A conquista da América, a questão do outro, Todorov
Por: Salezio.Francisco • 17/8/2018 • 755 Palavras (4 Páginas) • 452 Visualizações
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na ausência de respostas, surge outra pergunta, qual seria o substrato do seu egocentrismo? De seu desdém para com os povos originários, recusando-os quaisquer vestígios de humanidade ou cultura, atingindo seu ápice ao rejeitar reconhecer que os índios possuíam sua própria linguagem, a exteriorização máxima de uma cultura. A resposta talvez possa ser encontrada na visão eurocêntrica ou na ausência desses povos nas sagradas escrituras, invalidando a possibilidade de possuírem alma e por tanto serem seres bestializados.
Essa abordagem, atribuída ao dualismo que Colombo conferia aos índios, fazia voltar à tona todo o seu desvirtuamento e sua hermenêutica, taxando os índios exclusivamente como bons ou maus, desprezando completamente o contexto das situações vividas e seus reflexos, assim como a lógica da alteridade, que revela-se incompatível a esse dualismo, por ser demasiadamente simplista e ignorar a magnitude da cultura alheia.
Como consideração final, acho prudente remeter-se ao próprio título da obra, “a questão do outro” e a questão da alteridade, um dos principais focos do autor, que sob essa perspectiva, mostra-se extremamente sensível e consciente, reafirmando em diversas vezes no decorrer da obra, que a alteridade ou o fato de ser altero, não implica em colocar-se no lugar do outro, subjugando sua própria identidade, mas sim em reconhecer o outro como seu semelhante, mesmo sendo diferente mas com uma identidade própria e autêntica. O que implica diretamente na distinção entre o verdadeiro amor e o que eu chamei de “egoísmo filantrópico” ou o que o autor chama de “amor projetado pelo eu”. Por fim, considero que o subproduto desta obra expresse de forma clara e legítima que o que aconteceu na América, após a chegada dos europeus, não represente em nenhuma instância a missão imcumbida por Deus, e sim a iminência da inaptidão humana de exercê-la.
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