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Três Causas de Infelicidade de Bertrand Russel (da “Conquista da Felicidade”)

Por:   •  25/4/2018  •  2.454 Palavras (10 Páginas)  •  330 Visualizações

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- O invejoso provoca infelicidade aos outros e a si mesmo. Sofre constantemente com o que os outros têm e ele não tem. Preocupa-se tanto em privar os outros dos seus proveitos (“(o invejoso) torna-se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excecional”) que acaba por se esquecer de si e das suas verdadeiras qualidades. É destruído pela inveja. Perde cada vez mais de si ao longo do tempo.

- “O hábito de pensar em termos de comparação é um hábito fatal”. Devemos aceitar os nossos méritos e desenvolver novos méritos e qualidades ao longo do tempo. Podemos para isso observar o comportamento e os méritos e talentos de outra pessoa, em tom de comparação, e a partir disto “copiar as partes boas” de cada indivíduo. No entanto torna-se fatal quando se transforma num hábito ou quando se começa a pensar que nunca se irá alcançar os objectivos (a pessoa modelo é terrivelmente melhor que nós e não a conseguimos alcançar). Vivemos num mundo em que se dá a ilusão de conhecer muito bem a vida e a conduta de várias pessoas (celebridades). Supõe-se conhecer, através da imprensa, os vários méritos de uma pessoa. Muitas vezes, conclui-se que, na realidade, muitos desses méritos não existem e que eram apenas uma fachada. Neste caso invejava-se alguém que não existe.

A fadiga é uma das causas da inveja. Então, se queremos diminuir a inveja, devemos diminuir a fadiga. Um dos remédios para a inveja é a disciplina mental, ou seja, “ o hábito de não alimentar pensamentos inúteis”. A felicidade pode obter-se através de um conjunto de várias coisas (saúde, boa família, conhecimento, bom emprego,…). Afinal, existirá algo mais invejável do que a felicidade?

No livro é dito também que as crianças devem ser ensinadas, desde muito cedo, a gostar de si mesmas e a considerarem-se boas pessoas. Devem aprender a valorizar o que têm em vez de se compararem umas às outras. É algo que deve ser incutido no pensamento das pessoas durante o seu desenvolvimento para evitar problemas no futuro.

É necessário contentarmo-nos com o que temos e não fazer comparações sistemáticas e desnecessárias. Se assim for, todas as pessoas “esperam alcançar o primeiro prémio da competição” da vida, e cada uma, porque estima a sua vida e os seus méritos e vantagens, julga que o conseguiu.

- A Mania da Perseguição

Este é o tema do terceiro e último capítulo do livro. É descrito de que maneira a mania da perseguição, não como forma de loucura mas de uma forma mais moderada, interfere no caminho para a felicidade e ajuda-nos a combatê-la. Neste texto é retratado outro problema do ser humano: o indivíduo exige que o considerem, “ao contrário do resto da humanidade”, uma pessoa sem defeitos. Esta difícil exigência, muitas vezes, não se concretiza. Então, este facto “evidente” é tomado “demasiado a sério” por várias pessoas. Ora, algumas pessoas sentem que são constantemente vítimas de “ingratidão”, “má vontade, e “traição” e insistem na mania da perseguição. Esta é uma grande barreira para a felicidade. A pessoa que sofre desta inquietação acredita que a comunidade inteira está contra ela. Sente-se o centro das atenções quando muitas vezes as outras pessoas estão ocupadas consigo mesmas e nem sequer se lembram dela.

- A pessoa inclinada para a mania da perseguição não tem uma vida calma, assente uma alegria sã e serena. É impossível ser feliz se não nos sentirmos confortáveis na sociedade em que vivemos. A verdade é que muita gente diz mal de muita gente. O problema é que não passa pela cabeça do acusador que, da mesma forma que ele diz mal de muita gente, outros dizem mal dele. Exigimos de todo e qualquer humano que sinta o amor e respeito por nós próprios que nós sentimos. Sentimo-nos perseguidos pela má fortuna e traídos pelos nossos semelhantes. Bertrand Russel dá o exemplo de que se a todos fosse dado o poder de ler os pensamentos dos outros aconteceriam duas coisas:

- Primeiro, toda a amizade desapareceria. No final desta fase, a maior parte das pessoas perceberia que, afinal, não são tão perfeitas como pensavam.

- Depois, porque um mundo sem amigos é intolerável, as pessoas poderiam aprender a amar-se umas às outras sem se considerarem, cada uma delas, perfeitas.

A verdade é que ninguém é perfeito. Temos então, de adotar um modo de vida que se aproxime cada vez mais desse arquétipo ou modelo ideal que proporcione uma vivência feliz a cada um de nós e a todos em nosso redor.

- A mania da perseguição é sempre originada “pela exagerada opinião que se tem dos próprios méritos”, segundo B. Russel. O autor dá diversos exemplos que proporcionam uma melhor compreensão desta parte do texto. É verdade que já existiram génios não reconhecidos. Para esses é dado um incentivo para persistir no seu caminho. No entanto esta ideia de os outros estão todos errados e ele certo nem sempre se verifica. Uma “pessoa sem talento, inchada de vaidade” não deve continuar o seu caminho. É importante saber distinguir estes dois tipos de pessoas, embora seja difícil. Muitas vezes é necessário admitir que a nossa aptidão não é tão grande como pensávamos. Se não o fizermos, a exagerada opinião que temos de nós próprios pode tornar-se um desvio no nosso caminho para a felicidade. Fazer aquilo pode ser doloroso mas, como é uma dor que acaba, permite-nos ter depois uma vida feliz e serena, novamente junto dos nossos amigos.

O autor apresenta quatro máximas que nos podem ajudar a perder a mania da perseguição:

- “Lembrai-vos que os vossos desígnios não são sempre tão altruístas como vos parecem.”

- “Não avalieis exageradamente os vossos próprios méritos.”

- “Não espereis que os outros se interessem tanto por vós como vós próprios:”

- “Não imagineis que a maior parte das pessoas pense suficientemente em vós para ter algum especial desejo em vos perseguir.”

Todas estas máximas devem ser respeitadas não só para evitar a mania da perseguição, como também para poder ter uma vida feliz e em paz com as pessoas que nos rodeiam.

Em suma, é importante perceber que nós somos os responsáveis em tornar a nossa vida feliz, assente numa alegria sã e serena. Penso que é correto dizer que estas três causas estão, de alguma maneira, relacionadas. Segundo o que Osho escreveu na sua obra “Lead Kindly Light”, a felicidade não está nas coisas externas. Está dentro de nós

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