Hiponímia e Hiperonímia: Relações semânticas entre as palavras
Por: Carolina234 • 28/6/2018 • 1.406 Palavras (6 Páginas) • 554 Visualizações
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Outro ponto que vale a pena ressaltar é a forma como alguns autores referem-se erroneamente à expressão variação lexical, a fim de fazer alusão ao recurso de apenas trocar uma palavra por outra e de evitar repetições na construção de frases, porém devemos encarar tal expressão como um dispositivo de ordem cognitiva, linguística, interacional ou pragmática e abordamos aqui o âmbito da continuidade referencial como recurso utilizado no intuito de conseguir a coesão fazendo de palavras semanticamente equivalentes. Nessa abordagem referencial a variação lexical assume um aspecto de maior abrangência semântica e representa muito mais do que trocar uma palavra por outra.
Chegando nas paragens das abordagens referenciais, a noção de acarretamento será melhor compreendida à medida que adotarmos uma postura estritamente semântica e para tratarmos tais referências, lançaremos mão de mais dois artifícios que auxiliarão na compreensão: a hiponímia e a hiperonímia.
Dos livros dos ensinos fundamental e médio percebemos que esses dois elementos são tomados como partes constituintes complementares na referenciação que conduz ao processo de coesão, mas para melhor compreensão seria melhor que encarássemos o processo de forma assimétrica.
O que vem a ser essa assimetria representada pelos hipônimos e hiperônimos? Assumindo as representações gráficas representadas pelos símbolos de contém e está contido, o hipônimo representa o papel particularizador, enquanto o hiperônimo, o generalizador.
Se analisarmos a classe do cachorro, por exemplo, e analisarmos sua classificação de canino, quadrúpede e animal, perceberemos que a classificação em animal é mais abrangente e daí teremos o hiperônimo atuando em sua melhor forma, enquanto a classificação cachorro é muito peculiar, pois estamos restringindo a classe em questão, para isso o hipônimo atua.
Outro aspecto importante são as condições de verdade para a existência dessa assimetria. Para que haja o acarretamento uma sentença deve conter outra sentença, mas não necessariamente a segunda sentença irá conter a primeira. Essa assimetria é de suma importância para entendermos o acarretamento, uma vez que se nos distanciarmos desses degraus estaríamos entrando nos domínios da paráfrase, que vem a ser objeto de nosso estudo.
Então, retomando as condições de existência assimétrica, três condições precisam satisfazer essa exigência, assim como explicita Cançado (2012, p.33):
“Duas sentenças estabelecem uma relação de acarretamento se: a sentença (a) for verdadeira, a sentença (b) também será verdadeira; a informação da sentença (b) estiver contida na informação da sentença (a); a sentença (a) e a negação da sentença (b) forem sentenças contraditórias.”
Posto isso, não cabe no escopo da explanação semântica tentar encaixar generalizações na tradução, interpretação, mas investigarmos as particularidades de cada item que compõe o vasto oceano da significação
Análise do corpus
Para a presente análise, foram retirados trechos de textos divulgados em sites de propagandas para que pudéssemos analisar como se dá o processo de hiponímia e hiperonímia como ferramentas de retomada e constatar a intenção de um produtor de texto ao escolher entre um ou outro processo.
Exemplo 1: “Hoje a festa é em lençóis. Chegou a linha dormitórios.”
Observamos no exemplo (1), a presença de uma hiponímia, uma vez que, o substantivo lençóis é retomado pelo seu hiperônimo linha dormitórios. Lençóis é um dos itens da linha dormitórios, ou seja, ambos os termos compartilham do mesmo campo semântico. Podemos inferir que o produtor deste anúncio quis dar ênfase no produto lençóis, o que não aconteceria se tivesse primeiramente, optado por linha dormitórios.
Exemplo 2: “[...] Deixe o calor do lado de fora: compre hoje seu ar condicionado com desconto! [...] ATENÇÃO: últimos dias de IPI reduzido! Compre eletrodomésticos com muito mais descontos [...]”.
Seguindo a mesma estratégia utilizada pelo anunciante, no exemplo (1), o termo mais específico, o hipônimo ar condicionado fica em primeiro plano, evidenciando que o foco da compra deve ser os ares condicionados. Porém, o seu hiperônimo eletrodomésticos, induz o leitor a adquirir outros tipos de eletrodomésticos.
Exemplo 3: “[...] Assim, as suas roupas eram mais acessíveis, podendo todo o mundo comprar vestidos, calças, casacos mais baratos, estando sempre na moda [...]”.
Diferentemente dos exemplos anteriores, neste caso, lançou-se mão primeiro de um termo mais abrangente, o hiperônimo. A empresa, primeiramente, quis apresentar ao público consumidor que oferece diversos tipos de roupas, atraindo assim, a atenção dos compradores para posteriormente especificar quais tipos de roupas são essas.
Considerações finais
Referências
ANTUNES, I. Território das palavras: estudo do léxico em sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
CANÇADO, M. Manual
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