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A representação da cultura popular no programa Esquenta!

Por:   •  24/1/2018  •  2.947 Palavras (12 Páginas)  •  423 Visualizações

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O samba é a principal atração do programa, sendo identificado até mesmo na abertura. Desde o surgimento do programa, Esquenta mostra uma forte ligação com tal estilo musical. A cada domingo, uma escola de samba do Rio de Janeiro era convidada e levava sua bateria, sua velha guarda, sua rainha de bateria e suas passistas para o programa. Atualmente essa dinâmica não prevalece, mas o samba continua como fio condutor do produto em questão. Mas apesar desse foco no samba, o programa ainda conta com a participação de atrações diferentes, de vários ritmos, como funk, forró e MPB

Os bailarinos são diferentes dos programas convencionais. Muito mais participativos e não “profissionais”. Crianças, jovens e adultos compõem o corpo de balé do programa. O Bonde da Madrugada, grupo de dança do Cantagalo (RJ), faz “passinhos” de funk no começo e durante os programas.

O cenário do programa é outro destaque. Diferente do convencional, onde as pessoas ficam em assentos estilo arquibancadas em torno do palco, ou à frente do apresentador. De acordo com o site Memória Globo o estúdio no Projac era utilizado por inteiro pelo programa. O cenário, produzido por Gringo Garcia, e a platéia podiam ser vistos de diferentes ângulos.

O cenário era composto por figuras geométricas em cores vivas e dividia o estúdio com uma arquibancada em forma de arena para 400 pessoas. Rampas e palcos em diversos níveis facilitavam a interação entre Regina Casé e seus convidados. Um desses palcos era destinado a roda de samba liderada por Arlindo Cruz e Leandro Sapucahy, em outro ficava a cozinha e em um plano inferior, um palco para shows onde as atrações musicais se apresentavam (MEMÓRIA..., 2014).

Além disso, o programa sempre contou com um espaço, na parte superior, reservado aos garis do Rio de Janeiro e o cenário sofre algumas modificações dependendo do tema abordado no programa dominical.

O programa se anuncia como um espaço destinado ao desfile da diversidade, com foco central nas periferias. Participantes de diferentes classes sociais, religiões e culturas interagem no palco da atração, orquestradas pela apresentadora Regina Casé que, em todas as edições consideradas, reforçou que o lema da atração é “Xô preconceito!”, seguido de outra expressão também bastante recorrente ao longo dos programas: “Tudo junto e misturado.”

- Regina Casé A voz do popular

Regina Maria Barreto Casé, apresentadora do programa Esquenta, pode ser considerada, através de sua trajetória, um ícone do popular. Carioca nascida em 1954 é filha do ator e diretor de TV Geraldo Casé. Como atriz, Regina Casé participou de programas de humor, novelas, cinemas e peças de teatro. Quanto tinha seus 20 anos de idade, Regina Casé “fundou com Hamilton Vaz Pereira, Jorge Alberto Soares, Luiz Arthur Peixoto e Daniel Dantas o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, que movimentou o cenário cultural carioca na década de 1970” (MEMÓRIA...,2014).

A carreira da atriz começou a ganhar proporções maiores na televisão, e no ano de 1988 ela participou de um dos maiores programas de humor da televisão brasileira a “TV Pirata”. Na década de 1990, Regina Casé conheceu o Dj Marlboro e isso proporcionou um contato maior da atriz com o funk. Ela gravou o “Melô do terror” com Luís Fernando Guimarães, a música foi tema do “Programa Legal”, exibido pelo SBT e apresentado pela dupla supracitada. O programa foi ao ar entre os anos 1991 e 1992 e Regina Casé ganhou o Troféu Imprensa como comediante do ano.

De 1995 a 1998 Regina Casé viajava pelo Brasil para realizar o programa Brasil Legal. O programa era parecido com um documentário, que ia ao ar toda semana. Com o fim do programa, Regina Casé passou a apresentar o Muvuca: um programa que “misturava talk-show e reportagens especiais, unindo pessoas de diferentes universos. Famosos e anônimos eram convidados a participarem juntos do mesmo programa” (MEMÓRIA...,2014). O Muvuca não tinha tema pré-estabelecido e nem roteiro fixo. Tudo variava.

Regina Casé sempre fez sucesso pelas características marcantes. Engraçada, espontânea e desligada de padrões de comportamento e formalidades, a apresentadora se “junta” ao público. Ligada ao popular, a filha de Geraldo Casé foi, em 2002, foi autora e diretora do episódio “Uólce e João Victor” que originou o seriado Cidade dos Homens. O que pode ser um exemplo da ligação da apresentadora do Esquenta com as camadas populares, pois o seriado era interpretado por Darlan Cunha e Douglas Silva (integrante do elenco do Esquenta), no papel 37 de Laranjinha e Acerola, o Cidade dos Homens exibia o dia-a-dia de dois jovens de uma favela carioca.

Central da Periferia foi um programa de auditório do ano de 2006, no qual Regina Casé apresentou, “voltado exclusivamente para a produção cultural das regiões menos favorecidas do país” (MEMÓRIA...,2014).

Pela trajetória de Regina Casé sempre agregada a temas populares, minorias e periferia, sua imagem sempre foi vislumbrada como a representação das minorias, dos menos favorecidos, dos “sem voz”. Para tentar aproximar as classes sociais e estabelecer uma comunicação entre as diversas camadas da sociedade, Regina Casé, em entrevista a revista Raça Brasil, do portal Uol, disse que trabalha há anos “para que possa haver de fato conhecimento e interesse mútuos entre o Brasil que come e o Brasil que tem fome” (REGINA..., 2013). Ainda de acordo com a entrevista, Regina Casé afirmou que não quer mostrar a periferia só para quem faz parte dela, mas porque é justamente contra o gueto. “Eu quero abrir avenidas por dentro da periferia para que a periferia possa tomar conta da cidade e a cidade possa entrar na periferia”, disse a apresentadora durante a entrevista.

Para Regina Casé, retratar o universo popular em seus programas parece ser muito importante, e essa importância foi retratada no programa “Central da Periferia”, que segundo a apresentadora, engloba um pouco de todos os outros programas que ela havia feito. Sobre o programa a apresentadora destaca:

O Central é fruto de todas as coisas que eu vinha fazendo na televisão: como o Brasil total, o Cidade dos homens, os quadros do Fantástico, o Brasil legal. Foi a forma que encontramos de concentrar tudo isso, focando na periferia. Fazemos uma espécie de militância intencional mesmo, onde procuramos descriminalizar o espaço da favela e da periferia, onde a maioria das pessoas só passa com o vidro fechado e com a trava do carro travada e mostrar que, mesmo que dali, 10% da população seja de bandidos, existem outros 90% que têm que ir para

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