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A transformação do dinheiro em capital

Por:   •  31/1/2018  •  2.254 Palavras (10 Páginas)  •  418 Visualizações

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...

proprieté

a

. Mas tão logo entra em jogo a questãda propriedade, torna-se dever sagrado sustentar o ponto de vista da cartilha infantilcomo o único válido para todas as faixas etárias e graus de desenvolvimento. Nhistória real, como se sabe, o papel principal é desempenhado pela conquista, asubjugação, o assassínio para roubar, em suma, a violência. Já na economia política,tão branda, imperou sempre o idílio. Direito e “trabalho” foram, desde temposimemoriais, os únicos meios de enriquecimento, excetuando-se sempre, é claro, “esteano”. Na realidade, os métodos da acumulação primitiva podem ser qualquer coisa,menos idílicos.Num primeiro momento, dinheiro e mercadoria são tão pouco capital quanto osmeios de produção e de subsistência. Eles precisam ser transformados em capital. Maessa transformação só pode operar-se em determinadas circunstâncias, que514

contribuem para a mesma finalidade: é preciso que duas espécies bem diferentes depossuidores de mercadorias se defrontem e estabeleçam contato; de um lado,possuidores de dinheiro, meios de produção e meios de subsistência, que buscamvalorizar a quantia de valor de que dispõem por meio da compra de força de trabalhoalheia; de outro, trabalhadores livres, vendedores da própria força de trabalho e, porconseguinte, vendedores de trabalho. Trabalhadores livres no duplo sentido de quenem integram diretamente os meios de produção, como os escravos, servos etc., nemlhes pertencem os meios de produção, como no caso, por exemplo, do camponês quetrabalha por sua própria conta etc., mas estão, antes, livres e desvinculados dessesmeios de produção. Com essa polarização do mercado estão dadas as condiçõesfundamentais da produção capitalista. A relação capitalista pressupõe a separaçãoentre os trabalhadores e a propriedade das condições da realização do trabalho. Tãlogo a produção capitalista esteja de pé, ela não apenas conserva essa separação, mas areproduz em escala cada vez maior. O processo que cria a relação capitalista não podeser senão o processo de separação entre o trabalhador e a propriedade das condiçõesde realização de seu trabalho, processo que, por um lado, transforma em capital osmeios sociais de subsistência e de produção e, por outro, converte os produtoresdiretos em trabalhadores assalariados. A assim chamada acumulação primitiva não é,por conseguinte, mais do que o processo histórico de separação entre produtor e meiode produção. Ela aparece como “primitiva” porque constitui a pré-história do capital edo modo de produção que lhe corresponde.A estrutura econômica da sociedade capitalista surgiu da estrutura econômica dsociedade feudal. A dissolução desta última liberou os elementos daquela.O produtor direto, o trabalhador, só pôde dispor de sua pessoa depois que deixode estar acorrentado à gleba e de ser servo ou vassalo de outra pessoa. Para converter-se em livre vendedor de força de trabalho, que leva sua mercadoria a qualquer lugaronde haja mercado para ela, ele tinha, além disso, de emancipar-se do jugo dascorporações, de seus regulamentos relativos a aprendizes e oficiais e das prescriçõesrestritivas do trabalho. Com isso, o movimento histórico que transforma os produtoresem trabalhadores assalariados aparece, por um lado, como a libertação dessestrabalhadores da servidão e da coação corporativa, e esse é único aspecto que existepara nossos historiadores burgueses. Por outro lado, no entanto, esses recémlibertados só se convertem em vendedores de si mesmos depois de lhes terem sidoroubados todos os seus meios de produção, assim como todas as garantias de suaexistência que as velhas instituições feudais lhes ofereciam. E a história dessexpropriação está gravada nos anais da humanidade com traços de sangue e fogo.Os capitalistas industriais, esses novos potentados, tiveram, por sua vez, dedeslocar não apenas os mestres-artesãos corporativos, mas também os senhoresfeudais, que detinham as fontes de riquezas. Sob esse aspecto, sua ascensão seapresenta como o fruto de uma luta vitoriosa contra o poder feudal e seus privilégiosrevoltantes, assim como contra as corporações e os entraves que estas colocavam aolivre desenvolvimento da produção e à livre exploração do homem pelo homem. Masse os cavaleiros da indústria desalojaram os cavaleiros da espada, isso só foi possívelporque os primeiros exploraram acontecimentos.

Capítulo 25

A teoria moderna da colonização

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A economia política tem como princípio a confusão entre dois tipos muito diferentesde propriedade privada, das quais uma se baseia no próprio trabalho do produtor e aoutra, na exploração do trabalho alheio. Ela esquece que a última não só constituiantítese direta da primeira, como cresce unicamente sobre seu túmulo.Na Europa ocidental, a pátria da economia política, o processo da acumulaçãprimitiva está consumado em maior ou menor medida. Aqui, ou o regime capitalistasubmeteu diretamente toda a produção nacional ou, onde as condições ainda nãoestão desenvolvidas, controla, ao menos indiretamente, as camadas sociais que,decadentes, pertencentes ao modo de produção antiquado, continuam a existir ao seulado. O economista político aplica a esse mundo já pronto do capital as concepções dedireito e propriedade vigentes no mundo pré-capitalista, e o faz com um zelo tantomais ansioso e com unção tanto maior quanto mais fatos desmascaram suasideologias.O mesmo não ocorre nas colônias. Nelas, o regime capitalista choca-se por todparte contra o obstáculo do produtor, que, como possuidor de suas próprias condiçõesde trabalho, enriquece a si mesmo por seu trabalho, e não ao capitalista. A contradiçãodesses dois sistemas econômicos diametralmente opostos se efetiva aqui, de maneiraprática, na luta entre eles. Onde o capitalista é respaldado pelo poder da metrópole,ele procura eliminar à força o modo de produção e apropriação fundado no trabalhopróprio. O mesmo interesse que, na metrópole, leva o sicofanta do capital, oeconomista político, a tratar teoricamente o modo de produção capitalista com baseem seu oposto, leva-o aqui

to make a clean breast of it

[a falar sinceramente] e aproclamar em alto e bom som a antítese entre os dois modos de produção. Para tanto,ele demonstra como o desenvolvimento da força produtiva social do trabalho, acooperação, a divisão do trabalho, a aplicação da maquinaria em larga escala etc. sãoimpossíveis sem a expropriação dos trabalhadores e a correspondente metamorfose deseus

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