históricas
O conceito sobre humanização nos remete às bases filosóficas renascentistas do humanismo, explorando suas transformações e metamorfoses a nos impulsionar na sensibilidade humana como preconizadora do atendimento humanizado. Assumimos a posição não da continuidade histórica, mas da reatualização temática que tanto mantém como transforma em busca de um patamar humanitário no atendimento à saúde pública.
Em tempo hodierno, o discurso da humanização tem-se feito presente, além da área da saúde, na área da administração, no debate da economia e na reorientação das práticas em diversos ramos do setor de serviços. No cenário de política da saúde pública, este discurso organiza-se em torno ora da política de defesa dos direitos de cidadania, ora de uma discussão que alcança a ética.
A humanização tem início dentro da estrutura interna da organização. Por humanização entende-se a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de atendimento no ambiente hospitalar: usuários, funcionários, prestadores de serviços, cooperativados e gestores.
Em mesmo sentido conceitual:
Humanização é o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. (CANDIDO, 2004, p. 180)
Considerando que a humanização se faz presente como um qualificativo positivo, destaca-se que essa premissa tem por base a necessidade de novamente humanizar as relações, conquistando espaço e relações saudáveis. Entende Pessoa (2001) que, a tese da humanização significa a conscientização sobre as necessidades pessoais de quem produz e adquire, deixando de haver a prioridade do capital sobre o ser humano.
A necessidade de humanizar a atenção à saúde é decorrente da observação de que, em algum momento no desenvolvimento da prática clínica tradicional, a perspectiva da relação entre o agente da terapêutica e o paciente foi estruturada/orientada essencialmente pela dimensão da patologia e pelos diversos fatores a ela relacionados.
Nesse sentido, apresenta-se a humanização como um desafio, referida a uma crise de humanismo, contextualizada a uma sociedade moderna desumanizada. Pessini e Bertachini (2004) ao refletirem sobre a humanização dos cuidados em saúde, afirmam que a humanização das instituições de saúde passa pela humanização da sociedade. No argumento por eles desenvolvido, a exclusão, a violência e a iniquidade contribuem para um rebaixamento da solidariedade, da tolerância e da compaixão, com impacto nas instituições de saúde. Em sua definição, a humanização vem acompanhada da necessidade de ampliar o foco do cuidado, desconstruindo uma ação centrada simplesmente na sobrevivência. Para tanto, os profissionais de saúde e os pacientes devem estar situados como sujeitos de sua própria história, e os primeiros devem reconhecer seus pacientes também como indivíduos. Os autores defendem a ligação da humanização com a "essência do ser", remetendo a uma historicidade do humano como condição para o reconhecimento do direito de cuidar e ser cuidado com qualidade.
A reconstrução do sistema de saúde em novas bases, portanto, não é tarefa simples, pois ultrapassa um questionamento conceitual interno da área, restrito apenas aos seus técnicos e profissionais. Assim, para a sua consolidação, torna-se gradativamente insuficiente apenas o posicionamento crítico em relação ao conceito limitado da saúde ou em relação à forma de organização dos serviços, dicotomizada entre as ações individuais e as coletivas e entre prevenção e cura, características da situação anterior. O novo panorama exige que se criem formas que materializem social e politicamente uma ação cuidadora integral, como direito de cidadania.
A esse tema:
A política de humanização deve ser trabalhada como um elemento de transversalidade para o SUS, a qual deve permear desde a recepção e acolhimento do usuário no sistema de saúde, até o planejamento e gestão das ações e estratégias. (COSTA; FIGUEIREDO e SCHAURICH, 2014)
Nesse prisma, no contexto hospitalar, é necessário entender que a humanização, além de estar voltada ao paciente internado e aos familiares, deve envolver a
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