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Resenha da Genealogia da Moral relacionada com o filme Marcas da Violência

Por:   •  19/10/2018  •  1.181 Palavras (5 Páginas)  •  472 Visualizações

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Carl Fogarty e Richie Cusack representam na trama, elementos fundamentais para a compreensão desse processo. Ambos representam o que Nietzsche coloca com muita astúcia a escravidão momentãnea do afeto e da cobiça. Após o rompimento de Joey Cusack com ambos, através de formas distintas de violência, eles ficam aprisionados a uma forma de ser/agir no espaço/tempo. As categorias que Nietzsche coloca como felicidade, jovialidade e esperança não se manifestam em Carl Fogarty e Richie Cusack.

O ressentimento prevalece perante o esquecimento.

Quanto pior “de memória” a humanidade, tanto mais terrível o aspecto de seus costumes; em especial a dureza das leis penais nos dá uma medida do esforço que lhe custou vencer o esquecimento e manter presentes, nesses escravos momentâneos do afeto e da cobiça, algumas elementares exigências do convívio social.

Nietzsche, Genealogia da Moral, segunda dissertação, pg 31

A tentativa de colocar a humanidade de Tom Stall/Joey Cusack em xeque na trama, parte justamente daqueles que não reconhecem a sua própria humanidade (Carl Fogarty e Richie Cusack). Eles representam a descrença completa na transformação do indivíduo, pois de alguma forma não acreditam na sua própria transformação. A escravidão do momento traumático, do passado, do rancôr, do afeto e da cobiça leva eles a tentarem romper com esse indivíduo da forma mais violenta possível para encerrar essa eterna paralização no passado. Ambos irão atentar a vida de Tom Stall/Joey Cusack.

Pode-se mesmo dizer que em toda parte onde, na vida de um homem e de um povo, existem ainda solenidade, gravidade, segredo, cores sombrias, persiste algo do terror com que outrora se prometia, se empenhava a palavra, se jurava: é o passado, o mais distante, duro, profundo passado, que nos alcança e que reflui dentro de nós, quando nos tornamos “sérios”. Jamais deixou de haver sangue, martírio e sacrifício, quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória; os mais horrendos sacrifícios e penhores (entre eles o sacrifício dos primogênitos), as mais repugnantes mutilações (as castrações, por exemplo), os mais cruéis rituais de todos os cultos religiosos (todas as religiões são, no seu nível mais profundo, sistemas de crueldades) — tudo isso tem origem naquele instinto

que divisou na dor o mais poderoso auxiliar da mnemônica.

Nietzsche, Genealogia da Moral, segunda dissertação, pg 31

E mesmo que de forma relutante e atônica, são aqueles que ainda possuem e acreditam na própria humanidade (Edie Stall, Jack Stall e Sarah Stall) que olham a todo momento para Tom Stall na busca dela. A proteção realizada de diversas formas, seja através do rompimento com a própria moral (no caso de Jack Stall quando mata para salvar o pai), seja através de Sarah Stall que toma a iniciativa de acolher o pai a mesa no fim da trama mesmo após todos os traumas que ele submeteu a família e também através da própria esposa que busca realizar o exercício do esquecimento de modo voluntário, intencional.

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