A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO
Por: Carolina234 • 18/12/2018 • 2.075 Palavras (9 Páginas) • 328 Visualizações
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7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Não há como negar que a escola, em qualquer processo de alfabetização, destaca a leitura como atividade sempre presente. Todavia, o que se pergunta não é se a escola desenvolve atividades de leitura, mas se saber em que condições a produção da leitura ocorre e se desenvolve.
Silva (1998), ao analisar os elementos de pedagogia da leitura, alerta para a questão ideológica, presente, ao longo da história, em livros, como se tudo o que está escrito é verdadeiro. Além disso, na prática escolar brasileira, a leitura adquire característica de isolamento, ou seja, ela ocorre sem a mediação com as questões sociais onde o leitor está inserido.
Uma outra questão que merece destaque diz respeito ao sobreaviso aos profissionais da educação, pois
[...] precisam ficar bastante atentos quanto ao paternalismo que vem se fazendo presente na área da leitura escolar. Quer dizer: os programas nacionais de distribuição gratuita de livros para as escolas não podem fugir a uma análise por parte dos trabalhadores da educação. Grifos no original. (SILVA, 1998, p. 20).
Esse paternalismo, assinalado por Silva (1998), dificulta o processo de leitura ter consistência. Porém, só será possível se a leitura for uma extensão do mundo circundante da criança. Uma leitura voltada somente ao passado, não consegue mostrar o que pode ser mudado no futuro. Ler o passado só adquire importância vital se significar trazê-lo à analogia dos acontecimentos de hoje, dando qualidade à leitura, atualizando seu contexto. Para isso, são necessários que alguns princípios sejam incorporados ao trabalho do professor, especialmente na etapa da alfabetização:
[...] um primeiro princípio para a construção de uma nova pedagogia da leitura diz respeito ao conhecimento, pelo professor, das circunstâncias de vida dos alunos e à recuperação, como ponto de partida, das suas experiências vividas [...]
[...] Um segundo princípio [refere-se] às orientações de sua prática em sala de aula.
[...] Por outro lado, deve existir uma horizontalidade no trabalho de interpretação dos textos, com a abertura de espaço para a discussão daquilo que foi lido de modo que seja efetivamente construído um circuito de comunicação e partilha em torno desses textos. (SILVA, 1998, p. 26-28).
A leitura é um processo que exige a percepção de ideias, métodos e materiais, constando de unidades linguísticas significativas, ou seja, elementos ideativos. Dessa maneira, a criança parte desse conceito ideativo, já formado, portanto, para a compreensão dos objetos que fazem parte do seu mundo. É a presença da dedução lógico-formal, partindo do todo para explicar os detalhes. Quando a criança associa sinal e som inicia-se a produção do conhecimento, sendo concluído quando o conceito (expresso naquele sinal e naquele som) é apreendido.
Desde Comenius, quando publicou Orbis Pictus, em 1657, e outros seus seguidores, a leitura sempre foi considerada importante momento na alfabetização, pois ela explica o significado do que está escrito, considerando, inclusive pelo conteúdo dessa obra. Nela, Comenius recompilou todas as coisas que fundamentam o universo e todas as atividades essenciais da vida em representações visuais. Sendo o primeiro livro de texto ilustrado, também foi, por muito tempo, o único livro escolar (NARODOWSKI, 2001, p. 23-24).
O trabalho de leitura começa muito antes do início da escolaridade infantil. Quando alguém conta uma experiência, vê e interpreta imagens, assiste a filmes, desenhos, etc, já está desenvolvendo a leitura. Apesar de a leitura ser uma forma de expressão, mesmo sem saber ler palavras, a criança fala, escuta, reproduz. Todavia, a leitura só se configura formativa onde acontece uma relação íntima entre o texto e a compreensão que o leitor faz do mesmo, ou seja, a leitura modifica a forma de ser e pensar do sujeito. É a interminável relação sujeito e objeto.
Nesse sentido, é importante ressaltar que
Já se sabe que o segredo da alfabetização é a leitura, alfabetizar é na sua essência, ensinar alguém a ler, ou seja, a decifra a escrita. Escrever é uma decorrência desse conhecimento e não o inverso, na prática escolar, parte-se sempre, do pressuposto de que o aluno já sabe decifrar a escrita, por isso o termo ‘leitura’ adquire outro sentido, trata-se então da leitura para conhecer o texto escrito, na alfabetização a leitura é o objetivo maior a ser atingido, os próprios textos são na maioria das vezes, pretextos para trabalhar a leitura como decifração. (CAGLIARI, 1998, apud ALVES, ESTRADA, 2006a, p. 33).
Quando a criança passa a ser inserida no ambiente de educação deve ter contato com uma diversidade de leitura e de escrita, que possa proporcionar habilidades e competências necessárias à alfabetização. Estas se indicam com o processo de compreensão da forma como a escrita alfabética representa a linguagem. Precisa-se também deixar que a criança conte histórias trabalhando textos que tenham relação com a sua realidade, deixando para trás frases artificiais que para ela não têm sentido. Daí a importância de que
Alfabetizar inclui, necessariamente, letrar. Quer dizer, o que se faz na escola precisa estar presente na vida das crianças e suas famílias, em particular a criança precisa atingir a habilidade de interpretação própria. Não basta fazer texto, é principalmente decisivo saber fazer texto, no qual a capacidade interpretativa seja bem visível. Esta expectativa não se exaure na utilidade do que se aprende, porque pode ser imediatismo. Trabalhar bem uma poesia, por exemplo, pode não ter grande utilidade prática imediata, mas pode ser proposta altamente formativa, dependendo do que e como se aprende. A própria noção de brincar, essencial para o envolvimento da criança, insinua que as coisas não se movem apenas por utilidade imediata, mas pelo sentido que possam ter. Diz-se por isso que a alfabetização precisa ser ‘significativa’, fazer parte da vida, ter sentido para quem está nela inserido, provocar novos sentidos. Dominar o código linguístico é necessário, mas apenas insumo, começo, suporte. A marca maior do ser humano é saber lidar com tais códigos, atribuindo-lhes sentidos semânticos criativos. Através desta trajetória pode-se chegar à noção de ‘ler’ a realidade, no sentido de saber não só decodificar, mas principalmente transformar. (DEMO, on line).
Para que a criança entre em contato com os bens culturais, faz-se necessário
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