A educação do campo
Por: eduardamaia17 • 11/5/2018 • 1.490 Palavras (6 Páginas) • 337 Visualizações
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PERGUNTA
Como projetar uma educação do campo para o campo num contexto onde as relações são estabelecidas por uma lógica capitalista?
A educação do campo deve ser oferecida a partir de um contexto em que as características locais da população sejam levadas em conta e que sua realidade seja o ponto de partida para as ações pedagógicas realizadas. A educação deve ser um processo permanente e contínuo que proporcionem aos povos o direito à informação como forma de problematizar sua realidade. O processo de educação acontece nos diferentes espaços de atuação dos sujeitos, pois ela é gerada no próprio movimento da sociedade.
ZEN, Eduardo Luiz; FERREIRA, Ana Rita de Lima. Movimento dos atingidos por barragem. In. CALDART, Roseli Salete (Org.) Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2012. p. 489-493.
MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGEM
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é um movimento social brasileiro que reúne povos tradicionais, como ribeirinhos, pescadores, indígenas, quilombolas, trabalhadores rurais, camponeses proprietários de terras ou não, e populações urbanas que foram afetadas de alguma forma pela construção de barragens.
Esse movimento que tem forte característica popular surge a partir de uma reação contra construtoras, governos e proprietários desses empreendimentos, seu reconhecimento diante da sociedade e o Estado se estabelece de acordo com a quantidade de pessoas que mobiliza em suas ações pela clareza das propostas que defende.
O MAB em relação ao modelo atual do setor energético brasileiro é bastante crítico, pois luta em defesa dos rios, da vida e da natureza, além de lutar por direitos básicos que evoluiu para o questionamento ao sistema político e econômico como um todo, com o objetivo de garantir condições dignas de vida a seus integrantes.
A construção de barragens traz consequências negativas para as regiões em que são construídas, vão desde o alagamento de grandes áreas quanto pelos desvios de rios e barramentos até ao sobrecarregamento dos serviços públicos e a infraestrutura. Apesar de todos os impactos negativos, poucas ações são efetivadas.
As desapropriações são feitas e as populações são remanejadas para outras localidades que muitas das vezes não oferecem o padrão de vida que elas tinham, além de que quando são indenizadas o valor estabelecido não é o justo pelas áreas ocupadas. Essas situações acabam por provocar resistência por parte dos atingidos que manifestam-se contra essas ações. Por isso que quanto maior a resistência, quanto maior a organização, mínimas são as chances de as empresas ignorarem os atingidos, e melhores são as condições para reparações e garantia de direitos.
Foi nos anos 1970 que a construção de barragens se intensificou no Brasil em razão do aumentou da demanda por energia, assim como a crise do petróleo verificada a partir de 1973 que incentivou a busca por fontes energéticas mais baratas. O Brasil nesse contexto investiu no potencial hídrico que dispunha, resultado da existência de muitos rios extensos e caudalosos. Nesse cenário de construção de barragens, surgiu organizações locais de atingidos por barragens, como organizações autônomas ou integradas a sindicatos de trabalhadores rurais, pastorais sociais e organizações não governamentais (ONGs).
Em março de 1991, com a realização do I Congresso Nacional dos Trabalhadores Atingidos por Barragens, é fundado o Movimento dos Atingidos por Barragens cujo objetivo da luta não se dissocia da questão ambiental em que o atual modelo energético é questionado sobre o controle privado das fontes e dos meios de produção de eletricidade. A gênese da Educação do Campo nesse movimento está na luta pelo reconhecimento do campo como espaço de vida e na defesa de um projeto de desenvolvimento que se contrapõe ao projeto de desenvolvimento hegemônico.
Por que a construção de barragens traz consequências negativas para as regiões em que são construídas?
Porque elas causam alagamento de grandes áreas e desviam rios e barramentos, que diminuem a vazão em alguns trechos. Além de que o paredão que transforma rios em lagos retém sedimentos e nutrientes que impede a migração e reprodução de espécies de peixes, modifica a fauna aquática e inviabiliza a atividade pesqueira por longos anos. Provoca também a destruição de florestas e terras agricultáveis, e milhares de pessoas são expulsas de seus territórios e perdem a fonte de sustento ligada ao rio e às áreas alagadas. Ao mesmo tempo, que um contingente de migrantes atraídos pela construção da obra altera repentinamente o perfil demográfico das regiões atingidas, sobrecarregando os serviços públicos e a infraestrutura local. Ou seja, os prejuízos vão além do aspecto ambiental, perpassam pelo demográfico, econômico e político.
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