TRABALHO SOBRE PESQUISA HISTÓRICA EM TESTAMENTOS
Por: SonSolimar • 7/5/2018 • 1.658 Palavras (7 Páginas) • 361 Visualizações
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Assim para Milton Stanczyk Filho³ “o Testamento é um documento público pelo qual o indivíduo declara solenemente, ou dispõe, de sua vontade sobre aquilo que deseja que se faça depois de sua morte. Essa disposição refere-se naturalmente aos seus bens e sua fortuna. Durante o período Colonial os Testamentos poderiam ser de três tipos: o muncupativo, em que o orador declara oralmente, o hológrafo, redigido e assinado pelo testador, e o público redigido pelo tabelião” (pag. 463). Essas informações e sentimentos estão presentes nos testamentos, além da distribuição dos bens, etc. Assim me chama a atenção a quantidade de missas junto com os ritos religiosos pedidos e pagos pelo testador, em favor de sua alma. Há uma grande preocupação em “garantir“ que sua alma partirá salva ao paraíso celeste. Para tanto não economiza gastos nos ritos que o ajudem a chegar a seu objetivo, nisto é possível notar que o acúmulo de bens e riquezas está associado ao imaginário do porvir, e não no gozo deste mundo ou desejo de poder e status dentro da sociedade colonial, isto se torna consequência para uma prática maior das obras de caridade, que de certa forma lhe propiciarão a entrada, segundo a igreja católica, ao reino de Deus e suas benesses. Elene Oliveira diz ainda que além de destinarem parte de seus bens para a organização de um funeral com maior suntuosidade possível; alguns perdiam que por sua morte houvesse badaladas do sino da igreja, pois eles se tonam a forma íntima de que alguns tinham de se expressar sobre seus desejos e medos depois da morte; por isso, quanto mais missas melhor para uma passagem mais segura para o mundo celeste, o número variava muito, alguns no gesto de demonstrar simplicidade perdiam poucas, outros com medo ou receio de seus pecados e atos cometidos em vida, perdiam um grande número de missas.
As missas não eram encomendadas apenas para a própria alma, mas para as de defuntos parentes, amigos, parceiros, comerciais e até escravos e senhores; dessa maneira, lembrar-se dos já falecidos era uma maneira deles estarem intercedendo em favor do novo finado na hora do julgamento; até mesmo porque os próprios padres católicos recomendavam as missas para a salvação da alma, o qual era destinada certa quantias para a execução dessas missas e os padres lucravam com elas, eram eles que celebravam as missas em beneficio das almas. As missas eram vistas como a mais acertada providência para a salvação da alma. Por exemplo: conforme o testamento de de José Pereira de Carvalho – 1813 – Minas Gerais, pediu:
MISSAS/INTENÇÃO
QUANTIDADE
De Corpo Presente
Um Oitavário
Pela alma dos pais
300
Pela alma dos avos e mais parentes
20
Pela alama dos irmãos da Ordem Terceira
20
Pela alama dos escravos
20
Pelas almas do purgatório
20
Repartidas pelos sacerdotes do enterro
30
Pela pobreza
30 oitavas
OBSERVAÇÕES: UM OITAVÁRIO DE MISSAS CORRESPONDE A OITO MISSAS EM OITO DIAS CONSECUTIVOS.
Já Dona Maria da Luz Saraiva da Rocha – 1871- Pará, que solicitou para não ser enterrada com pompa e ser gasto com os ritos no máximo a quantia de cem mil réis, pediu:
MISSAS/INTENÇÃO
QUANTIDADE
Pela sua alma
Quatro Capelas
Pelo seu irmão
Uma Capela
Pelos seus pais
Duas Capelas
OBSERVAÇÕES: UMA CAPELA DE MISSAS EQUIVALE A 50 MISSAS
Enfim há nesse período, como percebemos nos testamentos, uma grande preocupação com a passagem da vida para a morte, que não seria definitiva, pois há um descanso para alma. Porém era necessário fazer (obras) que garantissem o acesso direto para o céu, sem a necessidade do purgatório, onde ainda havia esperança de salvação, mantendo a maior distância possível do lugar de sofrimento, o inferno, totalmente indesejado por todos.
NOTAS
1- Doutora em História Econômica Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Pesquisadora do NEHD. Endereço eletrônico: mlucilia@yahoo.com.br
2- Mestranda do programa de Pós-Graduação em História do Brasil. Membro do grupo de pesquisa “Memória, Ensino e Patrimônio Cultural”.Bolsista-Capes.
3- Mestrando em História da Universidade Federal do Paraná na linha de pesquisa “Espaço e Sociabilidades”, membro do CEDOP- Centro de Documentação e Pesquisa da História dos domínios portugueses, séculos XV-XIX, Bolsista da CAPES.
FONTES TESTAMENTOS
Fundo: Tribunal de Justiça do Estado.
Acervo: Centro de Memória da Amazônia – CMA/UFPA
Sério: Testamento.
Procedência: 11ª Vara Cível – Cartório Fabiliano Lobato
Código da Unidade de Arquivamento: 295.773.933.905-692
Testamento de Thereza Ignacia de Moraes Bitencourt
Data do Testamento: 1° de Maio de 1840
Testamento de Dona Maria da Luz Saraiva da Rocha
Data do Testamento: Fevereiro de 1871
Arquivado no Museu Regional de São João del-Rei na caixa 21
Número de folhas originais : 47
Testador: JOSÉ PEREIRA DE CARVALHO
Redigido: Carrancas em 09/JUN/1813.
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