NOÇÕES PRELIMINARES Á MAIÊUTICA SOCRÁTICA
Por: Jose.Nascimento • 21/11/2018 • 3.957 Palavras (16 Páginas) • 299 Visualizações
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Nos diálogos de Sócrates, o reconhecimento da própria ignorância era parte essencial para se chegar à apreensão da Idéia e á construção de conceitos. Era necessário mostrar seus interlocutores o quanto estavam errados em seus “pré-conceitos” e “pré-juízos”. Num primeiro momento, Sócrates fazia a sondagem daquilo que se pretendia saber em relação ao assunto em questão. Através de perguntas Sócrates conduzia o diálogo ate o ponto em que o outro ficava embaraçado por ver seus conceitos derrubados um a um. Sócrates dizia que, a filosofia é mais que uma doutrina, é uma forma certa de caminhar em direção a saída do erro e da ignorância. É a luz para clarear as coisas obscuras, a filosofia é o que vai fazer o homem ter noção do bem e do mal na busca da verdade. Considerando a ignorância como um vício e o conhecimento como virtude. Deve-se ter em mente o amor que Sócrates tinha a sua cidade e ele desejava preparar seus discípulos para a vida política da cidade onde vivia, ele não queria formar sábios queria formar homens capazes de interrogar e questionar, para que assim pudesse levantar os problemas da cidade. Pouco se escreveu sobre Sócrates e o que se escreveu sobre ele às vezes se confunde com idéias platônicas, e esse problema deve-se ao fato de ele não ter deixado nada escrito, dos filósofos que escreveram sobre Sócrates cada um escreve de acordo com seu modo de pensar e suas idéias, cada um descreve Sócrates de um ponto de vista diferente e da ênfase ao que eles acham importantes, alguns nem tiveram um contato com Sócrates, escreveram em cima de algo já registrado, porem, a melhor forma de entender as idéias de Sócrates é através dos relatos de Platão que foi quem mais escreveu sobre ele pelo fato de conhecê-lo bem, tornando assim mais verídicos seus escritos, embora as vezes se confunde as idéias platônicas e as idéias socráticas.
“Aristófanes caracteriza um Sócrates que, como vimos, não é de sua ultima maturidade. Na maior parte de seus diálogos, Platão idealiza Sócrates e o faz porta voz também de suas próprias doutrinas: Desse modo, é dificílimo estabelecer o que é efetivamente de Sócrates nesses textos e o que, ao contrario, representa repensamentos e reelaborações de Platão. Em seus escritos socráticos, Xenofonte apresenta um Sócrates de dimensões reduzidas, com traços que às vezes limitam-se ate mesmo com a banalidade (certamente, seria impossível que os atenienses tivessem motivos para condenar a morte um homem como Sócrates descrito por Xenofonte). Aristóteles só fala de Sócrates ocasionalmente. Entretanto suas afirmações são consideradas objetivas. Mas Aristóteles não foi contemporâneo de Sócrates: Certamente, ele pode ter documentado sobre o que registra, mas faltou-lhe o contato direto com a personagem, contato que, no caso de Sócrates, revela-se insubstituível. Por fim, vários socráticos, fundadores das chamadas “escolas socráticas muito menores”, deixaram pouco sobre ele, lançando luz apenas sobre um aspecto parcial de Sócrates”. (REALE Giovane.1990.p.86).
Nos diálogos platônicos, que relata a atuação de Sócrates, nenhum chega a uma solução definitiva: todos se interrompem dando a entender que é preciso continuar perguntando, para encontrar dificuldades através destas perguntas. Novos desafios e mistérios, na ultima definição dada que o assunto nunca esgota. Este método esta sempre presente nos diálogos socráticos escritos por Platão.
Os sofistas ficaram desconcertados diante de tal complexa construção socrática e muito se contradiziam na tentativa de refutá-lo. Sócrates, que era considerado por muitos um sofista, foi de encontro aos mesmos criticando a superficialidade de sua retórica sem conteúdo, e com isso ganhou muitos inimigos (REALE.1990.p.101).
Por causa dos seus questionamentos e por ser um homem que exercia em Atenas uma influência muito grande, Sócrates passou a ser odiado a ponto de ser acusado de corromper a juventude e de não acreditar nos Deuses da cidade, sendo levado a júri e condenado.
Foi proposto a Sócrates uma fuga, mas como já era de se esperar ele recusou, pois pretendia dar com sua morte um testemunho que viesse fortalecer ainda mais seus ensinamentos, pois para quem passou a vida toda ensinando a justiça e o respeito pela lei não podia ele da mesma fugir. Aos setenta anos Sócrates sentia-se plenamente realizado, pois acreditava que havia cumprido com êxito sua missão, pois foi fiel aos seus ensinamentos ate a sua execução no ano de 399 a.C. E até em suas ultimas palavras Sócrates incitava seus discípulos a investigação como retrata Abbagnano em seu livro.
“Se tiverdes cuidado com vós próprios, qualquer coisa que façais serme-á grata, bem como aos meus e a vós mesmos, ainda que agora não vos empenheis em nada. Mas pelo contrário não vos preocupardes com vós próprios e não quiserdes viver de maneira conforme aquilo que agora e no passado vos tenha dito, fazer-me agora e no passado vos tenha dito, fazer-me agora muitas e solenes promessas de nada servirá”. (Fed.,115b).(ABBAGNANO NICOLA.pag.108).
Após esta introdução a vida de Sócrates e seu contexto histórico vamos ver como ele desenvolve seus pensamentos e seus questionamentos através do desenvolvimento de seus Métodos.
3 OS MÉTODOS SOCRÁTICO
3.1 A Dialética
O Método dialético de Sócrates está ligado a sua descoberta da essência do homem como alma (psyché) e tendo o modo consciente a despojar a alma da ilusão do saber, curando a alma a fim de torná-la idônea a receber a verdade. Como sistema de ensinamento usava o diálogo em sintonia com a razão para levar o interlocutor ao encontro da sua alma, fundamentalmente de natureza ética e educativa. Na dialética, Sócrates propõe um exame da alma para que possa ser feita uma prestação de contas da própria vida, ou seja, um exame moral, isso destacava bem seus contemporâneos. Como podemos ver no testemunho Platônico “quem quer que esteja próximo a Sócrates e, em contato com ele, ponha-se a raciocinar, qualquer que seja o assunto tratado, é arrastado pelas espirais do discurso e inevitavelmente forçado a seguir a diante, até ver-se prestando contas de si mesmo, dizendo inclusive de que modo vive e de que modo viveu. E, uma vez que se viu assim, Sócrates não mais o deixa.” (REALE e ANTIRSE.1990.P.96). A dialética de Sócrates tem como objetivos a virtude, convencer o homem de que a alma e o cuidado da alma é um bem máximo para o homem, purificar a alma provando-a profundamente com perguntas e respostas e também para libertar a alma dos erros e levá-la a verdade. Através do Diálogo
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