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Resenha vida contemporânea

Por:   •  18/4/2018  •  1.358 Palavras (6 Páginas)  •  379 Visualizações

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Outra forma de enxergar o contemporâneo é através da excelente carta de Peter Pál Pelbart aos estudantes de São Paulo que, em resposta a um plano de reestruturação da rede pública de escolas, o que causaria o fechamento de cerca de cem escolas e o desamparo de centenas de milhares de estudantes e professores. Esse movimento demonstra que ainda há espaço para discussões e protestos de uma forma ousada e inovadora, que foi justamente o que se apresentou com esse movimento, uma forma nunca antes vista de manifestação, uma atitude ética e política admirável da juventude que representa sim o futuro. Os movimentos foram na contramão do que a mídia atualmente procura, que são manifestações violentas e sem organização alguma, que perdem seu propósito real, para que dessa forma possam a desqualificar. Que foi justamente o que não ocorreu nesses processos de ocupação das escolas. Através desse ato, foi possível que os manifestantes pudessem se tornar não os “bandidos” que apenas causam a desordem, mas os “heróis” que lutam por uma causa nobre, enquanto que o governo passasse a ser o vilão ao ser irredutível e fazer uso da polícia militar para a dura repressão dessas crianças.

O mérito desse movimento consiste no alerta a sociedade a respeito de algo que Olgária Matos, que é a mercantilização da educação, esses jovens secundaristas foram responsáveis por clamar para si próprios as decisões sobre a educação, há uma transferência de competências, como se decidir sobre o que cada escola fosse receber ou o rumo de cada escola fosse de responsabilidade dos alunos. Torna-se então possível estabelecer esse acontecimento das ocupações das escolas públicas como um marco no que diz respeito a manifestações de oposição de governo, visto que ao introduzir uma forma nova de protestos, ela estabelece um novo ponto de partida, nada pode acontecer que desfaça aquilo posto pelas ocupações, elas deslocam a fronteira de um mínimo desejável nas manifestações e estabelecem um novo paradigma nesse assunto.

Ainda é válido citar a contribuição de Nicolau Sevcenko, que faz uma excelente comparação do ritmo frenético do século XXI a uma corrida em uma montanha-russa, com um ritmo frenético de aceleração e desaceleração instantânea. O autor propõe que a sociedade esteja atenta ao que acontece ao seu redor, e não que fique à mercê da montanha russa que é a vida, que toma rumos instantâneos e que seus passageiros devem apenas observar o que acontece. Ainda que essas mudanças ocorram em um ritmo acelerado e que os valores incrustados nas pessoas demorem um pouco mais a mudar, é necessário não se deixar levar por essa avalanche de informações e inovações que acontecem e ser capaz de criticar aquilo que lhe é posto, compreendendo-o e refutando-o se necessário.

Portanto, essas perspectivas são apenas algumas formas de compreender o que acontece nessa conturbada contemporaneidade, em que as mudanças ocorrem em um novo ritmo e que as pessoas e suas práticas também são intensamente modificadas, essas percepções desses autores contribuem para ilustrar, provocar uma reflexão sobre que tipo de sociedade está sendo construída atualmente.

REFERÊNCIAS:

Agamben, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios/ tradutor: Vinícius Nicastro Honesko – Chapecó, SC: Argos,2009

Sevcenko, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa - São Paulo: Companhia das Letras, 2001

Pelbart, Peter Pál. Tudo o que muda com os secundaristas,2016. Disponível em http://outraspalavras.net/brasil/pelbart-tudo-o-que-muda-com-os-secundaristas/ Acesso em: 27 de set. 2016

Matos, Olgária. O mal estar na contemporaneidade: performance e tempo. Revista do Serviço Público. Brasília, 455-468 Out/Dez 2008.

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