INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Por: Rodrigo.Claudino • 18/9/2018 • 2.700 Palavras (11 Páginas) • 298 Visualizações
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1.2 Discurso de Pausânias
O segundo a discursar nega o discurso do anterior e afirma que existem dois tipos de Eros e que a apenas um deve-se dirigir as homenagens. Segundo ele, existe o amor vulgar e o celeste, relata que nem todo Eros é belo e traz coisas boas, mas se torna dotado de beleza quando encaminha para o que é belo e louvável. Diz que o amor vulgar se realiza por acaso e é o com ele que os homens inferiores amam, estes que por sua vez amam mais o corpo do que o espirito, apenas dirigidos pela concupiscência, portanto esse amor resulta efeitos que dependem do acaso, podendo ser bons e maus. Ao ver de Pausânias o amor celeste retrata o amor para a vida toda entre amantes com maturidade, pois assim impediria que gastassem tempo e esforço com algo incerto. A partir dessa análise ele afirma que os amantes vulgares tornaram o amor desonesto, fazendo com que seja considerado feio, por muitos, fazer favores aos amantes, essas pessoas se baseiam na imoralidade do amor vulgar, pois quando tem como característica a moral e é celestial não há nenhuma repreensão. Acredita, por fim, que a o amor não é simples, que as coisas não são boas nem más, depende de com que modo serão feitas e que é perfeitamente honroso entregar-se em nome da virtude.
No livro Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis aborda um amor que ao ver de Pausânias seria considerado como um amor vulgar ao retratar o relacionamento de Marcela com Brás, uma relação pautada no interesse, o livro apesar de ser do Romantismo, traz temas corriqueiros e tem traços realistas, Brás Cubas é a representação do burguês brasileiro, destituído de otimismo, o qual suas relações são dotadas de jogos de interesse, o que, de fato, é muito comum atualmente e que tem base no individualismo que está em ascensão no mundo moderno, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, que abrange no conceito de modernidade liquida, citando a volubilidade das relações modernas entre os indivíduos, relações essas que são priorizam o corpo ao invés da alma.
1.3 Discurso de Erixímaco
O terceiro a discursar, acrescenta que o anterior não soube dar uma conclusão adequada a seu discurso. Erixímaco, por ser médico, faz o seu discurso baseados nos seus conhecimentos, afirma que não é apenas nas almas dos homens que o Eros se estabelece, ele se estende através do corpo e sobre todos os seres, vê a existência de um eros bom e um ruim, o bom é o que promove o bem estar. Relata que Eros é um grande e admirável deus, que exerce domínio sobre todas as coisas. Traz a reflexão que a medicina é a ciência do amor e que um bom médico é aquele que consegue estremar o bom do mau amor, ou seja, que elimina um amor existente quando faz mal. O médico consiste em provocar o nascimento da amizade entre os maiores contrários, da o exemplo do frio e do quente, do doce e do amargo. Demonstra com convicção que a medicina é dependente desse deus, além disso, faz uma menção a Heráclito e afirma que a harmonia resulta de coisas que antes eram contrárias e depois se unem, pois a harmonia resulta de elementos opostos que concordam entre si. Em seu discurso também faz uma analogia entre a medicina e a música, chegando através desse fato à conclusão de que ela também é uma ciência do amor. Afirma que ao amor vulgar deve-se haver uma desfrutação com cautela para que não se torne exagerado e patológico, afim de que as pessoas devam gozar dos seus prazeres sem adoecerem e através disso reafirma que deve-se respeitar os dois Eros. Por fim, chega à conclusão de que o amor é multiforme e imenso, principalmente quando há uma busca pelo bem através da sabedoria e da justiça.
Tomando como base o discurso de Erixímaco, cabe analisar que o amor não exerce apenas influência nas almas, ele dá harmonia ao corpo e que essa é a finalidade de um bom médico. Ao relatar que o amor é fruto de um consenso de coisas contrárias, pode-se fazer uma alusão ao que Aristóteles aborda em Ética a Nicômaco quando aborda o conceito das medianas das paixões, que tem como objetivo sempre buscar o equilíbrio para que as coisas sejam harmônicas, pois segundo o filósofo o amor é baseado em virtude, Erixímaco afirma que o homem pode consentir ao prazer mas não deve ser corrompido por ele buscando a harmonia, que nesse contexto seria a mediana da paixões de Aristóteles.
1.4 Discurso de Aristófanes
O quarto a discursar, mostra indignação ao afirmar que os indivíduos ignoram o poder do Eros, que segundo ele é o maior amigo dos homens. Retrata um mito ao falar da natureza humana, aborda um tempo diferente em que existiam três sexos humanos – não apenas o masculino e feminino – o outro era composto dos dois primeiros, que eram dotados de órgãos duplos, mas que por castigo dos deuses, por possuírem uma natureza audaciosa e tentarem atacá-los, foram separados em duas metades, assim, cada uma das metades passou a procurar a outra, que quando se encontravam se entrelaçavam num desejo de se unirem novamente. Segundo ele, a partir daí se origina o amor, que se resume a busca da antiga natureza, fazer de dois um só e só assim encontrar-se-ia a felicidade. Por fim conclui-se que para Aristófanes o Eros é um anseio, uma busca metafísica do homem pela totalidade do ser.
Em seu discurso, Aristófanes aborda o tema do homossexualismo tendo como base a divisão dos seres, podendo observar a partir disso que é um tema abordado desde a antiguidade e explicado por mitos, contudo, até hoje ainda existe certo tabu em relação a este assunto. Ele retrata, sem preconceito, pois não exclui as outras formas de amor existentes, que essas relações não existem por imprudência e sim por coragem e virilidade, aborda também o contexto histórico em que o homem na Grécia era criado para ser servidor do estado e procriar para que o exército obtivesse mais soldados, pois eram obrigados pela opinião publica a se casarem, mas também cita que homens nessa condição seriam sempre pederastas, pois sempre amariam o que a eles é semelhante. A partir dessa observação, pode-se perceber que, embora o contexto histórico tenha mudado, nos dias atuais o mundo ainda impõe uma forma de vida, aos que por ele é considerado a divisão dos sexos masculino e feminino, mas que hoje é ,principalmente, disseminado pela religião e não pelo estado em si que buscava o beneficio próprio.
1.5 Discurso de Agáton
O quinto a discursar, fechando essa primeira parte, critica os que o precederam e diz ser necessário primeiro tratar da natureza do deus para depois falar de seus benefícios como os outros haviam feito,
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