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Testamento - Manuel Bandeira

Por:   •  23/4/2018  •  1.227 Palavras (5 Páginas)  •  613 Visualizações

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Uma interpretação que podemos inferir a esta obra, pode ser visto no fato do eu-lírico aparentar não acreditar em nenhuma forma de planejamentos, além disso, não ostenta nenhuma dimensão de culpa ou frustação por não ter conseguido o almejado. Pelo contrário, ele transforma sua experiência em um grandioso e profundo sentimento existencial de superação. Um exemplo muito claro disto, encontra-se na terceira estrofe, quando diz: “Gosto muito de crianças:/ Não tive um filho de meu./ Um filho!... Não foi de jeito.../ Mas trago dentro do peito/ Meu filho que não nasceu.”. Nestes versos não há perturbação ou tormento pela ausência de um filho, mas neles existem uma compreensão e aceitação daquilo que não se conquistou.

A consciência de Bandeira sobre o tempo era uma característica notável em suas obras. Este poema é um dos muitos que traduzem tal aspecto. Ressaltar isso é não esquecer de dizer o quanto é essencial que o sujeito não o desperdice, pois, esta é a única circunstância que ninguém pode comprar. Um dos objetivos do sujeito poético é conscientizar o leitor que esse é o fator fundamental para o desenvolvimento das experiências humanas e que o mesmo pode terminar de forma abrupta, por esse motivo, é importante não perder tempo sentindo culpa porque superar os fracassos é o melhor caminho de adquirir o tempo saudável para si mesmo. Esta reflexão pondera cada estrofe deste poema, isto é, o poeta faz uma retrospectiva de sua vida e de tudo que não foi possível conquistar e, ao mesmo tempo, canta uma saudade daquilo que poderia ter sido, para, por fim, chegar ao estado de superação.

Por conseguinte, podemos concluir que Manuel Bandeira é um poeta tecnicamente surpreendente em relação a composição de versos, uma vez que ele busca suavizar os choques semânticos agressivos, a fim de dar uma melhor compreensão para quem lê; por isso, é conhecido como o poeta da delicadeza e dos versos simples e fluídos. No livro Estrela da vida inteira, vemos que “A nossa atenção é despertada incialmente pela voz lírica deste Eu, que, ao construir os poemas, nos acompanha a cada passo, dando a cada verso o seu timbre e sua vida” (pg. 3). Ou seja, os poemas do autor estão tão intrínsecos a sua vida que a sensação que podemos ter é de que sua escrita esteja no âmbito da fala, como se o leitor fosse a pessoa para quem confessasse sua vida.

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