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Curso de História no Contexto dos Anos 30

Por:   •  7/5/2018  •  4.604 Palavras (19 Páginas)  •  370 Visualizações

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Esses objetivos estariam em consonância com as “Competências e Habilidades” definidas nas Diretrizes Curriculares dos Cursos de História, elaboradas pela comissão de especialistas para o MEC daquele momento.

No entanto a letra morta, escrita, presente nos documentos não aponta e nem reflete a trajetória deste curso desde sua criação, nem tampouco a sua inserção dentro da recém criada universidade e posteriormente no contexto de seu processo de desenvolvimento.

É esta lacuna da qual se ressente nosso curso e nossa universidade, do registro das experiências de alunos, professores e funcionários dentro do contexto da universidade. Suas lutas, suas conquistas, seus projetos pedagógicos, as experiências docente, discente e administrativa dos que fizeram o curso e de como o fizeram, de quais as contribuições deixadas e no que impactam na realidade do curso hoje.

Revisão de Literatura/Referencial Teórico ()

Não são muitos os trabalhos sobre a UECE e particularmente sobre o curso de História, embora eles existam. Já os estudos sobre a universidade no Brasil são consideráveis e apontam experiências distintas em variados estados do nosso país revelando uma realidade complexa, heterogenia e cheia de nuances próprias que conferem um "colorido" todo especial a interpretação desta realidade.

Embora a universidade propriamente dita no Brasil date de meados do século XX, haviam cursos e faculdades bem antes disto que remontam o Brasil Império. A experiência da universidade se inicia nos centros dinâmicos da economia brasileira, marcadamente centros como São Paulo e Rio de Janeiro.

Nosso interesse, no entanto se volta para as experiências e as memórias destes atores sócio-histórios, já que,

"Experiências pessoais relembradas favorecem a composição de um passado que não é homogêneo, mas revelador das diferenças que permeiam o convívio social. A memória é constituída de lembranças, esquecimentos, detalhes. É plural e individual e, ao passar pelo crivo da análise crítica, ou até das distorções explicativas, transforma-se em história vivida e se revela nos lugares de memória, de forma material, simbólica e funcional, ou, no dizer de Pierre Nora, 'uma memória inelutavelmente tragada pela história'." (TIMBÓ, 2004).

O trabalho de Timbó (idem) se reporta a Faculdade de Filosofia do Ceará - FAFICE, portanto antes da criação da Universidade e um dos períodos do curso de história. Ele nos fornece importantes subsídios para o entendimento de períodos posteriores, no entanto seu recorte nos limita ao período imediatamente anterior ao da criação da UECE, ou seja, 1966 a 1975.

A forte influência norte-americana na educação é uma das marcas deste período e a aproximação aos Estados Unidos da América se reflete na elaboração de projeto de educação para o Brasil, marcadamente tecnicista. Deste período os acordos realizados entre o Ministério da Educação e a United States Agency for International Development (USAID) conhecidos como acordos MEC-USAID, determinam as reformas do Ensino superior e do ensino secundário (1968 e 1971) e assim se constitui uma política educacional do Estado (Cf. CUNHA; GÓES, 1999).

Assim, o entrelaçamento entre experiências individuais e coletivas e destas com as trajetórias de determinadas instituições se colocam como interessante campo para a compreensão de determinados aspectos da realidade de outra forma dificilmente alcançado.

Para Oliveira (2008, p. 42):

" Pierre Nora, em seu clássico texto “Entre memória e história – a problemática dos lugares” já nos sinalizou para as especificidades entre história e memória: a primeira, uma reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais e, “porque operação intelectual e laicizante, demanda análise e discurso crítico [...] só se liga às continuidades temporais, às evoluções e às relações das coisas” (NORA, 1993, p 11); é uma representação do passado, a “desligitimação do passado vivido” (1993, p.11) já que seu criticismo seria “destrutor da memória espontânea”. A memória, por sua vez, se configura como um “fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente”; (...)Neste sentido, segundo o historiador, a necessidade pelos “lugares de memória” é indicador de que não há mais memória e sim uma necessidade de história..."

É de fato neste interstício que esta investigação visa atuar: na constituição de história com ênfase particular na memória e no experiencial, no vivido como representado pelos seus sujeitos, no campo de redimensionamento destas experiências e das criações institucionais dos homens, no nosso caso o curso de história, o centro de humanidades e a UECE.

Se as formas de concepção do passado são também formas de ação, estamos neste sentido entrando no delicado jogo de tensões de uma disputa estabelecida na produção de significados e no desencadear de ações e dos papéis assumidos pelos intercessores de um determinado processo. (Cf. ALBERTI, 2004). Esta disputa se deu no momento de existência dos sujeitos em questão e se dá agora no momento de nossas produções de significados historiograficos.

Um estudo atento a trajetória do curso de história da UECE sobretudo a partir das memórias nos conduz a saberes e fazeres sobre o mundo (social) a partir da visão de cada indivíduo e estas nos revelam saberes por vezes "silenciados" ou "esquecidos" por terem sido desconsiderados em algumas leituras historiográficas sobretudo as que se tornaram "oficiais" pela consagração de uma das forças atuantes: a vitoriosa. (Cf.: JUCÁ, 2003).

Muniz (s.n.t.) ao avaliar a produção bibliográfica sobre a UECE nos remete a variadas obras que abordam sua interiorização, efemérides comemorativas e ainda a história de alguns cursos de nossa instituição:

"Já na perspectiva de um enfoque mais específico sobre universidades tivemos acesso aos livros Interlúdio Romano e Momentos da Uece e do Crato, de João Teófilo Pierre; O Processo de Interiorização da UECE no Sertão Central de Francisco Artur Pinheiro Alves; Faculdade de Veterinária do Ceará - 25 Anos / 1963-1988, de Sylvio B. Cardoso; Curso de Medicina da UECE: Concepção, Criação E Implantação (2002-2008), de Marcelo Gurgel Carlos da Silva; O Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Ceará: construindo uma história (2000 - 2010), de Heraldo Simões Ferreira e Ana Patrícia Cavalcante Queiroz;

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