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Comunicação e Realidade Brasileira

Por:   •  2/10/2018  •  1.588 Palavras (7 Páginas)  •  377 Visualizações

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Tal raciocínio acabaria por edificar um dos mais problemáticos e discutidos conceitos da contemporaneidade: a “democracia racial.” Embora nunca tenha usado tal termo em seus textos, Freyre intensificou a imagem do “paraíso racial” brasileiro e não tentou corrigi-la em aparições midiáticas subsequentes. Quando perguntado pela revista Veja em 1970, por exemplo, se o Brasil era uma democracia racial perfeita, Freyre replicou:

Perfeita, de modo algum. Agora, que o Brasil é, creio que se pode dizer sem dúvida, a mais avançada democracia racial do mundo de hoje, isto é, a mais avançada nestes caminhos de uma democracia racial. Ainda há, não digo que haja racismo no Brasil, mas ainda há preconceito de raça e de cor entre grupos de brasileiros e entre certos brasileiros individualmente. [7]

Ao romantizar o relacionamento entre o português, a índia e a mulher africana, considerando-o fruto de uma conexão benigna e voluntária e tentando minimizar as barbaridades do período colonial e da escravidão, Gilberto Freyre invisibiliza a hiperssexualização e exploração da mulher e, ao mesmo tempo, involuntariamente ou não, concebe as bases para o crescimento do mito da democracia racial.

Se o Brasil fosse, de fato, o “paraíso racial” sobre o qual a mídia e alguns historiadores se vangloriavam – e ainda se vangloriam –, não teria havido a necessidade, em 1951, de se promulgar a primeira lei contra o preconceito racial do país: a Lei Afonso Arinos, [8] que transformava em contravenção penal qualquer prática resultante de preconceito de raça ou cor. Ainda, a presença do racismo vinha sendo tão palpável na sociedade brasileira que fez-se necessário catalogar o racismo como crime inafiançável e imprescritível na Constituição de 1988, a Constituição cidadã.

Nesse contexto iniciado por Gilberto Freyre, surge a figura de Sérgio Buarque de Holanda, com um viés majoritariamente discordante frente às argumentações expostas em Casa Grande & Senzala. Ao invés de indiciar a mestiçagem brasileira do crime de atraso no país, Holanda defende que os problemas políticos e sociais do Brasil devem ser atribuídos – principalmente – à colonização portuguesa, rejeitando radicalmente a concepção dos portugueses como bons soberanos, e sobre a questão racial, o autor abomina seu conceito biológico e não acredita que o brasileiro seja fruto da mistura de “raças.”

Esta ideia do mito do triângulo racial foi reiterada por Roberto da Matta, que ao discorrer sobre os diferentes conceitos assumidos pela rua, pela casa e pelo trabalho sinaliza os flagelos da sociedade e as verdades sociais que podem ser detectados. Ao falar de um brasil com “b” minúsculo, que ainda sofre influência da hierarquia racial e não se desprendeu da ideia eurocêntrica da nossa colonização, da Matta propõe que na rua é possível encontrar o “racismo à brasileira”:

Quando acreditamos que o Brasil foi feito de negros, brancos e índios, estamos aceitando sem muita crítica a ideia de que esses contingentes humanos se encontraram de modo espontâneo, numa espécie de carnaval social e biológico. Mas nada disso é verdade. O lato contundente de nossa história é que somos um país feito por portugueses brancos e aristocráticos, uma sociedade hierarquizada e que foi formada dentro de um quadro rígido de valores discriminatórios. (...) A mistura de raças foi um modo de esconder a profunda injustiça social contra negros, índios e mulatos, pois, situando no biológico uma questão profundamente social, econômica e política, deixava-se de lado a problemática mais básica da sociedade. [9]

- Perseguiu ideia de Sérgio Buarque

- Homem Cordial

(importância da família – Roberto da Matta)

- Favorece às elites

- Não tinha esse sentido

[2] ROMERO, Sílvio. Machado de Assis: estudo comparativo de literatura brasileira. Campinas: Ed. da Unicamp, 1992. Pg. 132

[3] BOMFIM, Manoel. O Brasil na América, 1929. Capítulo V. Pg. 205

[4] MARTIUS, Von. Revista de História da América, No. 42 (Dez., 1956) Cap. “Como se deve escrever a história do Brasil?” Pg. 442. As bases lançadas por Von Martius iriam, futuramente, configurar-se como objetos de estudo para o desenvolvimento do mito das três raças.

[5] RAEDERS, Georges. D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas), 1938.

[6] Por mais que não seja um texto obrigatório para o trabalho, julguei importante analisa-lo porque Gilberto Freyre foi o precursor da Geração de 30, influenciando diretamente os autores dos textos cobrados na avaliação, principalmente Sérgio Buarque de Holanda e Jessé de Souza.

[7] Trecho de entrevista de Gilberto Freyre publicada na revista Veja de 14 de abril de 1970.

[8] Reportagem O Globo, de 21/10/2013, disponível em: http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/criada-lei-afonso-arinos-primeira-norma-contra-racismo-no-brasil-10477391

[9] DA MATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil?, 1936. Editora Rocco. Pg. 31

- Em "Raízes do Brasil", Sérgio diz que o brasileiro é um homem cordial, significando que este é um homem guiado mais pelo coração que pela razão.]

(Relações familiares - exemplo de Vargas e o "pai dos pobres" - e patrimonialismo [Sérgio Buarque acentuava que nossas raízes familiares comprometiam a formação consequente de uma ordem pública entre nós, pois seus agentes, no exercício de seus cargos, agem como se a população fosse parte do círculo de seus apaniguados.])

(Ser

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