Arquitetura da felicidade

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Se olharmos o Largo do Paissandú sob as lentes do mito fundador, enxergaremos como vítimas as pessoas que ali habitam numa condição de marginalização e pobreza. Essas pessoas, que tem a rua como sua morada, são o resultado de um longo processo de exclusão e preconceito por parte da população. No início da pesquisa do nosso projeto, nos deparamos com uma grande resistência por parte de alguns colegas a interagirem com o centro, principalmente por serem influenciados por gerações anteriores que nutrem um conceito deturpado do local, onde uma suposta violência se faz presente como a principal empecilho. Concluímos assim que muitos relacionam, instantaneamente, pobreza e marginalização como sinônimos de violência, quando na verdade o fenômeno ocorre inversamente: é a violência com que a cidade se constitui - sob o ponto de vista imobiliário, do dinheiro, da corrupção, da competição – que coloca essas pessoas à margem desse sistema.

Sendo assim, com o nosso projeto buscamos justamente corrigir a percepção da população que passa pelo Largo do Paissandú tanto sob o aspecto do mito fundador como do Não-Lugares. Esperamos que a partir de três principais conceitos - OCUPAÇÃO, INTERAÇÃO e INTEGRAÇÃO – os que passam ali possam experimentar e modificar aquele espaço e, consequentemente, também analisar e perceber o espaço e sua história sob um ponto de vista individual utilizando de seu próprio repertório. Tendo em vista o grande potencial do Paissandú e toda sua história, é claro que o contato aprofundado será muito prazeroso para todos aqueles que, mesmo que indiretamente, participam de seu cotidiano.