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Ternu Manuel Bandeira

Por:   •  19/4/2018  •  1.244 Palavras (5 Páginas)  •  354 Visualizações

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Assim como nas poesias do livro, o poema desprende-se de um único sujeito e diferentes personagens têm voz, sendo, então, caracterizados por sua linguagem. Também, como no livro, a cena é apresentada através de um diálogo rico em imagens.

“Cântico dos cânticos” pode ser visto justamente como um dueto musical, com vozes se complementando e completamente opostas. Entretanto, como não pode deixar de ser notado, apesar dessas vozes serem opostas, elas se completam tão bem que acaba gerando o efeito da rima. O que aumenta ainda mais a sensação da música. A primeira voz, a feminina, parece ser mais poética, mais leve e delicada nas expressões, algo como a caracterização do seu sexo. Enquanto a segunda voz, a masculina, é expressa pela virilidade e uma certa agressividade.

Assim como no livro, também, a poesia em si é carregava de uma situação sexual, onde, de uma forma não vulgar, fica claro o erotismo da situação. A voz feminina é sempre carregada de delicadeza, preferindo termos mais sutis como: hálito, deiscente, um deus em sua morada. A voz masculina, por outro lado, opõem-se a seus termos e os corrige com uma linguagem mais direta e, por assim dizer, mais forte, como opor hálito a bafejo e preferir parecer uma espada entrando em sua bainha.

Creio, então, que os poemas se opõem completamente entre si. Enquanto “O impossível carinho” é voltado completamente para dentro do sujeito, tudo se volta para ele, para algo que ele não consegue, ou talvez não possa, expressar. Em “Cântico dos cânticos” são dois sujeitos os donos da cena e já existe uma expressão clara o suficiente em seus diálogos para que o leitor consiga reconhecer as vozes de cada um, suas características e a situação em que se encontram.

Cada um dos poemas analisados é voltado para uma das características fortes na poesia de Manuel Bandeira. “O impossível carinho” volta-se completamente para o lirismo e “Cântico dos cânticos” volta-se para a musicalidade. Dá a impressão que cada um dos poemas foi escrito justamente para expressar aquilo para o quê são voltados.

Outro detalhe de oposição entre ambos os poemas é que, em “O impossível Carinho”, o eu-lírico não quer falar do desejo que sente pela outra pessoa, isso soa até como algo trivial. Em “Cântico dos cânticos”, no entanto, é o desejo que move todo o poema.

Com isso é possível perceber que Manuel Bandeira pode sempre deixar marcas em sua poesia, mas nem sempre as mesmas; como em cada um dos poemas ele deixou uma de suas marcas nítidas e, quem não conhece a sua obra, poderia até pensar que se trata de poetas diferentes. Um poema com ausência de rima, outro com a presença dela; um lirismo, outro musicalidade.

É claro que o Bandeira poderia ter colocado todas as características citadas em um único poema, mas porque fazê-lo quando o seu talento permite que crie obras boas o suficiente para que coloque todos os seus pontos comuns e obras tão maravilhosas que precisam de apenas um?

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Bibliografia

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem. 2ª Edição. Global Editora, ano 2013

BANDEIRA, Manuel. Opus 10. 2ª Edição. Global Editora, ano 2015

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Curso de Estética v.III. Tradução Olivier

Tolle, Marco Aurélio. Editora Edusp, ano 2002, pág. 181

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