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A vida e obra de Heghel

Por:   •  1/11/2018  •  8.558 Palavras (35 Páginas)  •  416 Visualizações

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Este breve intróito ao pensamento político hegeliano traz uma singela colaboração na leitura da filosofia social de Hegel. Como instrumento propedêutico, torna-se um subsídio para o leitor adentrar no sistema filosófico criado por ele. Nossa pretensão é trazer a lume uma visão inicial desse sistema, possibilitando maior e melhor aproveitamento da leitura e compreensão da doutrina existente. Hegel construiu um sistema filosófico auto-suficiente, que tem como característica essencial o desenvolvimento de um método dialético que propõe estudar a realidade, para compreender e expressar a situação real do mundo.

Hegel afirma que este conjunto ética e Estado - professa alguma verdade que outrora, reconhecida como o desenvolvimento das leis, a moral pública e os sistemas religiosos, desde o desenvolvimento do direito se encaminharam ao progresso que tem alcançado. Mas também, a limitação que o direito impõe ao indivíduo é reconhecido como contrária à liberdade, uma vez que este último exorta o sujeito a agir de acordo com o que estiver pré-estabelecido. Mas ainda assim homem é livre, somente na medida em que prossegue dentro do que estiver reconhecido de aceitado - na realidade singular que a autodeterminação o conduz. Esta idéia de liberdade, forma um papel fundamental no desenvolvimento do direito individual, e o homem, considerado como substância ética da sociedade civil, somente desenvolve todo seu dever em face da liberdade.

Liberdade é um conceito absoluto em Hegel, com o mesmo fim da autoconsciência que se determina a moldar e trabalhar o conteúdo da sua vontade. Temos que o mundo ético (sendo o Estado, a razão) é resultante do elemento da autoconsciência, não tem a mesma sorte de ter a base da razão que lhe garanta como força, potência. O universo espiritual corresponde ao mundo do acaso e do capricho da vontade divina, abandonado por deus.

Traremos um brevíssimo apontamento histórico, fatos que podem ter influenciado Hegel em seus escritos políticos. Cumpre-nos, inicialmente, situar Hegel dentro do panorama histórico-filosófico de sua época para que possamos ter uma visão contextualiza da importância de sua obra. Como data inicial tomaremos 1770, ano de seu nascimento Stuttgart/Alemanha. Aos 18 anos iniciou teologia. Em 1801 tornou-se professor de filosofia na universidade de Jena, publicando lá a Fenomenologia do Espírito (1807) e a Ciência da Lógica (1812-1816). Ainda como professor agora em Heidelberg publicou a enciclopédia das ciências filosóficas (1817). Como professor na universidade de Berlim, publicou sua Filosofia do Direito (1829). Faleceu e 1831, com obras póstumas resultado de sua docência em Berlim: Estética, Filosofia da Religião, História da Filosofia e Filosofia da História. "Viveu intensamente os momentos políticos de seu tempo, daí ter quando sua reflexão para direito e constituição. Deixou assim um escrito sobre a constituição alemã."

Hegel estudou no seminário de Tubinga com o poeta Friedrich Hölderlin e o filósofo Friedrich Wilhelm Schelling. Os três estiveram atentos (embora muitas vezes discordassem[3]) ao desenvolvimento da Revolução Francesa e colaboraram em uma crítica das filosofias idealistas de Immanuel Kant e de seu seguidor, Johann Fichte.

Depois de ter se tornado tutor em Berna e em Frankfurt, Hegel começou a lecionar na Universidade de Jena, onde permaneceu de 1801 a 1806. Após a vitória de Napoleão, Hegel abandonou Jena e se tornou "professor das ciências filosóficas preparatórias" do Ginásio de Nuremberg em 1808, sendo seu reitor em 1809. Em 1816 ocupou uma cátedra na Universidade de Heidelberg. Sucedeu a Fiche como professor de filosofia na Universidade de Berlim em 1818, posto que ocupou até sua morte.

Estudou gramática até dezoito anos, enquanto estudante, fez uma vasta coleção de extratos de autores clássicos, artigos de jornal, trechos de manuais e tratados usados na época.

A primeira e a mais importante das obras maiores de Hegel é sua Fenomenologia do Espírito. Em vida, Hegel ainda viu publicada a Enciclopédia das Ciências Filosóficas, a Ciência da Lógica, e os Princípios (Elementos da Filosofia do Direito). Várias outras obras sobre filosofia da história, religião, estética e história da filosofia foram compiladas a partir de anotações feitas por seus estudantes, tendo sido publicadas postumamente.

Filósofo da totalidade, do saber absoluto, do fim da história, da dedução de toda a realidade a partir do conceito, da identidade que não concebe espaço para o contingente, para a diferença; filósofo do estado prussiano, que hipostasiou o Estado - todas essas são algumas das recepções da filosofia de Hegel na contemporaneidade. É difícil dizer até que ponto essas qualificações são justas para com a filosofia hegeliana.

Ademais, as obras de Hegel possuem a fama de serem difíceis, devido à amplitude dos temas que pretendem abarcar. Diz a anedota (possivelmente verdadeira) que, quando saiu a tradução francesa da Fenomenologia do Espírito, muitos estudiosos alemães foram tentar estudar a Fenomenologia pela tradução francesa, para "ver se entendiam melhor" o árido texto hegeliano.(A) O fato é que sua filosofia é realmente difícil, embora isso não se deva necessariamente a uma confusão na escrita. Afinal, Hegel era crítico das filosofias claras e distintas, uma vez que, para ele, o negativo era constitutivo da ontologia. Neste sentido, a clareza não seria adequada para conceituar o objeto. Introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo mesmo, chamado geralmente dialética: uma progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior.

Gonçal Mayos examina a evolução da dialética da periodização da história:[4] Hegel mudou o seu ideal grego juvenil e, gradualmente, vê a realização do princípio da reconciliação não mais na Revolução francesa, mas na Reforma protestante. A Revolução Francesa, precisamente por sua novidade absoluta, é também absolutamente radical: por um lado, o aumento abrupto da violência que fez falta para realizar a revolução, não pode deixar de ser o que é, e, por outro lado, já consumiu seu oponente. A revolução, por conseguinte, já não pode voltar-se para nada além de seu resultado: a liberdade conquistada com tantas penúrias é consumida por um brutal Reinado do Terror. A história, não obstante, progride aprendendo com seus erros: somente depois desta experiência, e precisamente por causa dela, pode-se postular a existência de um Estado constitucional de cidadãos livres, que consagra tanto o poder organizador benévolo (supostamente)

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