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Diferenças de Acesso à Internet por Regiões

Por:   •  24/12/2017  •  1.662 Palavras (7 Páginas)  •  444 Visualizações

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5 DISCUSSÃO

Atualmente, pelo menos no nível do senso comum, aquele tipo de discurso “profético”, de que o mundo estaria igualmente acessível através da tela de um computador, ainda está ativo. É possível deparar com a noção de que, se a conexão com a internet é realizada, já não importa o local onde se está. Este trabalho é, pois, uma tentativa de contrapor esta ideia, mostrando que o próprio ato de estar conectado segue alguns condicionamentos sociais e geográficos.

4No Brasil, em particular, a reprodução do ideário antigeográfico associado à presença da internet é possível graças a expansão significativa do acesso em todo o território que, apesar disso, continua expressando as desigualdades sociais e espaciais que comumente caracterizam o país. O número de domicílios com microcomputador e acesso à internet na própria unidade de moradia não para de crescer, mais aceleradamente a partir de 2005.

Percebe-se que esse aumento, em geral, é muito desigual no território com concentração expressiva na região Sudeste, cujo patamar de domicílios com internet é bem superior ao das demais, chegando quase à metade do total, ou 49,3% (IBGE, 2009). Porém, se em números absolutos o Sudeste e o Sul predominam, com ênfase no estado de São Paulo, quando se verifica a taxa de crescimento geométrico nos estados de maneira desagregada, o quadro se inverte. No período de 2003 a 2009, os estados que possuíam uma base pequena de domicílios com acesso à internet foram os que mais cresceram, com ênfase no Tocantins. No conjunto de crescimento mais intenso, apenas a Bahia parte de uma base um pouco maior, apontando um processo diferenciado.

CONCLUSÃO

Tendo em vista os traços gerais da distribuição do consumo da internet no Brasil, o quadro dos acessos tende a reproduzir a hierarquia urbana como um todo, concentrando-se na região Centro-sul, com peso também significativo nas capitais do Nordeste. São as metrópoles e algumas capitais que, possuindo as maiores larguras de banda em utilização, confirmam o caráter marcadamente urbano da rede. Essa característica da internet leva a crer, à primeira vista, que a densidade demográfica é um fator considerável de explicação, uma vez que quantidade de acessos parece ser proporcional à de habitantes nas cidades.

Quando se desce em detalhes e se qualifica o tipo de acesso, contudo, emergem importantes nuances mostrando que certas porções do território estão mais habilitadas para usufruir plenamente da rede do que outros. Para tanto, ganham destaque a atuação dos agentes regionais realizando investimentos, claro no caso do Paraná.

Embora hajam importantes diferenças em relação à rede urbana preexistente, a geografia dos acessos não chega a subvertê-la, como mostra a comparação desse dado com a teledensidade na região Norte: alguns estados estão excluídos do uso da telefonia para a conexão com a internet enquanto que, aqueles diretamente ligados pela rede urbana à regiões core do país têm uma situação melhor (nomeadamente Acre e Rondônia).

as localidades sem acesso, ou com um número muito baixo, ilustram as áreas onde a oferta desse serviço é limitado, quer pela falta de interesse das empresas, principalmente ligadas no ramo da telefonia fixa, em investir em mercados consumidores muito pequenos, quer pela baixa demanda solvável da população – ou ambas as coisas.

Nesse sentido, o crescimento econômico da última década e a tendência à queda de preços dos equipamentos de informática contribuíram para uma significativa melhora deste quadro, com um crescimento vigoroso no número de domicílios com conexão à internet, mais do que dobrando no período 2003-2009. Mesmo assim, é possível notar a persistência das desigualdades sociais também nos acessos à internet. Não só as regiões mais pobres e longínquas têm maior dificuldade de conectar-se, mas também há áreas de sombra justapostas e adjacentes àquelas mais conectadas.

Além das tendências gerais aqui observadas, a aplicação do modelo aditivo generalizado mostra que, regionalmente, há influências específicas alterando para cima o nível de acesso à internet, patente no caso do Paraná. Lançamos como hipótese o fato de o agronegócio, atividade altamente tecnificada e competitiva, sofrendo gargalos logísticos e com uma forte demanda por conectividade devido à complexidade de sua cadeia produtiva, ser responsável por essa alta relativa no uso da internet naquela região. Entretanto, esta atividade por si só, não parece conseguir potencializar a expansão da internet, uma vez que é ativa em outras áreas que não apresentam um acesso facilitado. É somente através da atuação de uma política estatal ativa que tal expansão se dá. O binômio Estado e Mercado atua, com o governo estadual paranaense realizando os investimentos em infraestrutura demandados pelas empresas lá localizadas, através de sua empresa estatal de telecomunicações – a Copel – de forma a se fortalecerem mutuamente. Isto redunda em uma quantidade de acessos acima do que se esperaria pelos PIBs municipais, além de velocidades de navegação mais altas. Esta hipótese, entretanto, deve ser verificada futuramente através de uma investigação própria e verticalizada na região.

Cremos haver contribuído para confirmar a afirmação de Zook (2001b) de que, apesar da promessa de conexões ubíquas, a internet é uma rede mais seletiva do que se quer crer, tendo um forte paralelo com o espaço geográfico e com o desenvolvimento econômico. A internet, no lugar de destruir a geografia, está conectando seletivamente alguns lugares e pessoas de maneira bem ativa ao mesmo tempo em que ignora e contorna outros.

O cenário brasileiro de inclusão digital revela índice relativamente baixo de penetração do acesso à Internet nos domicílios de área urbana, sendo que apenas 44%1 desses domicílios possuem acesso à Internet. No entanto, alunos de escolas públicas 2 e privadas em áreas urbanas demonstram um panorama diferente: 67%3 deles possuem acesso à rede em seu domicílio, proporção muito superior à média brasileira. Esses dados revelam que a posse de computador e Internet é maior nos domicílios com crianças em idade escolar. Desta forma, tais resultados reforçam a ideia das tecnologias como um meio alternativo de acesso à informação, e, consequentemente, de recursos complementares para a educação dos jovens brasileiros

Ainda que a proporção de alunos com computador e Internet em seu domicílio mostre-se significativa, os dados da pesquisa “TIC Educação 2012” apontam que há uma disparidade

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