A Fragmentação territorial do sudeste do Pará
Por: Rodrigo.Claudino • 26/11/2018 • 3.639 Palavras (15 Páginas) • 286 Visualizações
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Por fim, analisaremos como a população participa da principal atividade econômica do município de Parauapebas que é a mineração. Buscando saber se realmente este setor é o que mais emprega comparando com outros setores como o comercio e a prestação de serviços. Também será exposta a arrecadação os Royalties mostrando como o crescimento desordenado, e uma má distribuição de renda geram violência, saúde de péssima qualidade, entre outros.
Formação Territorial.
O município de Parauapebas está localizado no Sudeste do Estado do Pará, aproximadamente 700 quilômetros da Capital (Belém), tendo limites com os municípios de Marabá, Curionópolis, Canaã dos Carajás e Água Azul do Norte, constituindo hoje o município de maior dinamicidade econômica e demográfica da microrregião que também leva o nome de Parauapebas (Silva, 2004).
Para compreender a fragmentação territorial da região sudeste Paraense faz-se necessário uma breve explanação a cerca dos diversos processos exploratórios ocorridos na mesma. Optamos por um recorte espaço temporal a parti da década 1960-70, onde a mesma passou de uma atividade extrativista (Castanha-do-Pará) para uma eminentemente mineradora. A exploração do caucho e posterior o da Castanha tornaram-se responsáveis em parte pelo processo de surgimento de vilas e povoados processo que se intensificou com a atividade de mineração (Silva, 2004).
Figura 1: Mapa de localização do município de Parauapebas-PA. [pic 1]
Fonte: Fadesp (2012).
O Município de Marabá, por exemplo, deu origem a diversos municípios Parauapebas, Eldorado dos Carajás. Curionópolis, Canaâ do Carajás e Água azul do norte (Silva, 2004). Essa fragmentação, muitas vezes não parte das necessidades de uma população local e sim de interesses políticos e do grande capital visando um melhor uso e gestão do território. Vê-se a adoção de uma pratica neoliberal por parte do governo, e uma capitalização do território e consequentemente dos recursos minerais. Essa relação se reflete no arranjo espacial como exemplo Parauapebas enquanto município criado através da Lei nº 9.443/88, de 10 de maio de 1988 (Silva, 2004).
Essa relação de poder se materializa até mesmo na configuração urbana: o planejamento de dois núcleos urbanos na época de implantação do Projeto de ferro Carajás o 1º que abrigaria os engenheiros envolvidos diretamente na extração do minério se situava no topo da serra próximo a mina e foi dotada de uma infraestrutura e padronização das cidades modernas, é o chamado núcleo urbano de Carajás e o 2º no sopé da serra uma espécie de cidade relais (Ab’Saber, 2004), isto, é serviria como um centro secundário de apoio.
O núcleo urbano de Carajás formou a parte da cidade planejada pela empresa, e como tal, difere-se do entorno pelas condições dos equipamentos urbanos. Contudo, mesmo antes da instalação do grande projeto, alguns povoados já vinham surgindo no entorno da exploração dos recursos naturais da região. O município de Parauapebas “já demonstrava, em seus arredores, sinais de um acelerado crescimento urbano desordenado” (SILVA, 2000: 69).
No ano de 1981 surge o povoado do Rio Verde (primeiro bairro de Parauapebas), localizado às margens da rodovia PA-275, a origem desse bairro está ligada ao nome de uma fazenda que ali existia e que foi “invadida” por migrantes, posteriormente, essas terras foram doadas pelo INCRA. Com o surgimento de “boates” o povoado foi vinculado como área de prostituição, que visava atender os desejos dos garimpeiros (PEREIRA, 2007).
Dinâmica populacional.
A partir da dinâmica populacional, podemos analisar a configuração espacial e o processo de urbanização no município de Parauapebas. No entanto, é necessário entender que desde a década de 1970 a Amazônia, região na qual o município aqui analisado está inserido, vem recebendo um significativo contingente populacional.
A explicação para essa intensa mobilidade populacional está ligada aos interesses do Estado principalmente no governo militar (1964) de ocupar essa região e integrá-la com as demais regiões do país. No entanto, outro sujeito se faz presente neste processo, é o capital tanto nacional como internacional em busca de sua reprodução, e encontra nessa região através de incentivos governamentais uma rica fonte de matérias primas, e a mão de obra se faz necessária. A abertura de estradas e rodovias como a Belém – Brasília, Cuiabá -Santarém, Transamazônica, entre outras, os projetos de colonização e a descoberta de jazidas minerais especificamente no sudeste paraense, torna-se um atrativo populacional.
Segundo Santos (2006) os anos de 1968 a 1988 é o período da ocorrência das migrações que ocuparam decisivamente o território do sudeste paraense. Diante disto, com a instalação do PGC (Projeto Grande Carajás) comandado pela empresa Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) para exploração da mina de ferro, o município de Parauapebas passa a se constituir uma fronteira econômica tendo na extração mineral a principal atividade econômica. Com isso, o município tornou-se um pólo de atração de mão de obra, recebendo pessoas de vários lugares, principalmente do nordeste a procura de emprego e de uma melhor qualidade de vida.
Percebe-se com isso que Parauapebas é marcado por uma intensa corrente migratória em decorrência da indústria da mineração que constitui o principal fator atrativo populacional, com isso a cada dia o município vem recendo migrantes como podemos analisar na tabela abaixo que mostra a evolução da população de 1991/2010.
Tabela 1: Evolução da população urbana e rural em Parauapebas
Anos
Urbana
Rural
Total
Urbanização (%)
1991
27.443
25.892
53.335
51,45
1996
38.842
24.721
63.563
61,11
2000
59.239
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