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Marina Silva nas Eleições 2014 Segundo as Capas de Revista

Por:   •  5/12/2017  •  2.687 Palavras (11 Páginas)  •  440 Visualizações

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No texto Imagem Pública (2004), Maria Helena Weber nos traz o que Wilson Gomes (1999), chama de “Política da imagem”, que segundo palavras do autor, “transforma a arena política numa competição pela produção de imagens dos atores políticos, pelo controle do modo de sua circulação na esfera pública, pelo seu gerenciamento nos media e pela sua conversão em imagem pública”.

“Como processo, a constituição da imagem pública é mantida como fator vital à visibilidade e reconhecimento de “instituições e sujeitos da política” (partidos, governos, políticos, ideologias, governantes) [...] Trata-se de um processo de construções e desconstruções de verdades, realidades e de legitimidade, tanto de quem fala sobre si próprio, como sobre os próprios espelhos – mídias, espaços, palcos.” (WEBER, Maria H., Imagem Pública, Comunicação e Política: Conceitos e Abordagens, Salvador, p.260, 2004)

Em cenários de disputa de poder, como uma eleição para presidência, esse jogo, feito entre informação, mídia e público, é essencial para quem pretende a vitória. Controlar a forma como se apresenta e do que apresentar é tão importante como controlar a maneira de como o público vai receber e perceber essa informação. Para isso é preciso estar atento a muitas variáveis, pois não existem formulas prontas e exatas quando se trabalha com a mídia e a opinião pública. Sendo assim, é evidente importância de propagandas políticas e governamentais e a construção de discursos precisos que consigam que o ator político deixe clara suas intensões para seu público, a sobrevivência de um líder político no bios midiático[2], dependerá disso.

Marina Presidente?

As edições das revistas Veja, Época, IstoÉ e Carta Capital, publicadas entre 23 e 31 de Agosto de 2014, trazem como capa Marina Silva e colocam em dúvida seu potencial como candidata à presidência.

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Todas as Capas são compostas de maneira muito parecida, trazem a imagem do rosto da candidata, na maioria das vezes olhando para o horizonte, com tons escuros e amenos. A Carta Capital, vai além e com um ponto de interrogação, saindo da cabeça de Marina, ilustra a imagem que está sendo atribuída a ela, em ambas as publicações. Para Gomes (1999, p. 149), “imagens se fazem com ações e com discursos, principalmente, e, além disso, com configurações expressivas que incluem, claro, elementos visuais, ao lado de outros tantos”. Nas manchetes a cima, a imagem de candidata à presidência de Marina Silva é enunciada como uma incógnita, uma dúvida.

Em um discurso, qualquer que seja a natureza, as modalidades do dizer constroem, dão forma, ao que chamaremos de dispositivo de enunciação. Este dispositivo comporta a imagem de quem fala (...), a imagem a quem o discurso é endereçado (...), e a relação entre o enunciador e o destinatário, que é proposta no e pelo discurso. (VERÓN, 2004, p.217-218).

As duas primeiras capas, são constituídas a partir de questionamentos: Marina presidente? E Até onde ela vai? Essa construção cria uma interação entre o enunciador, e aquele que recebe a informação, configurando assim um enunciador pedagógico. Iñiguez (2005) fala que “os discursos refletem a visão de mundo de seu autor e da sociedade em que vivem, ampliando significativamente o entendimento anterior de discurso na forma de enunciação e sucessão de frases”. Desta forma, as duas manchetes utilizam de fatos prévios, para trazer junto à imagem turva da candidata o cenário das eleições, onde ela é colocada como a principal opção na quebra da hegemônica disputa PT-PSDB pela presidência do Brasil.

(...) Marina capturou a imaginação do eleitor socialmente mais liberal, embora seja ela mesma uma pentecostal pra lá de devota, com posições conservadoras sobre aborto, casamento gay, legalização da maconha – bandeiras, em geral, caras aos menos conservadores. (Revista Veja, edição 2388, 27/08/2014, p.67, grifo meu)

O trecho acima, publicado na revista Veja, ilustra o que a manchete da revista IstoÉ revela: A inconsistência do plano de governo da candidata. Quando foi escolhida para entrar no lugar de Eduardo Campos, Marina dividiu opiniões dentro do PSB. A verdade é que ela nunca foi unanimemente deste partido, ela só se filiou em outubro, após não conseguir viabilizar o registro de sua agremiação política, o Rede Sustentabilidade. Os conflitos gerados resultaram em baixas para a candidata e para o partido, o próprio secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, deixou a coordenação da campanha presidencial do partido, afirmando que não participaria da campanha da ex-ministra, já que em suma ela não fazia parte do PSB.

Entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, Marina foi quem liberou o plano de governo mais completo, contendo 242 páginas, o que se tornou um problema para a candidata. A chamada da capa deixa as ideias a cima mais claras:

“Ela sempre teve ideias radicais, posições intolerante e falta de clareza nas propostas. Com sua volta a corrida presidencial, já provoca racha entre os aliados e desperta mais dúvidas e receios do que certeza.” (Revista IstoÉ, edição 2335, 27/08/2014, capa, grifo deles)

O furacão eleitoral

Com o decorrer do período eleitoral a candidata Marina que era tida como uma incerteza, foi ganhando força, o que refletiu na imprensa. No mês de Setembro, as revistas trouxeram em suas capas, representações diferentes da candidata.

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A revista Veja, em sua edição 2389, trouxe uma candidata, que antes desacreditada, começa a se mostrar um problema para os demais candidatos, em especial, a candidata à presidência pelo PT, Dilma Rousseff.

Vilas Boas (1996), ao falar do texto em revistas, ressalta que “cada veículo tem sua maneira de ser, seu estilo sem perder de vista certas regras básicas do estilo jornalístico [...] Numa revista encontramos a fotografia, o design e o texto.” A capa é composta por uma ilustração, onde estão Marina Silva, em seu traje amarelo usado durante os debates, e uma boca vermelha, certamente representando a cor do Partido dos Trabalhadores,

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