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A equivocada interpretação da resolução de problemas de Física, como panaceia para problemas de ensino de Ciências Exatas

Por:   •  15/1/2018  •  2.910 Palavras (12 Páginas)  •  401 Visualizações

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- O aluno diante da problemática da resolução de exercícios e/ou problemas

Um dos principais problemas acerca das dificuldades que os alunos enfrentam, sequer diz respeito exclusivamente à Física, mas sim à Matemática.

Como se sabe, o Brasil possui uma posição bastante desconfortável no ranking “PISA” (Programme for International Student Assessment) [1], o que denota uma qualidade certamente questionável do nosso ensino, com vistas principalmente para Matemática, que é o ponto em questão.

É indiscutível o fato de a Física não poder ser tratada como subproduto da disciplina de Matemática quanto ao seu ensino. Não se pode reduzir o pensamento científico, a linguagem e a metodologia científica, a uma mera reprodução de cálculos de forma autômata, ainda que muitos professores hajam dessa forma notoriamente equivocada. No entanto, há de se mencionar a vital importância que um bom domínio da linguagem matemática, assim como das estratégias de solução de problemas dessa disciplina, implica em maior facilidade na resolução de problemas de Física. Logo, não é exagero pensar que um mal resultado em Matemática quase sempre leva a uma educação deficitária em Ciências - principalmente Física.

Assim sendo, é possível concluir que o quadro para o ensino de Física é adverso desde o princípio, pelo fato de os alunos do ensino básico não gozarem de um conhecimento matemático minimamente razoável. No próprio ranking supracitado, no Brasil os resultados para Matemática e Ciências são considerados pouco abaixo do mínimo aceitável. Esse fato por si só já atrapalha consideravelmente a execução da metodologia de resolução de problemas. Entretanto, tal não pode - nem deve - ser usado como “muleta” para a não utilização dos problemas. Faz-se necessária uma substancial adequação, que não passa por excluir-se problemas que exigem ferramental matemático. A questão no fim, acaba esbarrando em outros problemas, como a formatação dos problemas sugeridos aos alunos, a carência de propósito nas questões (problemas e/ou exercícios) propostas comumente pelos professores, falta de embasamento conceitual teórico suficiente para a resolução dos problemas, dificuldade quanto à coordenação de sequência lógica e transposição dos conceitos além da aplicação de formulas matemáticas, interpretação de enunciados e estratégias de solução adequadas.

No texto, Peduzzi analisa de forma bastante profunda não somente o contexto, mas a relação que o estudante tem com o problema quando da realização do mesmo, no âmbito do proposto pelos teóricos G. Wallas, J. Dewey e G.Polya, acerca dos processos mentais pelo qual o estudante passa, durante a resolução de um problema. Segundo Peduzzi, Wallas estabelece quatro etapas (fases) durante a resolução de um problema: preparação, incubação, iluminação e verificação.

De forma análoga, Dewey salienta aspectos na forma como um estudante resolve um problema. Para ele, o estudante passa por um estado de dúvida, o qual é sucedido por uma tentativa de identificar o problema, para então entender qual o objetivo a ser alcançado. Na sequência, com base na capacidade cognitiva do solucionador, o mesmo busca hipóteses as quais tentará comprovar, quando então a resolução do problema passará a fazer parte da estrutura cognitiva do solucionador.

Por sua vez, Polya também determina quatro fases para a solução de um problema: descrição, planejamento, implementação e conferência. Interessante salientar que na etapa de descrição, o autor sugere que o solucionador liste os dados e monte diagramas que corroborem sua resolução, estratégia amplamente empregada por docentes da rede básica de ensino público ou privado.

Na fase de planejamento e também na implementação, o solucionador deve então traçar estratégias para atacar a questão após ter entendido completamente sua problemática. Nisso, diverge do exposto por Wallas em suas etapas análogas - incubação e iluminação, as quais sugerem um caráter quase esotérico para a resolução de problemas, sobretudo quando cita o surgimento do “insight” como um ponto de inflexão na atividade do solucionador.

Peduzzi segue em sua abordagem mencionando a existência de outros fatores que interferem na atividade do solucionador de problemas. Seria demasiado simplista acreditar que uma sequência de passos bem determinada teoricamente, poderia tornar todo tipo de estudante em um experiente resolvedor de problemas. Ele cita algumas “variáveis do ponto de vista psicológico”, que se apresentam na atividade do solucionador, como ansiedade, frustrações e etc. Não obstante, há de se pensar sobretudo quando se analisa a situação do estudantes das escolas públicas de bairros mais carentes, na probabilidade de existência de variáveis um tanto quanto mais drásticas que as expostas por Peduzzi. Poderia somar-se a essas variáveis a questão socioeconômica, questões relacionadas à autoestima, falta de acesso à cultura erudita, carência de perspectiva de trabalho e/ou continuação dos estudos após o término do ensino médio, ausência de figuras paterna e/ou materna, e etc.

Não se estabelece que tais fatores sejam exclusividade dos bairros mais carentes. Pelo contrário, fomenta-se a discussão de que mesmo em escolas localizadas em bairros com maior oferta de serviços públicos, ou com população de maior poder aquisitivo, notam-se baixos índices de qualidade de ensino a despeito da condição socioeconômica. Apenas pontua-se que certamente, questões de natureza social interferem na acessibilidade ao ensino de boa qualidade, quanto a isso não restam dúvidas.

- A tarefa do “expert”

O autor menciona a criação da figura do “expert”, quando da resolução de problemas. O mesmo pode ser o professor e/ou estudantes com maior aproveitamento nesse tipo de atividade, o que denota um demasiado apreço pela metodologia de resolução de problemas em sala de aula, que pode sim contribuir para melhor compreensão dos conteúdos, tanto quanto pode limitar a experiência didática dos estudantes condicionando todo o ensino de Física tão somente à resolução de problemas. Trata-se de um erro, pois tão ruim quanto um aluno que não tem a habilidade de solucionar um problema de Física, o é formar estudantes que entendem por Ciência mera resolução de questões de vestibular.

Não raro as escolas não dispõem de laboratório nem sala de vídeo, tampouco sala de Informática que propicie ao estudante uma visão menos homogênea do conteúdo. É óbvio que resolver

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