Paisagem Urbana e Rural
Por: Lidieisa • 24/1/2018 • 2.920 Palavras (12 Páginas) • 476 Visualizações
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Então o livro didático sempre presente na exposição do conteúdo é utilizado como único recurso didático pelos professores ao qual tive a oportunidade de acompanhar, pois segundo Callai (2013, p.42), “o livro didático é, sem dúvida, uma possibilidade para democratizar o acesso ao conhecimento, e como tal uma poderosa ferramenta para construção da cidadania.” Onde o professor acaba tornando-se dependente do modelo pronto, buscando o conteúdo apenas no livro didático ocultando assim os conflitos existentes na sociedade.
Porém é necessário que o professor utilize de outros recursos para ministrar sua aula, na tentativa de não se tornar preso somente ao recurso do livro didático, buscando sempre informações que possam ser expostas aos alunos para atrair o interesse deles no conteúdo de geografia, pois a geografia em sala de aula é vista pelos alunos como a pior disciplina. Assim cabe ao professor se crítico reflexivo, pois:
Um processo de reflexão crítica permitiria aos professores avançar num processo de transformação da prática pedagógica mediante sua própria transformação como intelectuais críticos; isto requer a tomada de consciência dos valores e significados ideológicos implícitos nas atuações docentes e nas instituições, e uma ação transformadora dirigida a eliminar a irracionalidade e a injustiça existentes nestas instituições. (CONTRERAS, 1977).
Dessa forma o conhecimento seria um processo contínuo de construção, havendo assim uma maior interação entre o professor e o aluno, fazendo com que a aula seja mais atrativa fazendo com que os próprios alunos tragam para a aula o conhecimento deles adquiridos pela vivência, então:
O conhecimento adquire e tem sentido na medida em que nos toca existencialmente. Indicamos que conhecer implica, por conta do próprio processo, uma ação política calcada no compromisso ético-político para com a sociedade. O conhecimento é essencialmente o processo de uma atividade política que deve conduzir o sujeito que o produz a um compromisso de transformação radical da sociedade, e se ele tem algo a dizer é justamente isto: conduzir-nos a uma ação comprometida eticamente com as classes excluídas para que possam lançar mão deste referencial como exigência de mudança, emancipação e cidadania. (GHEDIN; PIMENTA. 2012).
Tendo em vista que cabe ao professor a função de tornar seus alunos cidadãos, transmitindo o conhecimento, cabe também aos órgãos governamentais valorizar o trabalho do professor, disponibilizando recursos para melhor atender os alunos e também qualificando os professores, pois a grande desmotivação por parte dos professores vem da desvalorização da sua profissão. Tornando então as aulas, não somente as de geografia, metódicas e tecnicistas. Onde o governo impõe os conteúdos para formar mão de obra, acuando os professores que se vêem sem saída.
O ensino de Geografia necessita de certas estratégias para atrair a atenção e estimular os alunos, ou seja, correlacionar o livro didático com vídeos educativos, exemplos do cotidiano, exemplificar com músicas,que trazem nas letras a vivencia do cotidiano e apresentar a aula em slides com imagens para melhor compreensão dos estudantes na construção do conhecimento crítico e independente.
Então, através das observações em sala de aula, onde o conhecimento que o professor traz ao aluno é básico e em meio ao conteúdo exposto pela professora, percebi que para os alunos em todas as séries observadas, a paisagem é simplesmente uma imagem bonita de um lugar cheio de coisas boas e encantos, mesmo tendo eles já estudado sobre a paisagem, identifiquei algumas dúvidas, assim optei em fazer minha regência no 7º ano do ensino fundamental II, onde a categoria geográfica paisagem era pouco compreendida por muitos alunos, vendo essa dificuldade e o desinteresse dos mesmos, optei em fazer aulas mais dinâmicas, que proporcionaria diversão no desenvolvimento das aulas e assim conseguiria prender a atenção dos alunos.
Sendo então a paisagem fundamental no processo de educação geográfica, pois é através dela que o aluno consegue perceber a realidade socioespacial vivenciada por ele, então o que é paisagem? É tudo aquilo que nós enxergamos,
Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc. Nossa visão depende da localização em que se está, se no chão, em um andar baixo ou alto de um edifício, num miradouro estratégico, num avião... A paisagem toma escalas diferentes e assoma diversamente aos nossos olhos, segundo onde estejamos, ampliando-se quanto mais se sobe em altura, porque desse modo desaparecem ou se atenuam os obstáculos à visão, e o horizonte vislumbrado não se rompe.(SANTOS, 1988, p.21-22).
Dessa forma a paisagem pode ser paisagem natural, formada pelos rios, florestas, montanhas, segundo Santos (1988, p.23) “paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo esforço humano”, e a paisagem humanizada é aquela cujo houve a intervenção do homem no processo de habitação do espaço, como diz Santos (1988, p. 23) “A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem”. Assim as fazendas que os alunos vêem como paisagem natural, não é natural, mas sim uma paisagem humanizada, pois houve a apropriação do espaço pelo homem, desmatando o espaço para o plantio de seus alimentos, construção de sua casa e outros.
Os alunos vêem paisagem com um olhar diferente dos geógrafos, a paisagem geográfica abrange como citado acima por Santos (1988) além da visão, o paladar, o olfato, os sons, sendo ela também relacionada com a produção, com o consumo. A paisagem está em constante mudança, assim:
A paisagem não é dada para todo o sempre, é objeto de mudança. É um resultado de adições e subtrações sucessivas. É uma espécie de marca da história do trabalho, das técnicas. Por isso, ela própria é parcialmente trabalho morto, já que é formada por elementos naturais e artificiais. A natureza natural não é trabalho. Já o seu oposto, a natureza artificial, resulta de trabalho vivo sobre trabalho morto. Quando a quantidade de técnica é grande sobre a natureza, o trabalho se dá sobre o trabalho. É o caso das cidades, sobretudo as grandes. As casas, a rua, os rios canalizados, o metrô etc., são resultados do trabalho corporificado em objetos culturais. Não faz mal repetir: suscetível a mudanças irregulares ao longo do tempo, a paisagem é um conjunto de formas heterogêneas, de idades diferentes, pedaços de tempos históricos
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