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Problemas de investigação sociológica

Por:   •  30/5/2018  •  2.477 Palavras (10 Páginas)  •  278 Visualizações

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Nas nossas sociedades os indivíduos interagem em todos os espaços destinados à socialização e com todos os outros agentes, nas instituições totais existem regras e normas racionais, horários, normas de conduta e, até poderá eventualmente existir uma uniformização do vestuário.

As instituições totais são organizações que isolam grupos de indivíduos do resto da sociedade, com o objectivo de manipular as suas consciências. O edificado apresenta-se com normalidades reconhecíveis, muros altos, gradeamentos electrificados, torres de vigilância, entradas e saídas controladas. Verifica-se o isolamento total do exterior, do mundo, da sociedade.

Distinguem-se através de três características:

1ºdistinção entre o pessoal que trabalha na instituição e os que estão internados; a sua função é o despojamento da própria personalidade; controle das actividades – privação de intimidade;

2º uniformização nas actividades e, por vezes até do vestuário;

3º práticas de actividades diárias, programadas em simultâneo, de modo a evitar a iniciativa própria.

A conduta dos trabalhadores destas instituições para com os internados é rígida, de modo a acentuarem a sua reprovação aos actos por eles cometidos, sentem-se superiores. Existe uma clara distância social entre os dois grupos, existe uma contínua mediação entre ambos.

O autor sublinha que este processo garante dois mundos antagónicos, desenvolve “ dois mundos sociais e culturais diferentes, que caminham juntos com pontos de contacto oficial, mas com pouca interpenetração”.(pág.20). Apesar de partilharem o mesmo espaço e com alguma interacção, as relações de poder são claras e inequívocas, de modo a que cada um saiba exactamente o lugar que lhe pertence. As relações familiares do institucionalizado são afectadas duplamente, face ao próprio e face aos familiares.

Como já foi referido anteriormente, a” mortificação do eu “, enfraquece e profana a identidade do institucionalizado, há como que uma “morte civil”, uma “desfiguração pessoal”, muitas vezes pode ser alvo de exposição aos “pares”. Ao ser igualado, desprovido da identidade que “conhecia” é-lhe atribuída uma nova identidade, um novo “eu”, o “eu” da instituição.

Para Mead, existe um jogo entre o “eu” e o “mim”, onde o controlo do meio social e das atitudes organizadas pretendem as alterações comportamentais do outro. Os efeitos da reintegração nem sempre são satisfatórios, existem os ex-institucionalizados que “recaiem”, por não se reverem no “eu” que foi “fabricado”.

Goffman, nos seus estudos, apresenta dados em como o efeito da acção das instituições sobre o indivíduo é oposto ao que Mead afirmava, isto é de preverem para os indivíduos condições de agir e reagir calcados na reflexão. Por outras palavras, desenvolverem capacidades do self de agir de acordo com a reflexão sobre o papel do outro, dos valores e de si próprio. As instituições totais funcionam com base no controle sobre os indivíduos, através de mecanismos de opressão e de submissão forçada. Mas só atingem estes objectivos de forma parcial, porque o indivíduo, agente, tem a capacidade de adoptar estratégias relacionais, por exemplo a coerção particular ou o intercâmbio social.

Émile Durkheim, defendeu a “funcionalidade do desvio” “para reforçar a consciência colectiva e, deste modo, solicitar a unidade da sociedade”( pág.107). Defende também que as instituições totais podem ser úteis como meio de prevenção da anomia na sociedade, o facto de existirem normas comuns a todos os indivíduos releva ao surgimento de meios de controlo social. Estes meios ou mecanismos de controle social, segundo Durkheim podem ser:

1 – internos directos – manifestam-se como um sentimento de culpa ou embaraço aquando da violação da norma;

2 - internos indirectos – relacionado com questões emocionais e afectivas, bem como o receio de perda desses laços;

3 - externos – diversos tipos de vigilância por parte de determinados indivíduos que têm como objectivo desencorajar a transgressão destas normas.

Parsons, também propõe três tipos de mecanismos de combate ao “desvio”.

1 – isolamento – o desviante afasta-se do grupo sem reabilitação e fica isolado;

2 – afastamento – o contacto entre o desviante e a sociedade é limitado por um determinado período de tempo, até que possa voltar a contactar livremente;

3 – reabilitação- o indivíduo é reintroduzido na sociedade de novo, apenas se apresentar um comportamento expectável face aos padrões e normas porque se rege essa

sociedade.

Também Howard Becker, através da teoria da rotulagem, afirma que” nenhum comportamento é desviante, mas torna-se tal a partir do momento em que ele é assim definido”. Esta análise demonstra como se manifestam as relações de poder numa determinada sociedade. (pág. 106). O crime pode ser um estabilizador da sociedade, segundo Durkheim, pode ter um efeito de regulação indirecta.

Desta forma, para Durkheim, em todas as sociedades modernas devia de existir algum tipo de criminalidade, um certo nível de tensão, que ao ser percepcionado por alguns actores sociais como actos violentos, considerados crimes, seria um acto normal na sociedade.

A grande questão que ressalta, é a forma como o desvio á norma é efectuado e quais as implicações sociais que daí advêm.

As normas, regras, valores que regulam uma determinada sociedade, são imperativas para a vida do indivíduo, as expectativas são recíprocas, entre o indivíduo e os outros, e que orienta as suas práticas.

Mead, refere a construção da identidade social – são as relações sociais e o papel que desempenhamos na sociedade que vão constituir o indivíduo. No desenvolvimento social do indivíduo, este é capaz de perceber as atitudes dos “outros significativos”, são atitudes generalizadas na sociedade. O outro generalizado implica reflexividade entre o indivíduo e a sociedade a que pertence.

O indivíduo comporta-se, em sociedade, de acordo com o que é esperado dele, tendo a consciência de que se quebrar as regras será punido – sancionado, se insultar alguém na rua posso ser alvo de uma sanção negativa (

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