Uma Análise sobre a violência na obra As Troianas
Por: Kleber.Oliveira • 1/12/2018 • 3.449 Palavras (14 Páginas) • 459 Visualizações
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A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; deve ser composta num estilo tornado agradável pelo emprego separado de cada uma de suas formas; na tragédia, a ação é apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores. Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por efeito obter a purgação dessas emoções. (ARISTÓTELES, 2001, p.8)
Assim, o autor nos chama a atenção para as ações do homem, de forma que chame a atenção para um problema e faz com que o leitor crie um pensamento sobre determinada situação, permitindo ao individuo uma postura diante do que lhe é apresentado. Assim, nos é apresentando a tragédia de Eurípedes, que tem o seu início após uma guerra, nos demonstrando assim as suas consequências.
Tudo se passe em Tróia, local que habitam o Rei Príamo e a Rainha Hécuba, pais de Heitor, Páris, Deífobo, Cassandra e Políxena.
Em razão das desavenças ocorridas com o Menelau de Grécia e Tróia, motivados por uma traição de sua esposa Helena, filha de Zeus, com Páris, Menelau e Agamenon decidem buscar Helena que se encontrava sob a proteção do Rei Príamo sob suas muralhas.
Não sabendo de que forma os gregos acessariam intramuros, tiveram a idéia de presentear o Rei Príamo com um cavalo de madeiro, porém este cavalo estava com soldados e armamento para resgatar Helena e dizimar Tróia, como vingança pelo fato ocorrido, ou seja, traição de Helena.
Uma vez atingido o intento da invasão puseram-se a agir de toda forma violenta, matando o Rei Príamo, seus filhos Páris e Heitor e outros troianos, isto posto restou às mulheres, denominadas aqui As Troianas:
Muitas troianas excluídas da partilha estão prisioneiras lá naquelas tendas; compõem o melhor e derradeiro lote já reservado aos chefes dos vitoriosos. No meio delas se destaca Helena bela, tratada agora justamente como escrava. Se alguém quiser neste momento contemplar a imagem do infortúnio, bastará olhar, caída ali, defronte à tenda, a idosa Hécuba; quantas e quão sentidas lágrimas derrama, quantos motivos ela tem para chorar! (EURÍPIDES, 2004, p. 171)
As mulheres que também sofreram violência, primeiro porque regra geral quando ocorre a conquista de um território por outros, os que foram vencidos tornam-se escravos ficando sob o jugo dos vencedores, isto posto a mercê de suas decisões, as vezes das mais nefastas as não tao nefastas como somente servi-los como escravos, como “violência que não possa ser descrita em termos de sacríficio.” (GIRARD, 2008, p.11)
Quando nos referimos as mais nefastas, por exemplo, uma delas seria forçar uma mulher se tornar amante do Rei, contra a sua vontade, afinal isto é uma violência, uma vez que pode e com certeza deve destoar da vontade desta mulher, em especial no caso Andrômaca viúva do Heitor, irmão de Páris que teve como desginio ficar com Neoptóleu, por decisão dos gregos.
Hécuba viúva lamentava-se o tempo todo nesta tomada de Tróia, seja porque Tróia foi ao chão, seja porque ficou sem marido, sem os filhos Páris e Heitor e ainda tomou conhecimento que sua filha Polixena foi decapitada no túmulo de Aquiles, este valente soldado grego que sucumbiu enquanto guerreava com os troianos neste evento.
Quantas razões eu tenho — ai de mim! — para chorar nesta calamidade a perda de meus filhos, meu marido, minha querida pátria… Ai de mim!… Dourado fausto antigo em que vivi,
meu fim me faz saber que nada eras! Convém calar? Talvez falar… Chorar…Um peso imenso oprime os meus cansados, sofridos membros nesta posição,caída aqui no chão desconfortável.[...]
Ah! Céus! Em que palácio irei servir? De que senhor, de quem serei cativa, eu, velha, triste, inútil qual zangão,espectro lastimável, nada mais que a sombra sofredora de um cadáver? Guardar as portas, pajear crianças… (EURÍPIDES, 2004, p. 179)
As troianas eram compostas por mulheres virgens e viúvas dos soldados, que em coro cantavam a amenizar a dor, nesta transição ao serem levadas a nau para regresso a Grécia, para lá serem escravas. Nesse sentido, nos remete a ideia do sacrifício, e até mesmo a situação das mulheres como fonte de sacrifício pós-guerra, tornando-se vítimas de uma nova sociedade construída com novos princípios, através de perdas consideráveis.
Sacrifícios são oferecidos em nome dos mais variados objetos ou empreendimentos, principalmente a partir do momento em que o caráter social da instituição começa a desaparecer. No entanto, há um denominador comum da eficácia sacrificial, tão mais visível e preponderante quanto mais viva for a instituição. Este denominador é a violência intestina: as desavenças, as rivalidades, os ciúmes, as disputas entre próximos, que o sacrifício pretende inicialmente eliminar; a harmonia da comunidade que ele restaura, a unidade social que ele reforça. Todo o resto decorre disto (GIRARD, 2008, p.19-20).
Dessa forma, observamos a mulher dentro da obra como um tipo de sacrifício, que se torna um tipo de oferta feita a quem vence uma guerra,, fazendo com que toda a instituição da tragédia, seja o núcleo de força, ou seja, quem consegue matar os seus adversário, tendo como direito receber um prêmio. Nesse sentido segundo Girard (2008) Hécuba se torna um dos bodes expiatórios, ou seja, ela é uma das vítimas que toma a culpa da guerra sofre si com uma finalidade coletiva, embora seja inocente.
No decorrer da história, um mensageiro chamado Taltíbio dirigiu-se a Hécuba manifestando os desejos dos gregos acerca do destino de algumas mulheres, pontuando que Cassandra será amante de Agamenon, irmão de Menelau, Andrômoca ficaria com Neoptéleu, e tinha uma notícia desagradável para dar para a nora de Hécuba, ou seja, Andrômaca, que seu neto, ou seja, filho de Andrômaca deveria ser morto, jogado das torres do forte de Tróia, enfim Astânax deveria sucumbir.
HÉCUBA
Assim farei. Quem levará Cassandra, minha desventurada filha? Quem?
TALTÍBIO
Rei Agamêmnon, ele mesmo, a escolheu.
HÉCUBA
Ah! Que desgraça! Para ser escrava de alguma dama da Lacedemônia? (EURÍPIDES, 2004, p. 181-182)
[...]
HÉCUBA
E a nobre esposa do valente Heitor de brônzea decisão, a infeliz Andrômaca, dize o
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