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Banco de palavras redação

Por:   •  31/1/2018  •  1.952 Palavras (8 Páginas)  •  323 Visualizações

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Em linhas gerais, a educação brasileira dos jovens passa por um momento crítico, especialmente no ensino médio, último nível da educação básica. De acordo com os estudos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), cerca de 50% dos jovens estudantes deste nível de ensino não estão em idade adequada de acordo com sua série por causa das evasões constantes, ocasionadas pela falta de condições adequadas, ausência de estímulos, reprovação e acesso limitado a escola.

Outro fator que agrava esta realidade, é que a escola, de modo geral, não dialoga com os interesses dos jovens, muito menos com a cultura da juventude. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, na verdade, a cultura escolar colabora para a exclusão explícita e branda dos estudantes. Os discentes são acometidos de exclusão explícita, quando saem da instituição, e de exclusão branda, quando permanecem na escola e não aprendem, pelo fato da escola desconsiderar seus saberes, suas especificidades, necessidades individuais e sociais.

A partir dessa premissa, a escola precisa articular seus saberes elaborados com a realidade dos alunos, a fim de estabelecer uma relação significativa entre os conteúdos e a vida social dos jovens. Neste sentido, a educação profissional é uma possibilidade relevante, dado que integra o processo de formação dos jovens ao mundo do trabalho gerando em um currículo mais significativo. A necessidade de profissionalização e inserção no mercado de trabalho, desde cedo, é condição atual dos jovens, especialmente nas classes menos favorecidas e a escola deve considerar essa realidade.

Conforme o artigo 205 da Constituição Federal, um dos pilares da educação é o preparo para o trabalho como parte de uma formação integral dos sujeitos. O trabalho é atividade humana, conforme Marx, é essência de vida e constituição de identidade e deve ser realizado de forma não alienável. Corroborando com essa perspectiva, Sposito destaca que “o trabalho também faz juventude”, visto que constitui cultura juvenil. De fato, o mercado de trabalho não pode ser baliza mestra para a educação, mas os processos educacionais não podem deixar de considerar que a relação entre juventude e trabalho estão atreladas. No entanto, esta relação deve acontecer de forma a emancipar os sujeitos para o trabalho emancipado, libertando-os dos modos de sujeição capitalista.

Por todos estes aspectos, a educação profissional oportuniza um preparo mais asseverado para o mercado de trabalho de jovens, que vendem sua força de trabalho com o objetivo adquirirem os recursos materiais necessário à sua sobrevivência. Indubitavelmente, favorece uma relação entre conhecimentos e saberes significativos cooperando para ressignificar os espaços e currículo escolar, uma vez que articula a atividade humana ao conhecimento. Entretanto, deve acontecer de forma a desalienar os sujeitos em relação ao trabalho como forma de exploração, fazendo com que se emancipem em busca de uma sociedade mais igualitária integrando trabalho e formação.

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Entre o saber fazer e o saber fazer bem

O professor, em sua prática, deve estabelecer a reflexão como norteadora das competências técnica e política mediadas pela ética. Define-se como competência técnica o saber ensinar os conteúdos e conhecimentos relacionados ao ensino e aprendizagem. Já a competência política, diz respeito ao engajamento docente em uma visão de prática transformadora da realidade social. Essas duas competência são mediadas pela ética como elemento de equilíbrio para uma prática pedagógica eficaz e comprometida com a construção de uma sociedade mais justa.

A pesquisadora Terezinha Rios destaca que a profissão docente é complexa, exigindo que o professor se assuma enquanto profissional da educação. Neste sentido, a profissionalização docente transcende a uma visão tecnicista, na qual os recursos de conhecimento intrumentais possuem papel prepoderante, mas é descomprometida da transformação social. Esta visão da competência técnica docente é incipiente, visto que o ato de ensinar não é neutro e gera sentidos dentro e fora da escola. Tomada por premissa basilar, essa visão da formação técnica docente é problemática, já que não gera no docente a capacidade de refletir sobre sua prática.

Ademais, a autora supracitada esclarece que na dimensão técnica é necessário dominar os conhecimentos necessários para educar, ou seja, saber fazer sua função com excelência. No entanto, destaca que essa dimensão, isolada, produz práticas intrumentalizadas e pouco reflexivas, gerando certa mecânica no ato de ensinar. Frente a tal problemática, é necessário que o professor adentre a dimensão política, sabendo fazer sua função e também quando exercer seu papel transformador.

Vale a pena ressaltar que o querer fazer bem não pode corresponder a falsa premissa de que educar é um dom, ou seja, uma missão divina na qual os sujeitos possuem uma espécie de habiliade dotada de privilégios místicos ou inatos. O saber fazer é construído por aprendizagens e competências, pois, à medida em que o sujeito aprende pela via da formação, sua competência técnica é ampliada.

Outro fator que merece atenção é o de saber diferenciar a competência política do envolvimento político-partidário, dado que, a política, no sentido mais amplo, não pode ser empobrecida a interesses específicos. A dimensão política, no sentido geral, é conceber a educação como instrumento de transformação social tendo em vista uma sociedade mais igualitária e justa.

A instância mediadora dessas duas competências é, pois, a ética, que estabelece uma relação de equilíbrio entre a técnica - saber fazer bem – e a política – saber o que fazer. Só é possível uma prática docente transformadora se envolver a reflexão da prática, para que se transforme em práxis. Segundo Libâneo, a prática do professor não se dá de forma espontânea, mas deve ser sistematizada e planejada para gerar competências nos alunos. Isso não significa que o professor não irá fazer ajustes no decorrer do trabalho; ao contrário, a reflexão ética permeia este processo garantindo, assim, que o professor se torne um investigador de sua própria prática.

Por todos estes aspectos, é de suma importância considerar que a competência do professor deve envolver a dimensão técnica, no que se refere a dominar os recursos e conhecimentos necessários para educar, e política, no que diz respeito a saber o que fazer para transformar a sociedade.

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