Obras de Michel Gondry - Módulo VideoClipe
Por: Lidieisa • 19/2/2018 • 1.633 Palavras (7 Páginas) • 326 Visualizações
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- Filme
Em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Gondry busca abordar questões clássicas de forma surpreendente e inovadora, misturando o surreal e o comum em narrativas temporalmente fragmentadas. Um encontro ideal de mentes inventivas e compulsivas.
O filme retrata a vida amorosa de Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet). Um casal que logo no inicio da trama, procura meios um tanto quanto incomuns, de se apagarem da mente um do outro. A saída é um tratamento experimental da Lacuna Inc. que com um método invasivo, cria um mapa de recordações no cérebro e as apaga enquanto o paciente dorme.
A primeira característica destacada é a utilização de Flash Forwards, que mostra uma cena antecipada, ocorrida posteriormente ao presente da ação. Como no início do filme o reencontro do casal que seria no caso uma parte do final do filme.
Durante a história, é exigido esforço do espectador para que tudo faça sentido na primeira vez, e tal complexidade funciona como um convite a assistir ao filme inúmeras vezes, a fim de descobrir o que foi perdido. Enquanto o filme acompanha as memórias de Joel de trás para frente, o núcleo narrativo dos profissionais da Lacuna Inc. trata de manter o filme numa estrutura linear convencional, mantendo dois núcleos dramáticos com linhas temporais opostas.
No filme, Gondry aplica esse teor high-tech e a ironia dos equipamentos usados para “o apagar das memórias” como os arquivos em papel, fitas cassete, gravadores e toda essa linguagem que nos remete aos Sistemas operacionais dos Jogos Atari. Ele também se distancia desse subgênero fazendo um questionamento à realidade quando utiliza tecnologia e recursos digitais dando vida aquele mundo incorporado pelas mídias digitais.
Essas informações e cenas de apresentação e reconhecimento são típicas de ficção científica e libera o diretor para usar efeitos visuais com esse feeling naturalista, como os sumiços de Clementine das recordações de Joel, os rostos borrados e as transições surrealistas, por exemplo, Joel saindo de um cômodo para outro que revela ser o interior da livraria onde Clementine trabalhava.
Durante o filme, o protagonista se arrepende de apagar todas as memórias e decide lutar para que fique pelo menos uma lembrança de sua amada e do amor vivido. Nesse momento o filme ganha outro ritmo, dando um fluxo de consciência ao personagem que começa a buscar refúgio nas lembranças de sua infância, mas apesar de seus esforços, as memórias são apagadas uma a uma e fica somente um sussurro de Clementine marcando um lugar para o reencontro.
O filme conta com diversos planos-sequências que mostram a interpolação de memórias sobre o fim da relação do casal, criando cenas de fluxo de consciência dentro do plano.
O filme conta também com cenários surreais, fantásticos e que são essências para contar a história. Técnicas visuais são usadas para ilustrar a destruição das memórias de Joel, algumas bastante sutis outras mais explicitas e dramáticas que retratam esse desaparecimento.
Gondry não abusa dos recursos videoclipados, mas sim usa em conjunto com a narrativa do filme, ao retratar no inconsciente de Joel truques de câmera e a construção de um mundo com várias possibilidades. No mundo real diegético em paralelo, não existe movimentos bruscos de câmera e elementos surreais, ajudando na veracidade da trama.
Diante de todo o trabalho realizado por Gondry no território do clipe, Brilho Eterno de uma mente sem lembranças é uma obra sem acabamento, um cinema que se comporta como algo mais inteligente do que é efetivamente um “Instante de gênio cinematográfico”. Assim como seu filme, que aparenta estar ainda em construção, Michel Gondry realiza a viagem pela técnica e pela arte, procura o caminho e a solução para o desaparecimento de um modo de pensar e produzir imagens. Enquanto seus vídeos são geniais, sua proposta cinematográfica se mantém até o momento apenas interessante, mas Gondry é um inegável instante fulgurante de uma já longa história do homem com uma câmera, um artista que procura lidar com a nova e amnésia plateia, ansiosa em ter de volta uma sensação perdida: o amor incondicional pelas imagens em movimento. (Rezende, 2005 pág 44).
- Videoclipes x Filme
The Chemical Brothers – Let Forever Be
No clipe, dirigido por Gondry, a protagonista se multiplica em sete versões idênticas, movendo-se em um infinito jogo de perspectivas. Os cortes entre as cenas são feitos por meio de efeitos especiais digitais, o que dá a sensação de continuidade. Com isso, a sensação é de que a protagonista não sabe mais se está na realidade ou no sonho, confundindo-se entre suas múltiplas personalidades no espaço e no tempo. Da mesma maneira, Joel no filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças viaja através de suas memórias dentro do espaço-tempo, também utilizando o plano sequência constantemente.
The White Stripes – The Denial Twist
Neste videoclipe, Gondry utiliza diversas ilusões de ótica utilizando salas de Ames e perspectiva forçada, desta maneira modificando o tamanho de Jack e Meg White dentro do plano sequência do vídeo, fazendo com que apareçam altos e magros, baixos e largos, e também modificando os cenários de fundo para criar efeitos de ilusão. Podemos perceber o uso destas mesmas ilusões óticas no filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, na cena em que Joel se vê na cozinha de sua antiga casa, quando era criança, onde ele aparece pequeno em relação à cozinha e aos móveis, e na cena em que Joel e Clementine estão minúsculos dentro de uma pia.
Foo Fighters - Everlong
Em “Everlong”, podemos perceber uma nítida semelhança entre o videoclipe e o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. O clipe dirigido por Michel Gondry retrata o vocalista Dave e sua esposa saindo
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