Os Argonautas do pacífico ocidental” de Bronislaw Malinowski
Por: penetra • 27/11/2017 • Resenha • 970 Palavras (4 Páginas) • 429 Visualizações
Antropologia I
Fichamento: Os Argonautas do pacífico ocidental” de Bronislaw Malinowski
Malinowski se propõe a descrever, nessa obra, o fenômeno econômico, de considerável importância teórica, chamado kula. A metodologia por ele utilizada presume exatidão na descrição, por isso compara a metodologia das ciências exatas com as biológicas/geológicas e conclui que ambas não medem esforços para fornecer ao leitor todos os dados e condições nas quais se deu o experimento. Ou seja, um trabalho etnográfico só terá valor científico irrefutável se nos permitir distinguir, de um lado, os resultados da observação direta e das declarações e interpretações nativas e, de outro, as inferências do autor. Nas ciências históricas há maneiras de evidenciar as fontes da pesquisa, na etnografia o autor é seu próprio cronista e historiador; as fontes não estão incorporadas a documentos materiais fixos, mas sim ao comportamento e memória de seres humanos. E além da organização nativa não estar escrita em documentos e leis, também não está na própria opinião dos nativos. Portanto, não adianta fazer perguntas diretas do tipo “como são tratados e punidos os criminosos?”, mas sim observar, quando sucederem incidentes reais, quais são as atitudes tomadas e os comentários gerais de julgamento da situação. A partir disso, é mais fácil levá-los a falar sobre outros casos semelhantes, de outras ocorrências e etc.
Quando Malinowski iniciou sua pesquisa no litoral sul da Nova Guiné, tinha um guia (homem branco) na primeira visita, e só então passou a fazer as visitas sozinho. No início de seu contato, usava o inglês pidgin para se comunicar, que era um inglês simplificado usado como língua franca em diversas regiões do pacífico. Mas relata que há uma sensação desconfortável em utilizá-lo, já que, assim, o nível de detalhamento das conversas era muito reduzido e os moradores brancos do distrito nada sabiam sobre eles, mesmo com os longos anos de contato. Além disso, esses moradores tinham preconceitos e opiniões já sedimentadas sobre os nativos.
Para o autor há três unidades de princípios metodológicos: primeiramente o pesquisador deve possuir objetivos genuinamente científicos e conhecer os valores e critérios da etnografia moderna, o que não significa estar sobrecarregado de idéias pré-concebidas; o pesquisador precisa conhecer bem a teoria científica e estar a par das ultimas descobertas, mas também estar habituado a moldar suas teorias aos fatos e decidir quão relevantes eles são às suas teorias (problematizá-las, mas não mudar seus pontos de vista, mediante algumas evidências, sem hesitar). Em segundo lugar, e Malinowski diz ser o princípio mais elementar dos três, é assegurar boas condições de trabalho e viver entre os nativos, sem depender de outros brancos; é importante ter uma base na residência de um homem branco para casos mais extremos, como doença ou necessidade de refúgio, mas é preciso que essa base seja longe o suficiente para que não se torne residência permanente ou local de distrações momentâneas. Com o passar do tempo, os nativos deixariam de demonstrar alarme ou curiosidade sobre o etnógrafo porque se acostumaram a vê-lo constantemente desde o início do dia, e então passam a aceitá-lo como parte de sua vida ou um mal necessário. Além disso, estando ali o tempo todo, o etnógrafo não precisa se preocupar em perder acontecimentos ou em ter que ir atrás deles, ele sempre se fará presente. O terceiro e último princípio é relacionado a aplicar métodos especiais de coleta, manifestação e registro das evidências, mas Malinowski não se prende muito em detalhar sobre este último.
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