A Epistemologia do Pensamento Complexo
Por: Kleber.Oliveira • 5/1/2018 • 3.318 Palavras (14 Páginas) • 508 Visualizações
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Segundo: situa-se no nível das ideias. Certo, as ideias gerais são vazias de conceito definidor, mas a recusa das ideias gerais é em si mesmo ainda mais vazia. As ideias gerais não podem ser banidas e terminam por reinar às cegas no mundo especializado. O que é interessante é que há ideias gerais ocultas no próprio conhecimento científico. Isto não é um mal, nem uma deformidade, eles têm uma função motriz e produtora. Acrescento, o cientista mais especializado tem ideias sobre a verdade, tem ideias sobre a relação entre o racional e o real, tem ideias ontológicas sobre a natureza do mundo, sobre a realidade. Consciente disso, é preciso olhar para as próprias ideias gerais, tentar colocar em comunicação saberes específicos e suas ideias gerais.
Não pretendo triunfar na missão impossível de tornar possível haver uma reorganização e um desenvolvimento do conhecimento, chega um dado momento em que algo muda e o que era impossível mostra-se possível. O bipedismo parecia impossível ais quadrupedes.
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A história de Ícaro ou o inventor do que hoje conhecemos por avião. Após muitos Ícaros, cada vez mais evoluídos, houve i primeiro avião e hoje o A380 corta nossos céus, algo inimaginável, que beira a loucura. Portanto, não debochemos dos Ícaros de espírito. Limitemo-nos a ignorá-los.
Abordagem da complexidade
Osso duro!
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Complexidade, para mim, é o desafio, não a resposta. Estou em busca de uma possibilidade de pensar através da complicação, através das incertezas e através das contradições.
Em segundo lugar, a simplificação é necessária, mas deve ser relativizada eu aceito a redução consciente de que ela é redução, não a redução arrogante que acredita possuir a verdade, atrás da aparente multiplicidade e complexidade das coisas, complexidade é a união da simplicidade, com a complexidade; união dos processos de simplificação que são: seleção, hierarquização, separação, redução, com os outros contraprocessos que são a comunicação, a articulação que foi dissociada e distinguido; alternação entre o pensar redutor que só vê os elementos e o pensar global que só vê o todo.
Pascal dizia: “Considero impossível conhecer as partes enquanto partes sem conhecer o todo, mas não considero menos impossível a possibilidade de conhecer o todo sem conhecer singularmente as partes”. Os vaivéns desta afirmação correm o risco de gerar um círculo vicioso, mas podem constituir um circuito produtivo no desenvolvimento do pensamento. J P Dupuy me acreditava buscando o ideal de um pensamento soberano que englobasse tudo. Ao contrário, coloco-me do ponto de vista da enfermidade congênita do conhecimento, aceito a contradição e a incerteza; mas, ao mesmo tempo, a consciência desta enfermidade me pede para lutar ativamente contra a mutilação.
Hoje acrescento à complexidade que esta não é apenas a união da complexidade e da não-complexidade (simplificação); a complexidade está no coração da relação entre o simples e o complexo é ao mesmo tempo antagônica e complementar.
Bachelar dizia: “Só existe ciência no oculto”. Ora, ao procurar o invisível, encontra-se por trás do mundo das aparências e dos fenômenos , o mundo invisível das leis que, juntas, constituem a ordem do mundo, na filosofia hinduísta, o mundo das aparências de maya.
O verdadeiro problema, voltarei a isto, é que esse mundo é nosso mundo e que no mundo invisível, não é a ordem soberana que existe, é uma outra coisa. Essa outra coisa é indicada pela física Quântica, pela física einsteiniana.
A experiência de Aspect: no plano da complexidade, por trás das aparências não há complexidade, nem simplicidade, nem ordem, nem desordem, nem organização. Há quem reconsidere as ideias taoístas sobre o vazio insondável considerado como a única e fundamental realidade.
Para mim a ideia fundamental, a essência do mundo é a complexidade dialógica ordem/desordem,/organização, por trás da complexidade, a ordem e a desordem se dissolvem, as distinções se diluem. A metafísica por trás da ideia de ordem havia duas coisas: Pitágoras nos mostrou que os números são a realidade última; Descartes e Newton expunham que uma inteligência é o fundamento do mundo. Então, se retirar a inteligência divina e a magia dos números o que resta? Leis? Uma mecânica cósmica autossuficiente? Será a verdadeira natureza? A esta frágil visão oponho a ideia da complexidade.
Estou totalmente de acordo em aceitar a complexidade como princípio do pensamento que considera o mundo, e não como o princípio revelador da essência do mundo.
A complexidade não é um fundamento. É o principal regulador que não perde de vista a realidade no qual estamos e que constitui nosso mundo.
O desenvolvimento da ciência
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Me refiro a ciência clássica, ela progrediu porque ela era de fato complexa. E é complexa porque há uma luta, um antagonismo entre seu princípio de rivalidade, de conflito de ideias ou teorias e seu princípio de unanimidade, de aceitação da regra de verificação e argumentação. Se baseia ao mesmo tempo no consenso e no conflito, se move sob quatro patas: racionalidade, empirismo, imaginação e verificação. Há conflito permanente entre racionalismo e empirismo. Há uma complementariedade conflitual entre a verificação e a imaginação. A complexidade da ciência é presença do não-científico no científico, o que não anula o científico; toda a ciência moderna se assemelha a uma empresa muito complexa segundo Max Weber.
A propósito da redução, o jogo é muito mais sutil do que parece, pois conquistar a redução faz gerar nova complexificação. Exemplo: a biologia molecular ela anunciava a vitória dos reducionistas sobre os vitalistas, já que se mostrava que não há matéria viva, mas sistemas vivos. Popper nos mostra que é necessário reintroduzir toda a história do cosmos; para poder reduzir o biológico ao químico, será preciso refazer toda a história da matéria viva, a constituição das partículas, a constituição dos astros, os átomos, o átomo de carbono. Eu acrescentei que o reducionismo biológico para seu preço ao introduzir noções que não estavam previstas neste programa reducionista; então, o desenvolvimento da ciência segue este princípio espantoso: nunca encontramos o que procuramos; Eu acrescento reduzir
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