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Didática da Alfabetização e do Letramento História da Educação e da Pedagogia

Por:   •  17/9/2018  •  4.172 Palavras (17 Páginas)  •  392 Visualizações

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Qual foi a sensação de entrar numa sala de aula pela primeira vez? “Na época não tive problemas, tudo transcorreu com naturalidade, até mesmo porque a criança na sala de aula para com o professor era um filho, e, eles por sua vez nos tinham como uma mãe. Era muito fácil, tão fácil que se não ministrássemos aula, estaríamos certas. Ninguém nos questionava; tínhamos uma incumbência: ensiná-las ler e escrever.”

Houve alguma decepção no seio educacional? “Várias. Desde o descontentamento em dar aula, até a intolerância dos pais. O que havia vivido lá trás, nos meus últimos dias percebia que os valores haviam mudado. O professor passou a ser visto como o vilão na vida do aluno. O professor tinha que conviver com os problemas dos alunos, quer fosse social, emocional, psicológico e até infracional. Foi uma experiência muito dolorosa para mim. E o pior dia da minha vida foi quando uma criança de 6 anos me disse: “você não manda em mim, eu pago seu salário!”. Olha o absurdo! Não aguentei, me senti humilhada!”

Com base às informações acima, como você conseguiu equilibrar-se com a situação? “Como não tinha nenhum respaldo, passei a fingir que não ouvia. Não adiantava chamar os pais, falar com a direção. Não ficavam do meu lado. Porém meu descontentamento aumentava a cada dia. Me tornei uma profissional infeliz, sem motivação.”

Você tem saudade de alguma coisa? “Sim, das crianças inocentes, amorosas, àquelas em que ajudavam umas às outras. Da família que enxergava o professor como “DEUS”. Me respeitavam!”

Qual foi o método de ensino utilizado para a Educação de Ensino infantil? Pode diferenciar esse método no início da carreira e no final? “No início da carreira eram utilizadas cartilhas, que deveriam ser cumpridas e o método principal era ensinar por meio da repetição. O aluno precisava aprender decorando. Não havia diálogo. O professor falava e eles ouviam. O professor mandava e eles obedeciam. Ao final, esse método era ajustar-se à necessidade da criança, a aprendizagem do aluno era mais por indução do que ensinar. Sua avaliação era realizada num conjunto como aluno, não só pelo conteúdo dado. Esse método atual foi, na minha opinião, o mais difícil.”

Gostaria de deixar alguma mensagem para os novos educadores de hoje? Teria algum conselho a dar? “Na verdade tenho. Hoje o professor que se aventurar a assumir sala de aula por obrigação não conseguirá lidar com a problemática familiar e social. Embora haja interesse do governo em alfabetização, e do próprio professor, a família não tem esse interesse. Muitas famílias enxergam a escola como forma de asilo para o filho; um lugar em que o filho ficará para aprender. Eles não se interessam com a aprendizagem; ou o que fez ou faz durante o período escolar. O educador terá enfrentará mais barreiras do que pôr em prática tudo aquilo que aprendeu sobre dar aula. Meu conselho é. Se quer dar aulas, as dê com amor e carinho, as tenha em seu coração. Imagine que o que fazer, falar e agir, influenciará por inteiro na vida daquele ser a sua frente. Não desanime pelos obstáculos a seguir.”

Para finalizar, podia me dizer se durante esse tempo de educação, fez algum curso ou assistiu palestras que auxiliou lidar com a transição educacional? “Li muito. Artigos que dizia respeito a educação atual sempre fez presente no eu dia a dia. O único curso que fiz foi os dois anos de faculdade para regulamentar o Magistério. Frequentei algumas palestras impostas pelo setor educacional para qual lecionei. Mas, estas atualizações, não muda a realidade do professor em sala de aula. Te oferece mais orientações.”

Docente atuante desde 1992, formou-se no Magistério, iniciou sua carreira na creche municipal; assumiu sala de aula conhecida como a antiga “pré-escola”, hoje educação infantil. Hoje suas atribuições seguem em dois períodos: uma, no período da manhã na escola municipal e outra no período da tarde na escola particular.

Poderia deixar registrado como foi alfabetizada? Não gosto de me lembrar. A mulher não tinha direitos. A sala de aula era separada. Meninos e meninas não estudavam juntos. O professor era “DEUS”, não era questionado por nada. Se olhasse para ele era castigado. Ficávamos de joelhos no milho, sabia?! Mas aprendi ler e escrever decorando. Tudo tinha que ser decorado.

Isabel Marins Almeida, de 44 anos de idade, nascida no Estado de São Paulo, há 20 anos trabalha e mora no Vale do Paraíba, em especial na cidade de Caçapava-SP.

Observando o objetivo da entrevista Isabel respondeu às perguntas:

Qual foi a motivação que a levou lecionar no ensino infantil? “Sempre adorei crianças. Encontrei na sala de aula uma motivação que me completava. Tudo era divertido. No começo, as crianças eram muito carinhosas. Eles me abraçavam quando chegavam na sala, quando iam embora, quando encontravam comigo na rua. Era algo do outro mundo. Eu me sentia Deusa. A aprendizagem parece ser mais fácil quando a relação de aluno x professor é de proximidade. Os anos passaram e as coisas foram ficando difícil. Os pais intolerantes, os alunos impacientes, desrespeitosas.”

Qual a foi a sensação de entrar numa sala de aula pela primeira vez? “Embora gostasse de crianças, a sensação, pela primeira vez, assusta. Você entra na sala com muita expectativa. Encarar aquelas crianças, todas olhando para você, é desconcertante, mas ao mesmo tempo gratificante. Como já lhe disse, a sensação é maravilhosa.”

Houve alguma decepção no meio educacional? “Não. Consegui lidar com todos os percalços que surgiram nessa caminhada, até os dias de hoje. Dos percalços, posso mencionar, as respostas mal criadas das crianças, a incompreensão dos pais, a falta de recurso educacional, o problema aluno x família, que são muitos.”

Com base aos dados relatados anteriormente, como você conseguiu se equilibrar com a situação? “Não tive problemas, consegui ludibriar todas as situações, e, aproveitava cada situação para trabalhar em sala de aula, fosse na antiga matéria conhecida como ciências sociais, história, português, linguagem e arte. Tudo virava motivo para ser estudado.”

Você tem saudade de alguma coisa? Dos meus alunos, cada um foi especial para mim. As vezes paro e penso: “o que será que João faz hoje, Maria, Lucia!” e por aí o pensamento divaga”

Qual foi o método de ensino utilizado pela educação de ensino infantil Pode diferenciar esse método no início da carreira e o aplicado hoje? Posso lhe dizer que não teve tanta mudança, pelo menos na

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