Grande relevância econômica o Piauí colonial representava para o Brasil.
Por: Juliana2017 • 18/5/2018 • 3.269 Palavras (14 Páginas) • 439 Visualizações
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sejam quais fossem, eram denominados vermelhos.
A capitania possuía 260 léguas de comprimento, embora a largura não tenha sido catalogada com exatidão. O clima era considerado saudável, contanto, quente, tendo lagoas e outros lugares que produziam no tempo de chuva. A corrupção era existente. Apenas os ribeiros do Gurgueia e do Parnaíba eram perenes entre os outros existentes.
Das sete vilas, uma por ser mais populosa, passou a ser cidade. Descreveram as vilas a nível geográfico, econômico, população e limites fronteiriços. A vila da Mocha era a mais populosa com 1567 fogos e, posteriormente, tornou-se cidade a fim de ser a sede da capitania com 252 pessoas constituindo a população. Ao derredor da cidade se encontravam os índios Gurguês, Jaicós e Acroás - o que dava 736 almas.
O ouvidor Antonio José de Morais Durão ao tratar da Capitania de São José do Piauí fez bem mais do que descrevê-la. Na verdade, promoveu diagnósticos, construiu prognósticos, além de sugerir remédios para os problemas de saúde da região. Na sua “Descrição da capitania de São José do Piauí” encontram-se descritas seis vilas, das quais passaremos a discorrer segundo este personagem histórico.
A Vila de Parnagoá se localiza a 90 km de Oeiras. Lá existe um lago com a circunferência de 5 légua, com abundância de peixe. Enquanto as outras vilas possuem oficinas públicas e rendas de Câmaras, não é possível encontra-las nessa vila. Há um sítio próximo denominado “Brejo”, onde a população é mais numerosa e não se encontra justiça constituída, embora exista um aumento de cultura e negócio.
No distrito daquela Vila encontra-se o sítio de “As Pimenteiras” com 30 ou, no máximo, 40 léguas. Constam em seu seio aldeias com muitos índios conhecidos pelo mesmo nome do sítio. Por anos, se conservaram pacíficos, porém, agora matam e se constituem um problema para as fazendas mais próximas. Seria melhor se os domesticassem, ao se utilizar da suavidade em lugar da força, a fim de se evitar a ruína da Capitania.
Voltando à Vila, vê-se que ribeiras regam e fecundam o seu distrito, vindo a desaguar no Parnaíba. Nascidas de uma mesma chapada, todas vem aumentar o rio já citado. Podem-se encontrar salinas em alguns distritos, mas o sal é nocivo à saúde humana. Na religião, são devotos de Nossa Sra. do Livramento.
A Vila de Jerumenha, com onze anos que é vila, dista de 30 léguas desta cidade. Não há ocorrência de aumento, em virtude dos agregados: uns são criadores inerentes às famílias e outros nem na família se incluem. Os primeiros são toleráveis, mas estes são danosos. As duas categorias furtam, dão calote onde moram e na circunvizinhança, posto que não tem ofício.
Os donos de fazenda os toleram por medo e por dependência. A justiça não pode prendê-los. Pouco tem a perder. Os seus bens são uma casa de palha, um cavalo, uma espada, uma faca e animais domésticos – o que lhe dão oportunidade de mudar-se com facilidade. Os agregados furtam gado, matam pessoas, violentam mulheres. São maus exemplos. Melhor seria lhes criar uma colônia para evitar descontos, vexações e despesas.
A Vila de Valença foi formada por um sítio que se chamava Catinguinha, em virtude da falta de qualidade do seu arvoredo. Não contém águas, pastos, câmara, açougue, oficina e comodidades necessárias. Foi desmembrado do Sitio Oroazes. Lá existe boa água, madera, e grande povoação. A padroeira é a Nossa Senhora da Conceção dos Oroazes. No lugar vivem os índios Oroazes que se tem aumentado grandemente.
A Vila de Marvão é a pior de todas as capitanias, posto que tem um sitio seco e fúnebre. Existem apenas três casas em seu seio, certamente porque tem apenas uma ribeira. Na sua divisa consta que é um covil de criminosos que se mudam de lugar a fim de não serem inquietados.
É entremeada de bosques e serras inacessíveis, o que serve de guarda para aqueles que andam contra a lei. Anteriormente, se chamava Rancho do Mato, nome de uma fazenda. Correm histórias que tem ouro nos seus riachos. Sua padroeira é Nossa Senhora do Desterro.
A Vila de Campo Maior reside numa espaçosa e alegre campina. Tem muito povo, fazenda e ótimos sítios. Regada por ribeiras como o Parnaiba e o Poti. Porém, não tem câmara, cadeia e açougue, nem oficina. Nas suas ribeiras ocorreram várias mortes. O sitio é comunicável em virtude da junção das ribeiras de boa produção pela qualidade das terras. A freguesia do distrito é de Santo Antonio do Sorobi.
Todo aquele território se chama o Longá, derivado de uma nação de vermelhos assim chamados, que moravam naquele ribeira até serem expulsos pelos reinóis, que entraram a descobrir e povoar aquela paragem.
A Vila de Parnaíba tem como principal negócio nos gados que se matam nas feitorias – o que causa epidemias por causa do sangue espalhado miúdos de milhares de reses, o que gera moscas – causando moléstias entre os habitantes. No inverno, o distrito fica alagadiço, prejudicando a locomoção.
O perjúrio, os homicídios, a infidelidade, a vingança são paixões dos seus moradores. Desde meninos se habituam a matar e a ver matar toda casta de animais, perdendo assim a compaixão. Sem religião e sem doutrina desconhecem a gravidade dos seus erros. As negociações, manufaturas, tráficos se reduzem a desprezar o oficio do trabalho.
Os principais “descobridores” do sertão piauiense foram Francisco Dias D’ávila, Antonio Guedes de Brito, Bernardo Vieira Tavares, Domingos Afonso Sertão, dentre outros. Estes receberam terras do rei objetivando a expulsão dos indígenas das margens dos ribeiros para depois os ocuparem. Assim, os índios estavam sendo “domesticados”, embora nunca abandonassem seus “vícios” e costumes – o que tornava a sua vida muito livre e, ao mesmo tempo, brutal.
De acordo com o texto, a população da capitania desprezava o ofício e o trabalho, vivendo do gado e cavalos, do fruto que o mato produzia e agricultura da mandioca. As rarefações das pastagens faziam com que os fazendeiros possuíssem enormes espaços de terra para a sua criação. No entanto, nem todas as fazendas demonstravam ser latifúndios, vivendo da pecuária. Junto aos ribeiros produziam produtos agrícolasm, tais como mandioca, milho, arroz, feijão, batatas e frutas.
Na capitania, os jesuítas eram detentores de 81 fazendas, confiscadas – mais à frente – pela coroa. De acordo com as estatísticas, em 1967 existiam 129 fazendas; em 1730, 400; em 1762, 536 ; e em 1772, 578. Por muito tempo, o Piauí foi conhecido como o curral e açougue do Brasil, em virtude da exportação de gado bovino na era colonial.
No período colonial, o Brasil foi fundamentalmente rural,
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