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CURSO PRÁTICO DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS REDAÇÃO DISSERTATIVA

Por:   •  14/4/2018  •  13.731 Palavras (55 Páginas)  •  310 Visualizações

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A lingüista Diana Luz pessoa, da Universidade de São Paulo, ressalva que a paixão nacional por vocábulos estrangeiros não se deve ao desconhecimento do idioma. "É uma questão de dominação cultural, mesmo. Só que língua não é questão para lei. Ninguém fala certinho por imposição", observa.

ISTO É, 1612, 23/8/2000

O projeto é fruto de uma idéia fora de lugar (mais uma): a de que o português falado no Brasil estaria ameaçado de extinção, assim como o mico-leão-dourado ou a arara-azul. Repete-se no terreno do idioma a mesma lengalenga que se desenrola no campo da economia. A invasão do inglês (o avanço do neoliberalismo) resultaria na derrocada da nossa inculta e bela língua (a empresa nacional). Para ilustrar essa tese, seus defensores sempre utilizam o mesmo e surrado exemplo: cartazes de lojas de shopping centeres (ops! Centros comerciais). Está certo que os abusos beiram o ridículo. Entre eles, estampar nas vitrines "sale" e "50% off" em vez de "liquidação" e "50% de desconto". No entanto, multar um lojista por uma caipirice que depõe unicamente contra ele próprio é um exagero.

VEJA, 1664, 23/8/2000

Considere as opiniões acima e apresente o seu ponto de vista sobre o assunto. Diga se você é a favor ou contra uma lei deste tipo e apresente argumentos que amparem seu posicionamento.

Redação de aluno: “Um projeto indesejável”

O projeto de lei que prevê restrições à utilização de termos estrangeiros nos meios de comunicação e no comércio não deve ser considerado uma boa idéia. A falta de conhecimento de seu idealizador, o purismo inconseqüente e a falta de habilidade para analisar as causas do problema (e não seus efeitos) são motivos que justificam a inépcia da proposta.

Uma iniciativa que envolva modificações ou restrições no idioma de um país deve partir de um estudo muito bem elaborado na área de linguagem. Por meio desses estudos, chegar-se-á à conclusão de que a interinfluência lingüística é fator natural na formação de qualquer língua, seja ela a portuguesa, a inglesa, a japonesa ou qualquer outra. O intercâmbio, é claro, aumenta em tempos nos quais os meios de comunicação se encontram em sua fase áurea, rompendo as barreiras geográficas que antes dificultavam a interação cultural e, conseqüentemente, lingüística entre os povos.

Além disso, deve-se considerar que a iniciativa de "preservar" o idioma não é novidade nem atributo exclusivo do Brasil. Houve época em que os termos de outra língua internacional dominante - o francês - estiveram na berlinda. Não faltaram intelectuais conservadores que condenassem a "apropriação indébita" de galicismos, como se eles ameaçassem a nossa soberania e identidade lingüísticas. Na França, atualmente um dos países mais conservadores em se tratando de idioma, existe uma política de protecionismo lingüístico, a qual tenta desestimular, sem motivos plausíveis, a adoção de expressões estrangeiras, principalmente as inglesas.

O que as nossas autoridades deveriam levar em conta na verdade são as causas, e não as conseqüências da "invasão" de estrangeirismos no Brasil. Se a utilização do inglês, por exemplo, confere prestígio a algumas pessoas, isso se deve ao fato de os Estados Unidos serem o país de economia e, por conseqüência, cultura dominantes no mundo. Da mesma maneira como na época de dominação (e decadência) romana até os bárbaros queriam se apropriar do latim, que representava a cultura dominante, cá estamos atualmente, os países "bárbaros" do Terceiro Mundo, utilizando-nos da língua, da música, dos costumes e das idéias do império americano. Vê-se, assim, que a apropriação lingüística é somente uma das várias provas de nossa submissão aos estadunidenses. Se se restringir a dinâmica lingüística, também seremos proibidos de desfrutar outros produtos de sua cultura?

Logo, não é difícil enxergar que a idéia do deputado Aldo Rebelo não deve sair do papel. É, sem dúvida alguma, um “show” de incongruências.

Você deve ter percebido que o texto acima é uma dissertação argumentativa. O autor expôs, logo no primeiro parágrafo, a sua tese, a sua opinião sobre o polêmico projeto de lei do deputado Aldo Rebelo. E, para comprová-la, utilizou-se, nos três parágrafos subseqüentes, de argumentos sólidos e convincentes.

Compare a postura dos autores dos dois exemplos acima. Em “Exercícios sempre”, houve a intenção primordial de informar, enquanto em “Um projeto indesejável” é nítido o objetivo de convencer e opinar.

- DISSERTAÇÃO – ESTRUTURA

Você já sabe o que é uma dissertação. Podemos agora estudar a estrutura do texto dissertativo, o que será essencial para que o seu desempenho como escritor seja bom.

Qualquer dissertação, independentemente de sua extensão, costuma apresentar uma estrutura bastante simples, porém importantíssima, uma vez que organiza as idéias de maneira que o leitor as compreenda bem. Essa estrutura é composta de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Numa dissertação tradicional de vestibular (de 20 a 30 linhas plenas), a introdução é o primeiro parágrafo. Nele, deve-se apresentar a opinião (tese) a ser defendida (dissertação argumentativa) ou a idéia sobre a qual se quer informar o leitor (dissertação expositiva). É essencial que a idéia ou opinião apresentada na introdução seja abordada na segunda parte, o desenvolvimento. Alguns escritores, por distração, esquecem-se de desenvolver alguma informação exposta na introdução. Esse problema é considerado grave.

O desenvolvimento (os dois ou três parágrafos depois da introdução) é, não restam dúvidas, a parte mais importante de qualquer dissertação. É nele que se encadeiam os argumentos que comprovarão a opinião apresentada na introdução (dissertação argumentativa) ou as informações que se quer transmitir ao leitor (dissertação expositiva). Em se tratando de concursos vestibulares, é melhor que cada informação ou argumento seja desenvolvido em um parágrafo do desenvolvimento.

Já a conclusão (último parágrafo) é o desfecho do texto dissertativo. Nessa parte, pode-se proceder de três maneiras: a) reforçando a opinião apresentada na introdução (dissertação argumentativa); b) resumindo os pontos abordados no texto todo (dissertação argumentativa ou expositiva); ou c) propondo medidas que possam solucionar

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