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ANÁLISE DO POEMA CANÇÃO DOS QUARENTA ANOS DE RUY BARATA

Por:   •  5/5/2018  •  1.514 Palavras (7 Páginas)  •  1.331 Visualizações

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Paulo Plínio Abreu, O Polichinelo.

Paulo Plínio Abreu, nascido em Belém em 1921, foi dono de uma escrita singular, mas que morre precocemente aos 38 anos sem ter nenhum livro publicado. Foi Francisco Paulo Mendes, seu professor, que colheu os poemas publicados em revistas e jornais e publicou-os no livro conhecido por Poesia por volta de 1978. Dentre os poemas publicados, O Polichinelo é basicamente um autorretrato do próprio autor.

O Polichinelo

O seu segredo era como o dos outros.

Seus olhos eram de vidro azul

e na boca vermelha

o riso da ironia.

O humor profundo, amargo e doloroso

vinha de sua boca;

o riso da sabedoria

e do desespero

gritava da sua boca aberta em sangue.

O riso do polichinelo

vinha do coração ausente, era uma advertência.

Era apenas o riso

e falava de um mundo

maior que sua alma.

Pode-se notar que não é a toa que o poema acima é considerado um autorretrado de Paulo Plínio Abreu, nos versos “O humor profundo, amargo e doloroso/ vinha de sua boca/ o riso da sabedoria/

e do desespero”, o autor retrata um humor singular, que se torna amargo e doloroso, que mesmo sendo tão sábio o desespero não o abandona. Expressões como esta já é característica do autor dentro do panorama literário da época, as experiências do presente em suas obras estão sempre associadas a uma identidade. O Polichinelo é um poema composto por versos livres, sem apresentar rimas e esquema fixo, o que permitiu que Paulo Plínio Abreu ficasse livre para produzi-lo, possibilitando aos leitores uma melhor compreensão da obra.

Max Martins, Elegia Dos Que Ficaram.

Max Martins, natural de Belém, teve destaque no âmbito literário paraense como poeta e colaborador na Revista Literária Encontro, teve seu primeiro livro de poesias “O Estranho” publicado em 1952. Depois desta publicação, várias outras obras foram publicadas, muitas delas bem extensa, o que permitiu ao autor a exploração das riquezas literárias adquiridas por ele ao logo do seu quase meio século de poemas publicados, no dia 9 de fevereiro de 2009 falece deixando sua vasta contribuição no cenário literário paraense.

Em meio a tantas obras, Max Martins transmite em Elegia Dos Que Ficaram um sentimentalismo real, que mesmo por meio de metáforas não foi possível ocultar.

Elegia dos que ficaram

Apenas o rumor

Da máquina incansável de costura

Vai, num canto de dor,

Pela casa enlutada.

Está toda fechada

e ainda há vagando pela sala

Um perfume suave

De rosa machucada.

Mansamente

No quintalejo o vento

Balança

A roupa preta no relento.

Sob a lâmpada triste

(tudo é triste neste lar vazio),

Num retrato sorri por entre flores

Aquele que partiu.

Porém rodeando a mesa na varanda,

Recordando os instantes que passaram,

Chora aquela que ficou,

Aqueles que ficaram.

O poema acima está dividido por estrofes, somando um total de 20 versos, contendo rima entre si. Através da metáfora utilizada na produção do mesmo, nota-se que se trata de um poema que demonstra um sentimento de perda do próprio autor, nos versos “Está toda fechada/e ainda há vagando pela sala/Um perfume suave/ De rosa machucada”, nos remete a ausência de alguém que viveu ali, e ao mesmo tempo a presença de um funeral, ficando mais em evidência o que realmente está se passando nesses próximos versos “Porém rodeando a mesa na varanda/ Recordando os instantes que passaram/ Chora aquela que ficou”. Analisando minuciosamente os versos do referido poema, fica evidente o sentimento que arrasa o autor, a perda de alguém querido.

CONCLUSÃO

Após a análise dos poemas dos referidos autores, percebe-se a relação dos mesmos no que se refere à vontade do desabrochar da literatura paraense no cenário literário. Tanto Ruy Barata, como Paulo Plínio e Max Martins lutavam para alcançar esse apogeu, eles fizeram parte da Geração Moderna do Pará, uma geração que muito lutou e contribuiu para o reconhecimento dos autores paraenses. Sem muitos recursos fizeram sua parte, e deixaram seu legado para servir de inspiração para os novos intelectuais da região.

Dotados de uma sabedoria mútua, estes escritores produziam e publicavam suas obras, porque acreditavam que um dia seria reconhecido não só nos grandes centros, onde a literatura é vista como algo magnífico, mas principalmente em sua terra natal, onde autores de outras regiões conseguem mais destaque do que eles próprios, os frutos da própria terra.

REFERÊNCIAS

ABREU, Paulo Plínio. O Polichinelo. In. Poesia. Belém: Universidade Federal do Pará, 1978, p. 11.

BARATA, Ruy Paranatinga. Antilogia. Belém: RGB Editora, SECULT, 2000, p. 57-60.

Blog Da Joana. “UM POUQUINHO DE RUY BARATA, SÓ PRA NÃO SE CONFUNDIR!”. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2016.

CRUZ, Benilton. “DIFÍCIL É DIZER-TE O QUE AMAMOS”. Considerações Sobre a Poesia de Paulo Plínio Abreu. Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00006.htm>. Acesso em: 14 set. 2016.

MARTINS, Max. Elegia dos que

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